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Jovem advogada conta como passou 2017 procurando emprego: "Não sei o que falta"

Vítimas do desemprego - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/12/2017 04h00

A advogada Maria Clara Cavalcante, 29, pensava que superaria rapidamente o desemprego. Desde fevereiro, ela busca uma vaga. "Achei que eu ia abalar", conta. Mas não foi bem assim. "Sinceramente não sei dizer o que falta."

Este é o segundo de uma série de quatro depoimentos em que personagens relatarão histórias que foram marcantes para eles em 2017. No primeiro, publicado nesta quinta, Marcelly de Souza Francisco conta como, finalmente, trocou de nome: "É como se você tivesse nascido de novo, mas, desta vez, feliz".

Desempregada - Marcelo Justo/UOL - Marcelo Justo/UOL
Maria Clara Cavalcante passou o ano em busca de uma vaga de emprego
Imagem: Marcelo Justo/UOL

Maria Clara não tinha achado que seria tão difícil procurar por um emprego. Durante a faculdade de direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie, a jovem havia feito três estágios, dois em órgãos públicos e outro em uma grande seguradora.

"Nossa, o que eu mais ouvia era 'Você não tem experiência, né?'. Aí eu pensava comigo: 'Gente, eu tô me formando, tô procurando uma vaga de júnior, é óbvio que eu não tenho experiência'", lembra a jovem advogada.

Depois de um ano de procura, Maria Clara conseguiu um emprego em um escritório e logo passou para outra grande empresa, esta no setor de logística e tecnologia, onde ficou pouco mais de dois anos.

No início de 2017, no entanto, a companhia, como tantas, promoveu um grande corte de funcionários e a advogada ficou mais uma vez sem trabalho.

Desde então, Maria Clara alterna seus dias entre o envio de currículos pela internet, uma pós-graduação, trabalho voluntário e jogos online. "Percebi que realmente este ano foi bem complicado."

Os principais problemas que ela identifica na crise são resumidos em uma expressão: "Muitos requisitos, pouco salário".

"Parece que as pessoas aproveitaram para pedir bastante coisa, exigir bastante coisa e pagar muito pouco. Como tem muita gente desesperada, precisando de emprego..."

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Na sua casa, ela conta que a sua mãe, professora, é a única empregada. O pai, comerciante, teve de fechar seu negócio e a irmã também procura por recolocação na área de comissária de bordo. Para Maria Clara, 2017 foi um ano de buscas: "Agora, no fim de ano, é morto".

No sábado (23), na continuação da série, uma mulher conta como é a rotina de sofrer preconceito por ser negra.