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Rota repete operação para combater criminalidade e coloca 120 policiais nas ruas de SP

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

12/09/2017 10h24Atualizada em 12/09/2017 13h54

O comandante Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, da Rota, tropa de elite da PM (Polícia Militar), voltou a fazer uma operação de grande escala na cidade de São Paulo para combater a criminalidade. Desta vez, às 10h desta terça-feira (12), o tenente-coronel colocou 120 homens do batalhão em ação na zona leste da capital.

A primeira grande operação feita pela nova gestão da Rota, que tem Mello Araújo à frente desde o dia 4 de agosto, ocorre no último dia 23. O comandante colocou 400 policiais do batalhão em todas as regiões da capital paulista para combater a criminalidade. Ao todo, 25 pessoas foram presas e três menores de idade foram apreendidos.

Segundo a Rota, nesta terça-feira a operação ocorre "a fim de baixar os índices criminais". "A Rota irá contar com aproximadamente 120 policiais nessa operação, desencadeando o policiamento ostensivo preventivo, trazendo à população uma maior sensação de segurança", informou a entidade, por meio de nota.

No início da tarde, a Rota informou que descobriu uma refinaria de drogas que distribuía parte da zona leste de capital. No lugar, um homem foi preso. A droga foi apreendida e será pesada no fim do dia para saber quanto havia no local.

Na primeira operação, Mello Araújo avaliou que era importante a presença da polícia na rua, de forma incisiva "para que São Paulo não vire o Rio de Janeiro, com traficante recebendo a população e a polícia com metralhadora". Segundo o comandante, "o criminoso teme a Rota. E tem de continuar temendo".

Um dia depois da operação do mês passado, o UOL publicou uma entrevista exclusiva com o tenente-coronel Mello Araújo, em que ele afirmou: "Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado".

"Da mesma forma, se eu coloco um [policial] da periferia para lidar, falar com a mesma forma, com a mesma linguagem que uma pessoa da periferia fala aqui no Jardins, ele pode estar sendo grosseiro com uma pessoa dos Jardins que está ali, andando", disse.

"Abordagem nos Jardins tem de ser diferente da periferia"

UOL Notícias

Após a publicação da entrevista, Mello Araújo tentou relativizar a declaração. Em entrevista à comunicação social da PM, ele afirmou que o que muda na abordagem é a forma de falar durante a conversa. 

"A polícia, quando vai fazer uma abordagem, ela precisa fazer a abordagem de forma que facilite para a gente. E, muitas vezes, a gente utiliza a linguagem coloquial, ou seja, para aquele momento, para aquela pessoa, para que ela entenda o que o policial quer, para facilitar o serviço", afirmou.

Operação divide opiniões

A ação do dia 23 de agosto foi independente. O comandante não se comunicou com o secretário da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho, tampouco com o comandante-geral da PM, o coronel Nivaldo Restivo. Após a operação, a pasta e a PM afirmaram ter apoiado a atitude de Mello Araújo.

Em entrevista exclusiva ao UOL, o comandante havia afirmado que era a primeira vez que o batalhão da Rota agia com todos os seus homens (não há mulheres no batalhão em funções de policiamento). Ao todo, seriam 700 policiais, incluindo ele nas ruas. Dois dias depois, a PM informou que o efetivo usado foi de 400 policiais.

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Especialistas, no entanto, se dividiram sobre a eficiência da operação, que foi batizada de "Tolerância Zero". "É importante mostrar a presença do Estado na rua, porque isso passa uma sensação de segurança para a população. A operação também é importante porque inibe a prática de delitos. O criminoso que saiu de casa para praticar um crime hoje pode ter visto a polícia e desistido", disse Hugo Tisaka, analista da consultoria de segurança privada NSA Brasil.

Já para Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), "esse tipo de ação mostra que voltamos ao passado em termos de segurança pública em São Paulo". Segundo ele, "no momento em que a política de segurança pública do Estado mostra claros problemas, o governo volta ao velho bordão do populismo paulistano de 'vamos colocar a rota na rua'".

A sugestão de Alcadipani é de que haja ações coordenadas da segurança com outros organismos do Estado para diminuir a criminalidade. "Ações pontuais, sem planejamento e sem uma integração com outras áreas, como assistência social, educação e saúde não vão dar certo. Isso é enxugar gelo e adotar uma ação populista que nada resolve", disse.

Presos pela Rota suspeitos de matar tenente

Policiais da equipe noturna da Rota detiveram quatro suspeitos de terem matado o tenente da PM Marcos Rogério Okada Vieiros, 28, confirmou à reportagem a Polícia Civil. Um dos suspeitos é menor de idade.

Okada foi baleado em uma tentativa de roubo a moto por volta das 19h20 de domingo (10), em Osasco, na Grande SP.

12.set.2017 - Arma que teria sido usada para matar o tenente Okada - Divulgação/Comunicação Social Rota - Divulgação/Comunicação Social Rota
12.set.2017 - Arma que teria sido usada para matar o tenente Marcos Okada, 28
Imagem: Divulgação/Comunicação Social Rota

As prisões ocorreram por volta das 5h50 desta terça-feira (12). Os suspeitos foram localizados na Favela do Socó, segundo a Polícia Civil.

Segundo a Rota, um dos detidos confessou o crime e outro disse ter tido participação indireta. O menor, de 15 anos, estaria guardando a arma que foi usada no crime.

Os advogados dos suspeitos não foram localizados pela reportagem.

Procurada, a Secretaria da Segurança não se posicionou sobre o caso até a publicação desta reportagem.