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Alckmin diz não ver excesso em PMs cedidos a autoridades e órgãos: "têm papel importante"

Alckmin falou sobre "empréstimos" de PMs para autoridades e prédios públicos - Fábio Vieira/Fotorua/Estadão Conteúdo
Alckmin falou sobre "empréstimos" de PMs para autoridades e prédios públicos Imagem: Fábio Vieira/Fotorua/Estadão Conteúdo

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

08/03/2018 17h14Atualizada em 08/03/2018 17h14

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta quinta-feira (8) que os 1.195 PMs (policiais militares) do Estado que atuam na segurança de autoridades e prédios públicos de 10 órgãos estaduais e municipais têm um papel relevante na proteção da sociedade.

Os 1.195 policiais que atuam em locais como Assembleia Legislativa, Prefeitura e Câmara Municipal representam 1,2% do total de 93.802 PMs que atuam administrativamente e nas ruas do Estado. É um número maior, porém, do que o empregado na tropa de elite da corporação. A Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) conta com cerca de 700 homens, em serviços de rua e operacionais.

Questionado pelo UOL se achava excessivo o número de PMs alocados em órgãos públicos e não em batalhões, Alckmin defendeu que eles "têm papel importante" e que isso está respaldado por lei.

"O maior órgão público com PMs alocados é o Tribunal de Justiça, que faz, inclusive, escolta de presos. Então, eles têm um papel importante", afirmou o governador durante evento desta quinta-feira.

Decreto de Doria garante escolta a ex-prefeitos

O número de PMs emprestados veio à tona com o decreto do prefeito João Doria (PSDB), que determinava escolta por um ano de até quatro PMs, durante todo o dia, a ex-prefeitos e suas famílias. Com a medida, ele seria o primeiro beneficiado.

Depois de ser duramente criticado, Doria voltou atrás da decisão na noite de ontem (7). Em atualização ao decreto, assinou que terão direito ao benefício apenas as próximas gestões --ou seja, nem ele, nem seu vice, Bruno Covas, terão acesso.

Questionado duas vezes hoje sobre o decreto assinado por Doria, Alckmin se esquivou.

Ao todo, a prefeitura já tem 38 PMs emprestados pelo governo do Estado. Em nota enviada ontem ao UOL, a SSP (Secretaria Estadual de Segurança Pública) informou que não haverá "em hipótese alguma" aumento no número de policiais cedidos para a prefeitura a fim de atender ao decreto de Doria.

A reportagem apurou com membros da PM que, pouco antes de Doria anunciar um recuo no decreto da escolta, Alckmin ficou "revoltado" com a determinação, uma vez que prioriza a segurança pública como vitrine em sua campanha pela Presidência da República. Ele é o pré-candidato do PSDB à vaga no Planalto.

Membros do PSDB de SP ouvidos pela reportagem apontam que a medida do Doria poderia gerar um "racha" entre o governador e o prefeito, pouco antes das prévias do partido para o governo do Estado, em que Doria é um dos pré-candidatos. Alckmin tem relutado em apoiar publicamente o nome do prefeito, já que seu vice-governador, Márcio França (PSB), também concorrerá ao posto no Palácio dos Bandeirantes.

Quanto custa escolta 24h por dia?

A reportagem cotou uma vigilância particular aos moldes do previsto pelo decreto de Doria: até quatro homens na escolta, 24 horas por dia, durante um ano. Segundo uma das empresas que oferecem o serviço, o trabalho não sairia por menos de R$ 130 mil por mês (R$ 1,5 milhão por ano), além do custo de aluguel de automóvel.

A atividade de segurança privada no Brasil é regulamentada por uma lei federal de 1983. O custo médio do serviço na cidade de São Paulo gira entre R$ 40 e R$ 45 reais a hora. Isso inclui a mão de obra, com armamento --que é da empresa-- e equipamentos de segurança como um todo.

Quando o cliente que contrata o serviço sai do Estado ou país, o valor aumenta. Isso porque há questões de segurança que devem ser protocoladas junto à PF (Polícia Federal) para que os vigilantes possam andar armados em outros Estados.

Os seguranças pessoais de empresas devidamente registradas são civis que têm curso de formação de 200 horas, que o autoriza a ser um vigilante. Para ser um vigilante pessoal, são necessárias mais 50 horas e período mínimo de um ano de experiência na área.