Rocinha tem todas as escolas abertas pela 1ª vez após 6 dias de cerco militar
A Secretaria Municipal de Educação informou nesta quinta-feira (28) que todas as unidades da rede situadas na região da favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, abriram pela primeira vez desde o cerco militar à favela, feito na última sexta-feira (22) para reprimir uma disputa entre traficantes rivais pelo comando do tráfico de drogas.
No total, seis escolas, duas creches e um EDI (Espaço de Desenvolvimento Infantil) retomaram plenamente as suas atividades, beneficiando 3.344 crianças e adolescentes.
O clima é de trégua na região, mas as forças de segurança continuam no terreno a fim de prender traficantes e apreender armas e drogas. Portanto, ainda há possibilidade de confrontos armados.
Na quarta-feira (27), como mostrou reportagem do UOL, a maioria das unidades da rede municipal já havia sido reaberta. Apenas dois colégios optaram por suspender as aulas, afetando assim 817 estudantes.
Por outro lado, se 100% das crianças e adolescentes puderam retomar hoje a rotina escolar na região da Rocinha, o mesmo não ocorre em outra área da cidade, no Complexo da Maré, zona norte. Devido a uma operação do COE (Comando de Operações Especiais da Polícia Militar) nas comunidades Nova Holanda e Parque União, mais de 14 mil alunos estão sem aulas.
O cerco à Rocinha, iniciado na última sexta (22), foi uma reação do Estado para dar fim a uma briga entre traficantes rivais que deixou ao menos sete mortos desde 17 de setembro. Mais de 1.000 homens da PM e das Forças Armadas e dezenas de tanques do Exército subiram a favela para cessar a disputa e estabilizar a segurança na região depois de praticamente uma semana de tiroteios diários.
Operação para prender chefe do tráfico
A PM realiza nesta quinta-feira (28) uma operação no Complexo da Maré, conjunto de favelas da zona norte carioca, com objetivo de localizar e prender Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, chefe do tráfico na Rocinha. Militares apreenderam uma pistola, um radiotransmissor e materiais para embalar drogas.
Rogério é um dos pivôs da crise de segurança na Rocinha, que teve início no dia 17 deste mês com a tentativa de invasão à comunidade por um grupo de traficantes rivais.
Até o momento, a PM apreendeu dois fuzis M-16, uma pistola, um radiotransmissor e cerca de meia tonelada de drogas. Participam da operação as unidades do COE (Comando de Operações Especiais) --o Bope (Batalhão de Operações Especiais), divisão de elite da Polícia Militar, além do Batalhão de Choque e do BAC (Batalhão de Ações com Cães). O efetivo não foi informado.
A Polícia Civil, por meio da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), da DRFC (Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas) e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), também realiza diligências na região. Os agentes foram à Vila dos Pinheiros, na Maré, para "checar informações de inteligência". Lá, eles apreenderam uma grande quantidade de drogas, sendo 30 kg de maconha e cerca de 5.000 pinos de cocaína.
Segundo relatos publicados na internet, houve troca de tiros durante a movimentação policial. O perfil OTT (Onde Tem Tiroteio), que faz um mapeamento não oficial de conflitos por meio das redes sociais, alertou moradores por volta das 6h37.
"Tiros na Vila do Pinheiro, no Complexo da Maré. Principalmente pelo lado da linha Amarela. Atenção na região", postou a página no Twitter. A PM não informou sobre possíveis confrontos armados.
Na quarta, a Justiça do RJ decretou a prisão preventiva de Rogério 157 e de outros traficantes que também são alvos da operação de hoje, como Ivan da Silva Martins, o Ivanzinho; Alan Francisco da Silva, o Bilan; Michael Ferreira de Souza, o Rabicó; e Horácio Ferreira do Nascimento, o Orelhinha.
De acordo com investigações da Polícia Civil, os denunciados participam da sangrenta briga entre grupos rivais pelo comando do tráfico na Rocinha, situação que levou à reação do Estado com um cerco militar, feito na última sexta-feira (22). O mandado se refere à morte do PM Hudson Silva de Araújo, da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na Rocinha no dia 23 de julho.
“O perfil violento, em especial destes denunciados, e a certeza de impunidade dos integrantes do tráfico da localidade onde ocorreram os fatos têm levado a prática deste tipo de conduta corriqueiramente no nosso Estado. Estes acusados, liderados, pelo menos os indícios sugerem, pelo acusado de vulgo “Rogerinho 157” são os responsáveis pelo atual clima de terror na comunidade da Rocinha, travando guerra sangrenta responsável pela intervenção das tropas federais no Estado”, relata o juiz do 3º Tribunal do Júri da Capital, Alexandre Abrahão Dias Teixeira, que assina a decisão.
Contra Rogério 157, há ainda outros 12 mandados de prisão em aberto, por crimes como homicídio e tráfico de drogas.
O Disque-Denúncia informou ter fixado em R$ 50 mil a recompensa por informações que resultem na captura do chefe do tráfico de drogas na Rocinha. Na última terça (26), um helicóptero do Exército sobrevoou a comunidade e lançou panfletos com orientações para que os moradores possam denunciar a localização de criminosos ou armas.
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