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Menina anda com água nos joelhos para ir à escola no Rio: "Não tem por onde fugir", diz babá

Com o filho de seis meses no colo, Luana Conceição leva menina de quatro anos à escola em rua alagada em Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro - Fabiano Rocha/Agência O Globo
Com o filho de seis meses no colo, Luana Conceição leva menina de quatro anos à escola em rua alagada em Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro Imagem: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Do UOL, em Brasília

24/02/2018 19h49

Uma menina de quatro anos teve de andar em ruas com água na altura dos joelhos para conseguir ir à escola nesta semana no Rio de Janeiro. Foto publicada pelo jornal "O Globo" nesta sexta-feira (23) retratou a dificuldade de crianças do bairro Jardim Maravilha, em Guaratiba, zona oeste do Rio, em atravessar ruas alagadas para não faltarem às aulas.

UOL entrou em contato com a Prefeitura do Rio de Janeiro. Em nota, a Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente informou que Jardim Maravilha é uma "área prioritária" (leia mais ao final do texto).

A babá e vizinha da menina, que aparece na imagem junto ao filho de seis meses no colo, Luana Conceição, de 18 anos, afirmou ao UOL que a situação de alagamentos no bairro é recorrente. Ela mora em Jardim Maravilha há cerca de um ano e falou que encarar a água virou “hábito” porque não há outra opção.

“É muito difícil mesmo. Direto as casas aqui ficam alagadas. Muitas pessoas perderam muitas coisas esses dias [de chuva no Rio]. Não tem por onde fugir. Todas as ruas vão estar da mesma forma. Não pode deixar a criança faltar na aula”, disse.

Segundo Luana, a caminhada entre a casa dela e o colégio municipal leva aproximadamente 20 minutos e nem sempre a permanência na escola é garantida quando têm de enfrentar a água na rua.

“Se chega muito molhada, normalmente não fica na escola. Mandam voltar. Nesta semana ela trocou de roupa na escola, mas ficou com o sapato molhado, tadinha. Na volta para casa ainda estava tudo alagado”, afirmou.

Ela reclama da falta da presença da prefeitura no local para fornecer serviços como rede de águas pluviais --da chuva-- e de saneamento básico. De acordo com a babá, os políticos ou o governo só vão ao bairro perto das eleições.

“Querem tapear, maquiar [a falta de estrutura] quando chega perto da eleição. Querem fazer gracinha. Quando some eleição, some também [o político]. Tem umas ruas que estão asfaltadas, algumas ruas ficaram pendentes, tudo esburacada”, ao acrescentar que os moradores também não se movimentam em favor de um abaixo-assinado na tentativa de resolver os problemas.

“Espero que com essa foto e o relato alguém veja e faça alguma coisa”, comentou.

Leia a íntegra da nota da Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente do Rio:

"A Seconserma informa que atua desde quinta-feira passada (15/2) nos bairros Magarça e Jardim Maravilha, na zona oeste. As áreas são prioritárias para o município. O secretário Jorge Felippe Neto já esteve nos locais diversas vezes desde então coordenando os trabalhos das equipes, que contaram com retroescavadeira e caminhões para auxiliar a desobstrução das vias na região. 

O rio Cabuçu já está em nível mais baixo (uma das causas para o alagamento na região foi a maré alta que provocou o transbordamento da bacia, além do acúmulo de lixo) e, com isso, o deságue da galeria de água pluvial (GAP) da avenida Campo Mourão escoa o alagamento desta via e das ruas transversais. Os trabalhos vão seguir até que a situação seja normalizada. 

A Fundação Rio-Águas, órgão vinculado à secretaria, prepara Carta Consulta que será apresentada ao Ministério das Cidades para viabilizar estudos para executar obras complementares de controle de enchentes na região. Na zona oeste, em dezembro de 2017, 142 vias receberam investimentos de R$ 125,4 milhões, atendendo os bairros de Magarça, Paciência, Guaratiba e Santa Cruz. Foram implantados 34,9 km de rede de drenagem e 226.488 metros quadrados de pavimentação".