Polícia identifica oito corpos da chacina em MT; um deles era pastor

A Polícia Civil de Mato Grosso identificou oito dos nove mortos na chacina da última quinta-feira (20) em Taquaraçu do Norte, zona rural de Colniza, cidade a mais de 1.000 quilômetros de Cuiabá, capital do Estado. A suspeita é de que os assassinatos tenham sido feitos por capangas de fazendeiros da região. Todas as vítimas eram homens. Uma delas era de Alagoas (nome ainda não identificado), sete de Rondônia e uma de Mato Grosso.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso, um dos homens mortos era pastor da Assembleia de Deus.
A Polícia já sabe que foram quatro homens os responsáveis pela chacina e que as vítimas sofreram tortura. Elas foram assassinadas a golpes de facão e por tiros de uma arma calibre 12.Os policiais que acompanham o caso informaram que os assassinos "entraram e executaram, barraco por barraco, as pessoas que estavam dentro deles", disseram.
Entre as vítimas identificadas estão:
- O pastor Sebastião Ferreira de Souza, 57 anos
- Francisco Chaves da Silva, 56 anos
- Valmir Rangeu do Nascimento, 55 anos
- Aldo Aparecido Carlini, 50 anos
- Izaul Brito dos Santos, 50 anos
- Edson Alves Antunes, 32 anos
- Ezequias Santos de Oliveira, 26 anos
- Samuel Antonio da Cunha, 23 anos
Um nono corpo ainda não foi identificado oficialmente, mas trata-se de Fábio Rodrigues dos Santos, de 37 anos, de acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil. Para finalizar o processo de identificação é preciso ter acesso ao prontuário civil da vítima. Como ele era de Alagoas, o documento ainda será encaminhado para a Politec (Perícia Oficial e Identificação Técnica de Mato Grosso). A previsão é de que o envio seja feito pelo Instituto de Identificação de Maceió nesta segunda-feira (24).
A Politec também coletou material genético de Santos para confirmar a identificação, mas o resultado ainda não ficou pronto.
Todos os corpos já foram liberados. Dos nove, um foi encaminhado para Cerejeiras (RO), três foram para Guariba (MT) e os outros para Colniza (MT).
Os corpos das vítimas foram necropsiados no sábado (22), segundo a Secretaria de Segurança do Estado. Os nove homens foram mortos por tiros ou facadas, de acordo com a Polícia Judiciária Civil do Mato Grosso.
O laudo com a causa da morte tem o prazo de 10 dias para ser enviado ao delegado que está investigando o caso.
Assentamento
As mortes ocorreram numa área próxima a um assentamento na zona rural. Para chegar no local, é preciso usar uma estrada de terra e barcos.
Segundo testemunhas, homens encapuzados invadiram o assentamento por volta das 12h e atiraram nas pessoas que estavam por lá. Dois sobreviventes contaram a policiais que os atiradores estavam encapuzados.
Em nota, o Ministério da Justiça diz que "foi verificado pela Polícia Federal, a partir de informações preliminares, que se trata de evento relacionado a disputa de terras particulares". "Entretanto, a PF acompanha a situação junto à Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso".
Policiais civis e militares ainda investiga a chacina. “Estamos realizando os trabalhos de investigação e de identificação dos corpos em conjunto”, disse o secretário de Segurança, Rogers Jarbas, em nota.
Uma equipe da DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção a Pessoa) irão para região e "ficarão o tempo necessário para trabalhar no caso", confirmou a pasta.
“Estamos mobilizando mais uma equipe da DHPP e especialistas em local de crime da Politec [Polícia Técnica] para auxiliarem na força-tarefa que já está mobilizada na região”, informou o secretário.
Brasil já tem ao menos 19 mortes no campo
Um levantamento feito pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), órgão ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), indica que com a nova chacina o número de assassinatos decorrentes de conflitos no campo subiu para 19 em todo o Brasil.
Segundo informações da CPT, os assassinatos ocorreram em mais cinco Estados, além do Mato Grosso: Alagoas, Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rondônia. Nos quatro primeiros, houve uma morte em cada. Já em Rondônia, foram registradas seis mortes.
*Com informações da Agência Estado
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