100 PMs mortos: 4 em cada 10 policiais assassinados reagiram ou foram vítimas de assalto no Rio
A cada dez policiais militares assassinados no Estado do Rio de Janeiro neste ano, quatro perderam a vida em circunstâncias envolvendo suposta ação de assaltantes, segundo levantamento feito pelo UOL com base em dados e informações da PM, Polícia Civil e ONG Rio de Paz. Dos cem PMs assassinados neste ano, 42 casos --já confirmados ou com investigação em andamento-- envolvem policiais abordados por criminosos armados, o que inclui as ocorrências onde houve tentativa de reação por parte do militar.
O levantamento feito pelo UOL também revela que cerca de 60% das mortes aconteceram na Baixada Fluminense (32) e na zona norte da capital fluminense (31) (veja abaixo o mapa das mortes) e que a maioria não estava trabalhando na hora do crime.
A estatística de letalidade policial no ano reúne 53 PMs que estavam de folga, 21 em serviço, cinco que estavam no trajeto casa-trabalho e 21 reformados, da reserva ou licenciados.
O último registro ocorreu no sábado (26), quando o sargento Fábio José Cavalcante e Sá, 39, foi alvejado na frente do pai, em São João de Meriti, cidade da baixada. Ele é o centésimo policial militar morto no RJ em 2017. A marca corresponde a um PM morto a cada 57 horas, isto é, pouco mais de dois dias. Trata-se da maior média desde 2006.
A corporação trata a morte de Fábio Sá como latrocínio (roubo seguido de morte), mas a Polícia Civil também investiga outras hipóteses. De acordo com a primeira análise pericial, a vítima foi baleada mais de dez vezes, sendo que um dos disparos, de fuzil, acertou a cabeça. A dinâmica pode indicar que o crime teria sido premeditado. O caso está sendo apurado pela Divisão de Homicídios.
Dos 42 PMs assassinados em circunstâncias de assalto, de acordo com a suspeita inicial, 29 estavam de folga e dez eram reformados, da reserva ou estavam licenciados. Três estavam a caminho ou voltando do batalhão em dia normal de trabalho.
Além disso, dez foram baleados e mortos porque de alguma forma acabaram sendo reconhecidos como policiais antes, durante ou após a ação criminosa.
Em relação ao total de PMs mortos no ano, seis a cada dez ocorreram em municípios da Baixada Fluminense ou em bairros da zona norte carioca.
Os locais com maior incidência de casos são Nova Iguaçu (Baixada Fluminense), com sete policiais assassinados; Duque de Caxias (também na Baixada Fluminense), com seis; e São Gonçalo (na região metropolitana), com seis.
Cinco corpos carbonizados desde janeiro
Somente neste ano, cinco policiais tiveram seus corpos carbonizados. Um deles, morto em janeiro, foi o do soldado Daniel Cavalcante da Silva, 26, que era lotado na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, zona sul do Rio.
O assassinato de Silva foi um dos mais brutais ocorridos neste ano. Capturado por traficantes, ele ainda teve o corpo esquartejado depois de ser torturado e morto a tiros. Os restos mortais foram encontrados dentro de um carro, em Bangu, zona oeste carioca.
Os outros quatro PMs que tiveram os corpos carbonizados são: o subtenente Cássio Ferreira e o sargento Carlos Elias dos Santos Vasconcellos, em janeiro; o sargento Márcio Leandro do Nascimento Martins, em fevereiro; e o cabo José Ricardo da Silva, em data não informada.
O levantamento feito pelo UOL também constatou que, dos cem casos, apenas duas vítimas não foram mortas a tiros. O primeiro registro é de fevereiro, quando o subtenente Marcos Cezar Vieira Tarradt e a mulher foram mortos a facadas, em casa, durante um suposto latrocínio.
Dois meses depois, o soldado Alex Francisco de Carvalho, lotado na UPP Arará/Mandela, estava em serviço quando foi atropelado por criminosos em fuga, em Manguinhos, zona norte.
Patentes e média de idade
Dos cem PMs mortos neste ano, foi possível determinar a idade de 85 vítimas. A média de idade registrada é de 40,6 anos.
A distribuição de patentes na relação de policiais assassinados revela 34 sargentos, 32 soldados, 19 cabos, 14 subtenentes e um tenente.
O batalhão que perdeu o maior número de homens foi o de Mesquita (20º BPM), onde trabalhavam sete dos cem militares mortos. Já 20 deles eram lotados em UPPs.
O PM mais novo era o soldado Gabriel Brasil Soares, 25, morto a tiros em uma tentativa de assalto, em Magé, Baixada Fluminense, quando estava a caminho do trabalho.
O mais velho era o subtenente reformado Valmir dos Santos Tavares, 70, que foi assassinado a tiros em um assalto, na praça de Jurujuba, em Niterói, região metropolitana.
Colaborou Paula Bianchi, do UOL, no Rio
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