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BRT do Rio acusa prefeitura de omissão e fechará 22 estações; 30 mil usuários ficarão sem transporte

Com a decisão do consórcio, BRT Transoeste deixará de ir até o bairro de Campo Grande, na zona oeste - Uanderson Fernandes/Agência O Globo
Com a decisão do consórcio, BRT Transoeste deixará de ir até o bairro de Campo Grande, na zona oeste Imagem: Uanderson Fernandes/Agência O Globo

Do UOL, no Rio

10/11/2017 17h26

O consórcio responsável pelo BRT Transoeste, corredor de ônibus construído para a Copa do Mundo (2014) e para os Jogos Olímpicos (2016) no Rio de Janeiro, informou nesta sexta-feira (10) que serão fechadas todas as 22 estações situadas entre os bairros de Santa Cruz e Campo Grande, na zona oeste carioca. Com isso, mais de 30 mil usuários ficarão sem o transporte.

O operador do sistema diz que a frota está sendo prejudicada por uma queda de braço entre a prefeitura e as empresas de ônibus. A briga gira em torno da suspensão do reajuste tarifário previsto em contrato --o governo conseguiu barrar o aumento na Justiça-- e da liberação do transporte alternativo. Os empresários alegam que as medidas levaram a um "colapso" financeiro.

Dessa forma, explicou o consórcio, muitos ônibus contratados para formar a frota do BRT estão com manutenção atrasada e em condições inadequadas de circulação. "A frota que temos recebido das empresas não é suficiente para fazer a operação diária. Estamos operando no limite, a corda está esticada o máximo possível", afirma a diretora de relações institucionais do Consórcio BRT, Suzy Balloussier.

"As empresas estão sem recursos para pagar fornecedores, como o do diesel. Sem combustível, é impossível colocar a frota na rua. E há também a questão da manutenção preventiva. Os itens fundamentais estão em dia, como os freios, mas não dá para rodar sem a manutenção preventiva do ar-condicionado, por exemplo", completou.

Ou a gente para de operar o sistema inteiro ou a gente paralisa esse trecho.
Suzy Balloussier, diretora de relações institucionais do Consórcio BRT

O BRT também reclama que o governo municipal nada fez para coibir os frequentes atos de vandalismo nas estações --o prejuízo, estima o consórcio, é de R$ 800 mil mensais.

A Secretaria Municipal de Transportes rebate as acusações e diz que vai punir o operador do sistema, caso o serviço seja interrompido unilateralmente.

Suzy afirmou ao UOL que não há data prevista para o fechamento das estações. O trecho a ser excluído custou R$ 100 milhões e foi inaugurado em 2014 com objetivo de levar o sistema até o bairro de Campo Grande. Todo o corredor Transoeste custou aproximadamente R$ 800 milhões.

As 22 estações são: Cesarão I, Cesarão II, Cesarão III, Vila Paciência, Três Pontes, Cesarinho, 31 de Outubro, Santa Efigênia, Júlia Miguel, Parque de São Paulo, Cosmos, Icurana, Vilar Carioca, Inhoaíba, Ana Gonzaga, São Jorge, Pina Rangel, Parque Esperança, Cândido Magalhães, Prefeito Alim Pedro, Gramado e Campo Grande (terminal).

Com a interrupção, o BRT deslocará os 33 veículos que hoje fazem o trajeto até Campo Grande para outros pontos do sistema, reforçando a frota em áreas que, segundo Suzy, são menos custosas. "Nesse trecho, há uma equação perversa: muito custo e pouca receita. Estamos fazendo uma contingência. A partir do momento que parar de operar, teremos 33 carros para remanejar", explicou.

"Essas 22 estações são as que a gente tem maior calote [passageiros que conseguem entrar sem pagar] e maior custo com depredação."

Em nota, o vice-prefeito e secretário municipal de Transportes, Fernando Mac Dowell, afirmou ter respondido a todos os ofícios enviados pelo Consórcio BRT a respeito de problemas de violência nas estações, vandalismo, concorrência de vans e kombis e equilíbrio econômico tarifário. Destacou que todas as reclamações referentes à segurança pública foram encaminhadas aos órgãos estaduais. Já as demandas sobre transporte alternativo foram repassadas à Seop (Secretaria Especial de Ordem Pública).

Na versão do secretário, em caso de paralisação do sistema BRT, o consórcio responsável sofrerá "as penalidades administrativas previstas, como autuação e notificação, para que o serviço seja restabelecido imediatamente". "A secretaria informa que já acionou a Procuradoria-Geral do Município para avaliar as medidas judiciais cabíveis caso ocorra interrupção unilateral dos serviços por parte do consórcio."