Empresário suspeito de participar de racha que matou 2 em SP deixa a prisão
Por decisão unânime, a 16ª Câmara de Direito Criminal concedeu nesta quarta-feira (21) habeas corpus ao empresário André Veloso Micheletti, 50, suspeito de disputar um racha na rodovia dos Imigrantes em janeiro deste ano. Durante o suposto racha, que teria sido disputado com um policial civil, o empresário bateu seu carro contra o de uma família que voltada da praia. Duas mulheres morreram.
Micheletti vai responder ao processo por homicídio doloso e tentativa de homicídio em liberdade por decisão do juiz Fernando Martinho de Barros Penteado. Ele deixou a prisão por volta das 10h30 desta quinta-feira (22).
Pela decisão, o empresário terá de comparecer periodicamente em juízo, nos prazos e condições fixadas pela Justiça. Além disso, ele terá de ficar em casa durante a noite e nos dias que estiver de folga.
O empresário cumpria prisão preventiva desde 10 de janeiro deste ano. O juiz Edson Nakamatu entendeu, à época, que havia "elementos suficientes de que o investigado teria assumido o risco de produzir o resultado fatal, pois tudo indica que desenvolvia velocidade incompatível e muito acima do permitido no local de intenso tráfego".
Ainda de acordo com o magistrado, "a reprovabilidade social da conduta do indiciado e o clamor público causado" autorizariam a prisão.
Segundo a Polícia Civil, Micheletti estava a 180 km/h, com a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) vencida desde 2016 e não ingeriu álcool antes de dirigir. Ainda de acordo com a polícia, o empresário dirigia uma Mercedes Benz CLS prata, avaliada em R$ 241 mil pela tabela Fipe. Ele disputava um racha com um policial civil que dirigia um Chevrolet Camaro preto. O policial também responde pelo crime em liberdade.
A investigação aponta que o empresário perdeu o controle da direção durante a disputa e atingiu um Ford EcoSport cinza que levava oito pessoas de uma família --sendo dois casais e quatro crianças-- que voltava da Praia Grande, no litoral, onde passaram as férias escolares, para Suzano (Grande São Paulo), onde morava.
O empresário negou à polícia que estava em alta velocidade. Segundo ele, dirigia no limite da pista e, sem acionar que mudaria de faixa, o motorista do EcoSport teria o fechado. Com o acidente, a feirante Juliana do Carmo Gamarra, 40, e a jovem Vitória Alves Furlaneto Gomes, 21, não resistiram aos ferimentos.
O policial civil de São Paulo, que estava dirigindo o outro carro e não teve o nome divulgado, afirmou em depoimento que estava em velocidade normal, negou que estivesse participando de um racha e que nem sequer viu o acidente.
O carro que ele dirigia foi comprado pelo filho - maior de idade, mas que também não teve o nome divulgado - e está registrado em nome da empresa onde o rapaz trabalha. As investigações envolvendo o policial está com a Corregedoria da Polícia Civil.
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