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Polícia e Alckmin elogiam ação que matou 10 no Morumbi: "inteligência" e "eficiência de Deus"

03.set.2017 - Confronto entre policiais civis e integrantes de uma quadrilha terminou com dez suspeitos mortos no Jardim Guedala, região do Morumbi, zona sul da capital - MARCELO GONCALVES/SIGMAPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
03.set.2017 - Confronto entre policiais civis e integrantes de uma quadrilha terminou com dez suspeitos mortos no Jardim Guedala, região do Morumbi, zona sul da capital Imagem: MARCELO GONCALVES/SIGMAPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Luís Adorno e Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

04/09/2017 16h59Atualizada em 05/09/2017 17h02

O delegado Antônio José Pereira, da primeira delegacia de patrimônios do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), classificou como "questão de inteligência" a ação da polícia contra uma quadrilha especializada em assaltos a casas de luxo, ocorrida no domingo (3), no Morumbi, zona oeste da capital. Ao todo, 10 suspeitos foram mortos em troca de tiros com os policiais civis. Quatro dos 13 policiais que participaram da ocorrência ficaram feridos por estilhaços.

"Há cerca de sete meses investigamos os roubos do grupo. Faziam roubos a residências, caixa eletrônico e roubo em geral. Foi mapeado. Foram vários roubos aos finais de semana. Normalmente, aos domingos", disse o delegado durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (4). "Foram vários finais de semana de possível crime em que os agentes estavam na rua atrás do bando. Não sabíamos o local e a data, mas sabíamos os veículos. Até o pessoal do Garra chegar, conseguiram entrar na residência, mas, ao perceber a presença da polícia, reagiram e atiraram", complementou.

De acordo com o delegado Ítalo Zaccaro Neto, que atuou na inteligência da polícia no caso, "a eficiência vem de Deus, porque estamos do lado do bem e eles, do mal. E nós treinamos. Eles se acham mais fortes do que a polícia da área. Qualquer coisa que aconteça, eles vão pra cima", disse ao explicar as 10 mortes no enfrentamento com os 13 policiais.

No momento em que os policiais encontraram os criminosos, havia apenas quatro agentes em dois carros descaracterizados. Foi pedido reforço da equipe do Garra, que demorou entre 10 e 15 minutos para chegar. Segundo a polícia, os suspeitos não tinham ligação com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Entre os 10 suspeitos mortos, havia cinco foragidos da Justiça: Felipe Macedo de Azevedo, vulgo "Miojo", 24, procurado por homicídio e receptação; Mizael Pereira Bastos, o "Sassá", 28, por roubo; Hudson Macedo, o "Neném", 29, por tráfico, receptação e uso de documento falso; Ires da Silva Queiroz, 28, por roubo; e Paulo Alberti Mauriti da Costa, 29, por roubo a casa.

Além deles, foram mortos: Rafael Anunciação dos Santos, 29, com passagem na polícia por roubo; Edmilson José Rocha, 35, e Jeferson Souza de Melo, 33, com passagens por roubo e furto; Paulo Ricardo Sena Matos, 30, com passagens por roubo, formação de quadrilha e resistência; e Rodrigo Kaique Evangelista dos Santos, 18, único sem histórico criminal.

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Segundo Zaccaro Neto, Sassá era o líder do bando. "Era ele quem obtinha as informações sobre as residências. Ele, em particular, não estava envolvido em outros crimes, como explosão de caixas eletrônicos, mas era o cabeça", disse Neto. 

"Só aqui no Deic, havia a confirmação, inclusive com as digitais e imagens de câmeras de segurança, de 20 roubos de residências em que o Sassá estava envolvido", afirmou o delegado. "Só hoje, seis pessoas, vítimas, vieram reconhecê-lo", complementou.

Ainda segundo a Polícia Civil, com os suspeitos, foram apreendidos quatro fuzis, além de pistolas. Todos os armamentos estavam com munição.

"Os investigadores identificaram a atuação do bando, em cerca de 20 assaltos, sempre em bairros nobres como Morumbi, Jardim Europa e condomínios de luxo na Grande São Paulo", informou a polícia. "Na noite de domingo, o grupo invadiu uma casa na rua Puréus, e durante a empreitada criminosa, foram interceptados por policiais civis. Houve resistência por parte dos assaltantes, seguida de intensa troca de tiros", complementou.

O caso será investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). Segundo a polícia, o resgate chegou a ser solicitado, mas os suspeitos não resistiram aos ferimentos no mesmo local do tiroteio.

"Esse é o trabalho que tem que ser feito", diz Alckmin

Durante evento do qual participou na manhã desta segunda-feira em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que "quem está com fuzil não está querendo conversar". Alckmin disse que o Deic vinha fazendo uma investigação sobre o grupo "já há vários meses". 

"[A investigação] teve um papel importante, detectou uma quadrilha fortemente armada, inclusive com fuzis, que já tinha feito outros roubos na capital e também em Indaiatuba (SP). Assaltos a banco, explosão de caixas eletrônicos. A polícia com esse trabalho de inteligência monitorou e fez a intervenção", disse.

Para o governador, "graças a Deus" não houve nenhuma vítima atingida, além dos suspeitos. "Nenhuma vítima foi atingida, nem policiais. Então, esse é o trabalho que tem que se feito, um trabalho de inteligência, para você tirar essas organizações criminosas, principalmente armadas com fuzil", elogiou.

O ouvidor da Polícia de São Paulo, Julio Cesar Neves, informou à reportagem que "causou surpresa 10 mortos em uma ação da Polícia Civil". A ouvidoria é o órgão responsável por fiscalizar a atuação da Polícia Militar e da Polícia Civil.

"É algo que o Ministério Público tem de acompanhar de perto. O que me chama a atenção é que cinco morreram dentro do carro. Como teriam atirado dentro do carro? É algo que precisa ser esclarecido à sociedade", disse.