Tiroteios no Alemão provocam morte de adolescente e deixam 6.000 alunos sem aula
Há cinco dias, moradores do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, têm registrados intensos tiroteios nas comunidades da região. Na tarde desta segunda-feira (24), quatro pessoas foram baleadas, sendo três PMs e um adolescente de 13 anos. O jovem chegou a receber atendimento médico, passou a última noite internado, mas acabou não resistindo aos ferimentos. A morte dele foi confirmada nesta terça (25).
Por conta dos conflitos, oito colégios e sete unidades de educação infantil da rede municipal suspenderam as atividades. São quase 6.000 alunos sem aula em razão da falta de segurança, segundo a administração municipal. O Bope (Batalhão de Operações Especiais) realizou nesta terça uma operação para reprimir o tráfico de drogas e ainda há risco de tiroteios.
O adolescente baleado na segunda foi identificado pela polícia como Paulo Henrique Oliveira de Morais. Ele foi atingido na barriga por um disparo de arma de fogo em circunstâncias ainda desconhecidas. Suspeita-se que ele tenha sido vítima de bala perdida. A Polícia Civil está apurando os fatos.
Outras três pessoas morreram desde a última sexta-feira (21) no decorrer dos confrontos no Complexo do Alemão. Um deles é o soldado do Exército Bruno de Souza, alvejado dentro de casa, quando estava sentado no sofá. O projétil atingiu a perna da vítima. Já Gustavo Silva, 17, morreu após ter sido baleado a caminho da padaria onde trabalhava. A terceira morte seria a de um suspeito de pertencer ao tráfico de drogas da região, segundo a polícia.
Além disso, três policiais militares foram baleados e estão hospitalizados. O caso mais grave é a de um militar do Bope atingido no rosto e no braço. Ele está internado em estado grave no hospital Getúlio Vargas, na zona norte carioca, de acordo com a corporação. Os outros dois PMs apresentam quadro estável e não correm risco de morrer.
O cenário de conflitos nas comunidades do Alemão teve origem com a tentativa de instalação de uma cabine blindada na favela Nova Brasília, na sexta. No decorrer dos trabalhos, policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) foram atacados a tiros por traficantes de drogas. Desde então, a PM tem feito operações para que a estrutura seja finalmente erguida nos pontos definidos como estratégicos para o combate à criminalidade.
As cabines blindadas, que nada mais são do que torres de observação, são uma alternativa à ocupação feita por homens da UPP em imóveis na comunidade. As casas são usadas como base para operações de repressão ao tráfico. O assunto foi tema de um debate promovido pela Defensoria Pública do Estado na última segunda-feira.
Na ocasião, a defensora pública Lívia Casseres destacou que o principal direito violado, quando os PMs invadem um imóvel, ainda que desocupado, é a inviolabilidade do domicílio e o próprio direito à posse dessas famílias, que não residiam diretamente naquele imóvel, mas tiveram esbulho possessório praticado pelos agentes públicos.
"Uma das recomendações [da Defensoria] é a expedição nos boletins internos da Polícia Militar deixando claro a todos os membros da corporação que a invasão de casas particulares para utilizá-las como base militar não é uma conduta ilícita, com violação dos direitos fundamentais daqueles moradores", disse Lívia. (Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)
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