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Com paralisação de PMs e aumento de violência, RN terá segurança do Exército

PEDRO VITORINO /PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: PEDRO VITORINO /PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

29/12/2017 12h14

O governador Robinson Faria (PSD) informou na manhã desta sexta-feira (29) que o Exército começará a atuar na segurança pública do Rio Grande do Norte a partir de sábado (30). "Acabo de receber uma ligação do presidente Temer confirmando o atendimento ao nosso pedido", informou, pelas redes sociais.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou que 500 homens serão enviados ainda nesta sexta e outros 1.500 militares chegam ao Estado no sábado.

O Rio Grande do Norte vive uma crise de segurança pública. Os policiais militares entraram no 11º dia de aquartelamento para reivindicar melhores condições de trabalho e pagamento de salários atrasados. Desde lá, o Estado tem vivido um rotina de assaltos, mortes e arrastões. 

De acordo com o ministro, o Exército ficará no Estado por ao menos por 15 dias. 

28.dez.2017 - As lojas do centro de Natal, bairro Alecrim, estão fechadas - Wendell Jefferson/Via Certa Natal - Wendell Jefferson/Via Certa Natal
As lojas do centro de Natal, bairro Alecrim, estão fechadas
Imagem: Wendell Jefferson/Via Certa Natal

Violência

A noite dessa quinta-feira (28) e madrugada desta sexta-feira (29) foram marcadas por mais violência no Rio Grande do Norte. Sem previsão de retorno dos PMs às ruas, até festa de Réveillon em cidade da Grande Natal foi cancelada.

No caso que mais chamou a atenção, um hipermercado foi invadido por cerca de 20 homens armados nesta madrugada. O estabelecimento, no Conjunto Vale Dourado, na zona norte de Natal, foi saqueado. Lojas que ficam dentro do hipermercado também foram invadidas e tiveram itens levados pelos assaltantes.

Na zona sul da capital, no bairro Cidade Verde, um supermercado também foi assaltado no início da noite por homens armados. Pouco antes, em Parnamirim, na Grande Natal e também no litoral sul potiguar, outro mercado foi vítimas de assaltantes.

A Prefeitura de Parnamirim anunciou o cancelamento da festa de Ano-Novo. "Por medida de segurança, achamos por bem suspendermos as apresentações musicais. Neste momento de tensão, a segurança da população vem em primeiro lugar", informou o órgão em nota.

Segundo o novo boletim da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do rio Grande do Norte, foram 48 casos de arrombamentos, roubos e furtos nessa quinta-feira. Desde o início da paralisação, 498 crimes foram registrados. 

Mortes

A violência também resultou em mais mortes. Somente até as 10 horas desta sexta-feira cinco corpos que deram entrada no Itep (Instituto Técnico-Científico de Perícia) --todos vítimas de arma de fogo. Na quinta-feira foram outros sete mortos por tiros.

Segundo o Obvio (Observatório de Violência Letal Intencional), entidade que computa mortes no Estado, desde o início do aquartelamento houve um aumento de 51% no número de homicídios, em comparação ao mesmo período de 2016. Nos oito primeiros dias foram 56 homicídios registrados, contra 37 no mesmo período do ano anterior e 27 em 2015.

Até o dia 27 de dezembro, 2017 marcou 2.375 assassinatos, quase 20% a mais que o total de 2016: 1.995 mortes.

Governo perde dinheiro federal

O governo do Rio Grande do Norte afirma que enfrenta uma grave crise financeira e pediu ajuda ao governo federal para pagar débitos com servidores. O valor pedido para aliviar os cofres e pagar o salário de novembro dos servidores que ganham acima de R$ 2.000 e o 13º salário do funcionalismo foi de R$ 600 milhões. 

Na segunda, o Ministério da Fazenda informou que, com base decisão do TCU (Tribunal de Contas da União), negou o repasse que tinha sido acordado entre os governos.

Na terça-feira (26), o governo do Rio Grande do Norte protocolou no Ministério da Fazenda um Recurso Hierárquico Próprio --que é dirigido diretamente ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O governo defende a edição de uma MP (Medida Provisória) que prestaria auxílio-financeiro ao Estado.

O documento pede que o Governo Federal "reforme a decisão, afastando todo e qualquer impedimento ao trâmite administrativo da Medida Provisória a ser editada em socorro ao Rio Grande do Norte".