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Conselho de segurança homenageia policiais que mataram 10 suspeitos no Morumbi

Moradores registraram o tiroteio no Morumbi; veja

UOL Notícias

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

06/09/2017 10h09Atualizada em 06/09/2017 10h41

O Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) do Morumbi, zona oeste de São Paulo, emitiu certificados de "mérito", nesta terça-feira (5), aos 13 policiais civis que mataram 10 suspeitos de pertencerem a uma quadrilha especializada em assaltos a casas no bairro, na noite do último domingo (3).

Os policiais homenageados não compareceram à cerimônia para receber os certificados, marcada para a noite de terça, nos fundos do 34º DP (Distrito Policial), na Vila Sônia. "Os policiais não foram, mas as homenagens serão entregues. O Conseg vai ver um jeito de entregar, porque eles são merecedores de todo o apoio", afirmou o presidente do Conseg do Portal do Morumbi, Celso Neves Cavallini.

De acordo com Cavallini, a reunião, inicialmente tinha como objetivo comemorar o aniversário de 24 anos do Conseg, que visa "buscar a redução da criminalidade na região através do trabalho coordenado e articulado entre o poder público e a população".

Consegs são grupos formados por moradores de determinados bairros que se reúnem periodicamente para discutir e acompanhar os problemas de segurança da região. Policiais da área também participam.

Ao todo, o Estado de São Paulo tem 786 conselhos do tipo, sendo 86 na capital. Cada Conseg é homologado pela SSP (Secretaria da Segurança Pública). Para a homologação, é necessária a participação comprovada de dois policiais da área, normalmente o delegado do distrito mais próximo e o comandante da Polícia Militar no bairro. A participação dos moradores é voluntária.

Normalmente, líderes comunitários fazem parte do conselho de segurança do seu bairro. Essas lideranças se reúnem, voluntariamente, para discutir e analisar, planejar e acompanhar a solução de seus problemas comunitários de segurança, além de desenvolver campanhas educativas e estreitar laços de entendimento entre lideranças locais.

04.set.2017 - Criminosos estavam em um Hyundai Santa Fé e um Fiat Toro - Divulgação/Polícia Civil - Divulgação/Polícia Civil
04.set.2017 - Criminosos estavam em um Hyundai Santa Fé e um Fiat Toro
Imagem: Divulgação/Polícia Civil

"Todo ano, a gente homenageia quem ajudou de alguma maneira com a segurança no bairro. Normalmente, são policiais militares, civis, enfim. Eventualmente, ocorreu a ação no domingo e o Conseg entendeu que tinha de homenagear os policiais, porque aqueles criminosos estavam perturbando a vida de todos os moradores", afirmou Cavallini.

Segundo o presidente do conselho do Portal do Morumbi, dos 10 suspeitos, um tinha sido pego roubando na mesma rua há um tempo atrás. "Tudo ladrão velho que costumava roubar lá de final de semana. Estavam de fuzis, ou seja, não estavam para brincadeira. Eles não iriam se entregar. A polícia agiu perfeitamente", disse.

O crime

Segundo a Polícia Civil, os 10 suspeitos foram mortos na noite de domingo (3), após investigação de sete meses. Eles eram especialistas em roubo a mansões de áreas nobres de São Paulo, segundo a polícia, e costumavam agir aos domingos, durante a noite. Com eles, foram apreendidos quatro fuzis, além de pistolas. Quatro policiais ficaram feridos por estilhaços.

Na ação, os 10 foram atingidos por 139 tiros no total. Só um deles foi baleado 33 vezes. Outro levou 27 disparos, sendo 13 deles nas costas. Os tiros também deixaram marcas nos muros das casas, em portões, janelas e em carros de moradores estacionados na rua.

Para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a ação teve "inteligência" e uma "eficiência de Deus". "Quem está de fuzil não está querendo conversar. Eram criminosos fortemente armados, com munição inclusive que nem pode ser utilizada e coletes balísticos", afirmou Alckmin na segunda-feira (4).

Nesta terça (5), ele reafirmou os elogios à operação policial em entrevista à Rádio Bandeirantes. "Carros da polícia foram cravejados de balas. Esse resultado extremamente positivo para a polícia foi resultado de dois meses de acompanhamento e monitoramento intenso, e do número de policiais, porque em uma ação dessas não pode ir com pouca gente. Foram 36 policiais atuando simultâneos e policiais com fuzis", disse.

No entanto, o número de policiais envolvidos informado pelo governador nesta terça-feira não é o mesmo que a Polícia Civil informou em uma coletiva de imprensa realizada na segunda. De acordo com o delegado Ítalo Zaccaro Neto, que atuou na inteligência da polícia no caso, havia quatro policiais em carros descaracterizados na busca pelos criminosos. Quando encontraram, pediram apoio. Ao todo, segundo o delegado, foram 13 policiais contra 10 ladrões armados com quatro fuzis.

"A eficiência vem de Deus, porque estamos do lado do bem e eles, do mal. E nós treinamos. Eles se acham mais fortes do que a polícia da área. Qualquer coisa que aconteça, eles vão para cima", disse Zaccaro Neto.

O caso é investigado por equipes do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), da Polícia Civil. A Anistia Internacional e a Ouvidoria da Polícia de SP cobram investigações sobre o caso. O MP não informou, até a publicação desta reportagem, se um promotor foi designado para acompanhar as investigações.

Na noite de segunda-feira (4), duas mulheres dos suspeitos mortos foram detidas com cerca de R$ 30 mil. Segundo as investigações, o dinheiro teria sido oferecido pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) para o enterro dos 10 homens. O dinheiro foi apreendido e as mulheres, liberadas.