Dois policiais civis presos por PMs em SP são soltos por falta de provas
Dois policiais civis presos por policiais militares na semana passada, em Mauá, na região metropolitana, sob a suspeita de estarem envolvidos em um assalto a banco, foram liberados pela Justiça Federal de São Paulo após audiência de custódia ocorrida na quinta-feira (11).
Os policiais do 80º DP (Distrito Policial), na Vila Joaniza, zona sul de São Paulo, passaram dois dias presos. No entanto, a juíza Eliane Mitsuko Sato entendeu que não havia elementos o suficiente para comprovar que os policiais estavam em conluio com os criminosos.
Segundo a juíza, havia no caso "várias divergências e inconsistências" relativas à suposta colaboração dos policiais civis no assalto a banco. Por isso, eles foram liberados e a Corregedoria da PM foi acionada para investigar se houve má-fé dos policiais militares envolvidos na ocorrência.
A audiência de custódia, a qual os policiais foram submetidos, é o instrumento judicial que determina que todo preso em flagrante deve ser levado à presença da Justiça, em até 24 horas, para que seja avaliada a legalidade e a necessidade de manutenção da prisão.
Segundo a PM (Polícia Militar), uma agência da Caixa Econômica Federal, localizada no bairro de Vila Bocaina, foi alvo de um bando quando um carro-forte da empresa Protege chegou para repor o dinheiro no local na manhã da terça-feira (9). Quatro homens armados renderam os funcionários da empresa privada e do banco e efetuaram o assalto.
Pouco depois, na região do crime, policiais militares informaram que detiveram sete suspeitos, sendo três policiais civis --depois, ficou constatado que eram dois policiais e um ex-policial civil, exonerado em 2008.
Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) vinha informando que "armas e dinheiro foram apreendidos e sete pessoas detidas pela PM, entre elas, dois policiais civis que foram autuados em flagrante pelos crimes de concussão e prevaricação e encaminhados ao Presídio Especial da Polícia Civil."
O delegado do 80º DP, Pedro Luis de Sousa, afirmou ao UOL que os policiais "foram liberados pela juíza federal independentes de medida cautelar e sem pagamento de fiança". "Quanto aos meus policiais, após injustiçados, voltaram ao trabalho", disse.
"Em face dos depoimentos dos ladrões de banco na audiência de custódia, os quais, diga-se de passagem, estavam presos pelos policiais civis, a juíza determinou a remessa dos autos a Corregedoria da PM par apuração do crime de falso testemunho por parte daqueles milicianos", complementou Sousa.
Fontes ligadas à cúpula da Polícia Civil informaram à reportagem que, após o incidente, o delegado será afastado da delegacia. Ele recebeu a informação do afastamento nesta segunda-feira (15). "Os policiais foram passados como ladrões. Eles têm família, têm filho e saíram como bandidos. Ocorreu uma injustiça", argumentou Sousa.
Procurada para comentar a decisão da audiência da custódia e o afastamento de Sousa, a SSP se limitou a informar que "o caso foi apresentado junto à Polícia Federal. Após audiência de custódia os policiais civis foram liberados. O caso segue sendo investigado pela Polícia Federal e posteriormente será julgado pela Justiça Federal."
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