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RN vive dia mais violento desde início de paralisação da Polícia Militar

Forças Armadas fazem patrulhamento nas ruas de Natal (RN) neste sábado - Vitorino Junior/Photopress/Estadão Conteúdo
Forças Armadas fazem patrulhamento nas ruas de Natal (RN) neste sábado Imagem: Vitorino Junior/Photopress/Estadão Conteúdo

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

30/12/2017 11h58

O Rio Grande Norte viveu, nesta sexta-feira (29), o dia mais violento desde o início do aquartelamento de policiais militares, iniciado há 12 dias. Segundo o Itep (Instituto Técnico-Científico de Perícia), 15 corpos deram entrada no departamento de medicina legal do órgão vítimas de disparos de arma de fogo. Desses, 12 mortes foram na própria sexta-feira e três no dia anterior. Até então, o dia 24 tinha sido o recordista em mortes, com 11 casos.

Apenas até as 9h deste sábado (30), deram entradas outros cinco corpos vítimas de arma de fogo. Desde ontem, o instituto tem recebido uma média de um corpo para perícia a cada uma hora e meia.

De todos os registros de assassinatos nas últimas horas, quatro casos envolveram vítimas adolescentes, sendo duas delas de apenas 15 anos.

O número de roubos, furtos e arrombamentos dessa sexta-feira ainda não foi informado pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social.
 
O Rio Grande do Norte vive uma crise de segurança pública. Os policiais militares entraram no 12º dia de aquartelamento para reivindicar melhores condições de trabalho e pagamento de salários atrasados. Desde lá, o Estado tem vivido um rotina de assaltos, mortes e arrastões.

De acordo com o ministro, o Exército ficará no Estado por ao menos por 15 dias.

Nessa sexta-feira chegaram ao Rio Grande do Norte os primeiros 500 homens das Forças Armadas, que já começaram a fazer a segurança nas ruas da principais cidades. Está prevista para este sábado e domingo a chegada de mais 1.500 homens.

Também nessa sexta-feira, o governador Robinson Faria assinou o decreto que transfere o controle operacional dos órgãos de segurança pública para o General de Brigada Ridauto Lúcio Fernandes. A medida é obrigatória para que o governo federal assine o decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e autorize ida de homens das Forças Armadas.

Dados

Segundo o Obvio (Observatório de Violência Letal Intencional), entidade que computa mortes no Estado, desde o início do aquartelamento houve um aumento de 51% no número de homicídios, em comparação ao mesmo período de 2016. Nos oito primeiros dias foram 56 homicídios registrados, contra 37 no mesmo período do ano anterior e 27 em 2015.

Até o dia 27 de dezembro, 2017 marcou 2.375 assassinatos, quase 20% a mais que o total de 2016: 1.995 mortes.

Pedido de recursos

O governo do Rio Grande do Norte afirma que enfrenta uma grave crise financeira e pediu ajuda ao governo federal para pagar débitos com servidores. O valor pedido para aliviar os cofres e pagar o salário de novembro dos servidores que ganham acima de R$ 2.000 e o 13º salário do funcionalismo foi de R$ 600 milhões.

Na segunda-feira (25), o Ministério da Fazenda informou que, com base em decisão do TCU (Tribunal de Contas da União), negou o repasse que tinha sido acordado entre os governos.

Na terça-feira (26), o governo do Rio Grande do Norte protocolou no Ministério da Fazenda um Recurso Hierárquico Próprio --que é dirigido diretamente ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O governo defende a edição de uma MP (Medida Provisória) que prestaria auxílio financeiro ao Estado.

O documento pede que o governo federal "reforme a decisão, afastando todo e qualquer impedimento ao trâmite administrativo da Medida Provisória a ser editada em socorro ao Rio Grande do Norte".