Tiroteio na Rocinha fecha Lagoa-Barra e leva pânico a moradores; Exército fará cerco à comunidade
Após sofrer tentativa de invasão por traficantes rivais no domingo (17) e entrar nesta sexta-feira (22) em seu quinto dia com operações policiais, a favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, voltou a registrar confrontos e ataque a policiais na manhã de hoje. Moradores entraram em pânico e, em meio a tiroteio, tentaram se refugiar em passarela. Escolas foram fechadas e cerca de 2.400 estudantes estão sem aula.
O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o secretário de Segurança Pública, Roberto Sá, pediram ao CML (Comando Militar do Leste) a atuação das forças militares na Rocinha. O cerco, autorizado pelo Ministério da Defesa, deve acontecer nas próximas horas, segundo informou o governo do Estado.
Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, 700 homens da Polícia do Exército vão participar do cerco. Ele disse que o Exército pode colocar 10 mil homens no Rio. "Exército não substitui polícia", disse o ministro. "Não liberamos antes porque não houve demanda", afirmou.
Um tiroteio fechou a estrada Lagoa-Barra, nos dois sentidos, da altura do Fashion Mall até a Praça Sibélius. Segundo a Polícia Militar, criminosos atiraram contra policiais próximo ao túnel Zuzu Angel.
Por volta das 10h, a base da UPP, na rua 2, foi atacada. Houve confronto e um morador foi ferido. Ele foi levado para o hospital Miguel Couto, na Gávea. Não há informações sobre o seu estado de saúde.
Em outro ponto, um grupo de menores de idade, segundo a PM, ateou fogo em um ônibus na subida da avenida Niemeyer, em São Conrado. As chamas foram controladas sem ser necessário o acionamento dos bombeiros, segundo a corporação.
Policiais militares fazem buscas para localizar os responsáveis pelo incêndio.
Ainda na manhã de hoje, uma granada foi lançada em direção a uma viatura da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Rocinha na passarela que dá acesso à comunidade. O artefato não explodiu e o Esquadrão Antibomba foi acionado.
Em entrevista na manhã desta sexta, Pezão disse que o reforço militar deve atuar na parte de baixo da comunidade --no acesso às vias expressas-- para "dar tranquilidade às pessoas". "Não vamos recuar", disse ele.
Segundo o governador, na operação policial de ontem, um paiol com muito armamento e drogas foi encontrado. Pezão disse que há indícios fortes de que mais armas serão achadas.
Após os tiroteios, por volta das 11h, policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) iniciaram atuação na Rocinha e agentes do BAC (Batalhão de Ações com Cães), no Vidigal, comunidade vizinha à Rocinha. A Polícia Militar reforçou o cerco à comunidade em todos os seus acessos. Policiais de outras Unidades de Polícia Pacificadora e do Batalhão de Policiamento em Grande Eventos atuam na região. Um veículo blindado dá apoio aos policiais.
Jornalistas que acompanhavam o quinto dia de operação militar foram orientados a se refugiar na 11ª DP durante o tiroteio na manhã desta sexta. Moradores se manifestaram nas redes sociais.
Governo do RJ nega erro de estratégia
O secretário de Segurança Pública do Estado, Roberto Sá, negou erro no planejamento estratégico. Ele também afastou a existência de uma “rixa” entre os governos federal e estadual acerca das decisões na área de segurança no Rio.
Sá afirmou ainda que a situação, segundo autoridades, era de estabilidade até o início da manhã, por isso não acionou as Forças Armadas antes. Ele não quis adiantar a estratégia que será usada no combater ao crime organizado. A cúpula da Segurança e das Forças Armadas está reunida no Centro de Comando e Controle Integrado, na região central, para definir a atuação.
“Informações operacionais são sigilosas. É importante que a população saiba que Estado e União estão juntos no combate à violência. Não se coloca todos os recursos de uma vez. Conforme se der a escalada, vamos empenhando mais recursos”, disse o secretário.
RJ tem quase 4.000 alunos sem aula
Em outra comunidade com UPP, a Dona Marta, em Botafogo, na zona sul carioca, também houve registro de violência. Criminosos atiraram contra policiais durante patrulhamento na manhã de hoje. Segundo a UPP, não houve revide por parte dos agentes, que realizam buscam para prender os suspeitos.
A Secretaria Municipal de Educação informa que unidades escolares no Morro do Queto, em Sampaio, Rocinha, Juramento, Acari e Pavuna não abriram nesta sexta-feira (22) devido a confrontos e operações policiais na região. No total, são seis escolas, quatro creches e três EDIs (Espaços de Desenvolvimento Infantil) na rede municipal fechados. Ao todo, 3.910 alunos sem aulas.
Moradores registraram o intenso tiroteio na manhã desta sexta na Rocinha:
Vídeo divulgado nas redes sociais mostra o intenso tiroteio na Rocinha. #trrocinha pic.twitter.com/
— BandNews FM - Rio (@bandnewsfmrio) 22 de setembro de 2017
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