Chacina de gatos em campus da UFPB vira caso de polícia; já são 60 mortes
A chacina de gatos dentro do campus da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa (PB), é cada vez mais preocupante e já virou caso de polícia. Só neste ano, cerca de 60 animais foram mortos na instituição, segundo a Comissão de Direitos e Bem Estar Animal da UFPB -- 22 apenas no período do Carnaval.
A polícia entrou no caso depois que estudantes encontraram cerca de dez gatos mortos próximo ao Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA).
Os animais estão sendo envenenados por uma substância conhecida como "chumbinho", segundo apontou o laudo veterinário da Delegacia de Crimes Ambientais.
Várias testemunhas já foram ouvidas pelo delegado Ragner Magalhães, mas a polícia está com dificuldades de identificar o autor do crime. "Não há câmeras de segurança na UFPB", declarou ele, reforçando que a população deve denunciar pelo número 197. "O sigilo da fonte está resguardado”, disse.
Segundo o delegado, a UFPB passou a ser vista, ao longo dos anos, como um depósito para abandono de animais, o que, por si só, já é um crime ambiental que pode ser punido com detenção de três meses a um ano e multa. "Se houver morte do animal, a pena aumenta de 1/6 a 1/3", disse.
Veneno explosivo
Esta não é a primeira vez que esse tipo de matança acontece na UFPB. Há dois anos, outros 23 gatos morreram nos arredores do curso de odontologia depois de comerem frango contaminado com substância tóxica
A potência do veneno fez os gatos explodirem, segundo laudo emitido pelo Instituto de Polícia Científica da Paraíba (IPC), na época.
“São incontáveis as chacinas de gatos que já ocorreram aqui dentro. É um problema que se estende há 30 anos", disse Francisco José Garcia, vice-presidente da Comissão de Direito e Bem Estar Animal da UFPB.
Para ele, os crimes são premeditados, pois acontecem, geralmente, em feriados prolongados, quando o movimento no campus diminuiu consideravelmente.
Segundo levantamento da comissão, todos os dias animais são mortos – a pauladas ou envenenados – na universidade. E diariamente a população abandona gatos no campus. "É uma situação preocupante", afirmou Garcia:
O cometimento do crime dentro do seio acadêmico nos deixa estarrecidos, porque mostra que o nível de crueldade e insegurança não está ligado ao grau de intelectualidade das pessoas
Ele lembrou que só na Residência Universitária, no período de um mês, cinco gatos foram mortos por envenenamento.
A comissão defende a instalação de câmeras de segurança na área.
Em nota, a UFPB informou que, ao saber do caso, encaminhou de imediato os corpos dos gatos para exame no Hospital Veterinário do Centro de Ciências Agrárias (CCA) e providenciou reforço na vigilância. O sistema de câmeras de segurança estará, em breve, funcionando regularmente em todo o campus I, diz a instituição.
A universidade afirmou ainda que repudia "os crimes ambientais de abandono, maus tratos e violência”.
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