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Defesa deseja boa noite a cada um dos jurados de chacina em SP e irrita promotor

Julgamento da chacina que deixou 23 mortos na periferia de SP em 2015 entra na reta final - GUILHERME RODRIGUES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Julgamento da chacina que deixou 23 mortos na periferia de SP em 2015 entra na reta final Imagem: GUILHERME RODRIGUES/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

21/09/2017 21h06

O comportamento de um advogado de defesa em relação a jurados durante o julgamento de réus pela chacina com 23 vítimas na periferia de São Paulo chamou a atenção do promotor do caso nesta quinta-feira (21). No banco dos réus estão dois policiais militares sob a acusação de matar 17 pessoas, na chacina que deixou mais sete feridos nas cidades de Osasco e Barueri no dia 13 de agosto de 2015. Um guarda civil também está sendo julgado.

O promotor do caso, Marcelo Alexandre de Oliveira, se disse incomodado com o fato de o advogado Nilton Nunes, que defende o policial militar Fabrício Eleutério, ter, ao fim de sua explanação, desejado "boa noite" aos jurados, citando-os nome por nome. Nunes completou a despedida dizendo: "Que possam refletir sobre tudo o que ouviram hoje com calma e que Deus os abençoe".

Oliveira afirma que Nunes pode ter causado sensação de insegurança nos jurados ao citá-los nominalmente e deve levar o caso a debate nesta sexta-feira, quando devem acontecer réplica, a tréplica e decisão final do julgamento. 

"Se ele [Nunes] tiver feito isso de boa fé, é muito ingênuo. Se fez de má-fé, foi provavelmente para amedrontar. E aí é caso de [acionar a] OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]", afirmou Oliveira na saída do júri. "Vou dizer aos jurados amanhã que tenham coragem", disse. 

Nunes afirmou que não infringiu nenhuma lei, tampouco foi antiético. "Não há nenhuma proibição, é normal. Não faltei com a ética em nenhum momento. Foi uma questão de educação", afirma.

Esta sexta (22) será o quinto dia do julgamento da maior chacina do Estado de São Paulo.

Hoje pela manhã, o promotor Oliveira tentou convencer os sete jurados, sendo quatro homens e três mulheres, do envolvimento dos três réus, Fabrício Eleutério, Thiago Henklain e Sérgio Manhanhã, nos homicídios múltiplos.

No período da tarde, foi a vez da defesa falar. Cada advogado teve direito a uma hora para buscar convencer os jurados de que os réus são inocentes. Tomaram a frente do plenário, respectivamente, Evandro Capano (defensor de Henklain), Abelardo da Rocha (Manhanhã) e Nilton Nunes (Eleutério).