Rota repete operação para combater criminalidade e coloca 120 policiais nas ruas de SP
O comandante Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, da Rota, tropa de elite da PM (Polícia Militar), voltou a fazer uma operação de grande escala na cidade de São Paulo para combater a criminalidade. Desta vez, às 10h desta terça-feira (12), o tenente-coronel colocou 120 homens do batalhão em ação na zona leste da capital.
A primeira grande operação feita pela nova gestão da Rota, que tem Mello Araújo à frente desde o dia 4 de agosto, ocorre no último dia 23. O comandante colocou 400 policiais do batalhão em todas as regiões da capital paulista para combater a criminalidade. Ao todo, 25 pessoas foram presas e três menores de idade foram apreendidos.
Segundo a Rota, nesta terça-feira a operação ocorre "a fim de baixar os índices criminais". "A Rota irá contar com aproximadamente 120 policiais nessa operação, desencadeando o policiamento ostensivo preventivo, trazendo à população uma maior sensação de segurança", informou a entidade, por meio de nota.
No início da tarde, a Rota informou que descobriu uma refinaria de drogas que distribuía parte da zona leste de capital. No lugar, um homem foi preso. A droga foi apreendida e será pesada no fim do dia para saber quanto havia no local.
Na primeira operação, Mello Araújo avaliou que era importante a presença da polícia na rua, de forma incisiva "para que São Paulo não vire o Rio de Janeiro, com traficante recebendo a população e a polícia com metralhadora". Segundo o comandante, "o criminoso teme a Rota. E tem de continuar temendo".
Um dia depois da operação do mês passado, o UOL publicou uma entrevista exclusiva com o tenente-coronel Mello Araújo, em que ele afirmou: "Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado".
"Da mesma forma, se eu coloco um [policial] da periferia para lidar, falar com a mesma forma, com a mesma linguagem que uma pessoa da periferia fala aqui no Jardins, ele pode estar sendo grosseiro com uma pessoa dos Jardins que está ali, andando", disse.
Após a publicação da entrevista, Mello Araújo tentou relativizar a declaração. Em entrevista à comunicação social da PM, ele afirmou que o que muda na abordagem é a forma de falar durante a conversa.
"A polícia, quando vai fazer uma abordagem, ela precisa fazer a abordagem de forma que facilite para a gente. E, muitas vezes, a gente utiliza a linguagem coloquial, ou seja, para aquele momento, para aquela pessoa, para que ela entenda o que o policial quer, para facilitar o serviço", afirmou.
Operação divide opiniões
A ação do dia 23 de agosto foi independente. O comandante não se comunicou com o secretário da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho, tampouco com o comandante-geral da PM, o coronel Nivaldo Restivo. Após a operação, a pasta e a PM afirmaram ter apoiado a atitude de Mello Araújo.
Em entrevista exclusiva ao UOL, o comandante havia afirmado que era a primeira vez que o batalhão da Rota agia com todos os seus homens (não há mulheres no batalhão em funções de policiamento). Ao todo, seriam 700 policiais, incluindo ele nas ruas. Dois dias depois, a PM informou que o efetivo usado foi de 400 policiais.
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- http://noticias.uol.com.br/enquetes/2017/08/23/voce-acredita-que-a-acao-da-rota-vai-reduzir-a-criminalidade-em-sp.js
Especialistas, no entanto, se dividiram sobre a eficiência da operação, que foi batizada de "Tolerância Zero". "É importante mostrar a presença do Estado na rua, porque isso passa uma sensação de segurança para a população. A operação também é importante porque inibe a prática de delitos. O criminoso que saiu de casa para praticar um crime hoje pode ter visto a polícia e desistido", disse Hugo Tisaka, analista da consultoria de segurança privada NSA Brasil.
Já para Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), "esse tipo de ação mostra que voltamos ao passado em termos de segurança pública em São Paulo". Segundo ele, "no momento em que a política de segurança pública do Estado mostra claros problemas, o governo volta ao velho bordão do populismo paulistano de 'vamos colocar a rota na rua'".
A sugestão de Alcadipani é de que haja ações coordenadas da segurança com outros organismos do Estado para diminuir a criminalidade. "Ações pontuais, sem planejamento e sem uma integração com outras áreas, como assistência social, educação e saúde não vão dar certo. Isso é enxugar gelo e adotar uma ação populista que nada resolve", disse.
Presos pela Rota suspeitos de matar tenente
Policiais da equipe noturna da Rota detiveram quatro suspeitos de terem matado o tenente da PM Marcos Rogério Okada Vieiros, 28, confirmou à reportagem a Polícia Civil. Um dos suspeitos é menor de idade.
Okada foi baleado em uma tentativa de roubo a moto por volta das 19h20 de domingo (10), em Osasco, na Grande SP.
As prisões ocorreram por volta das 5h50 desta terça-feira (12). Os suspeitos foram localizados na Favela do Socó, segundo a Polícia Civil.
Segundo a Rota, um dos detidos confessou o crime e outro disse ter tido participação indireta. O menor, de 15 anos, estaria guardando a arma que foi usada no crime.
Os advogados dos suspeitos não foram localizados pela reportagem.
Procurada, a Secretaria da Segurança não se posicionou sobre o caso até a publicação desta reportagem.
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