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11 PMs são presos em SP sob suspeita de forjar tiroteio em que homem foi morto

Os policiais foram levados para o presídio militar Romão Gomes, na zona norte de SP - Divulgação/Tribunal de Justiça Militar de SP
Os policiais foram levados para o presídio militar Romão Gomes, na zona norte de SP Imagem: Divulgação/Tribunal de Justiça Militar de SP

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

12/04/2018 16h09Atualizada em 12/04/2018 20h41

A Corregedoria da PM (Polícia Militar) prendeu nesta quinta-feira (12) temporariamente 11 policiais de um batalhão da zona oeste de São Paulo sob a suspeita de terem participado ou presenciado sem denunciar uma cena de crime forjada. O caso ocorreu em 13 de outubro do ano passado e deixou um homem morto.

Segundo relatório da corregedoria, ao qual o UOL teve acesso, Felipe Lemos de Oliveira foi morto e Jonathan Moya acabou preso por policiais da 4ª Companhia do 16º Batalhão (na Raposo Tavares) numa ocorrência em que Oliveira e Moya eram suspeitos de participação em roubo no Morumbi, na zona oeste.

Os dois estavam na mesma moto. Os PMs envolvidos disseram que trocaram tiros com Oliveira e Moya, mas a investigação apontou contradições, e os 11 mandados de prisão temporária foram expedidos e cumpridos.

Entre os policiais presos estão dois 1º tenentes, um 2º sargento, um cabo e sete soldados. Com eles, foram apreendidas quatro armas de brinquedo, maconha, cocaína, crack, estojos e munições de armas calibres 38, .40, 556 e 380.

Contradições levaram PMs à prisão

Por volta das 4h30 da madrugada de 13 de outubro de 2017, uma perseguição teve início na rodovia Raposo Tavares e terminou na rua Cachoeira do Arrependido, na mesma região.

Na delegacia, os policiais militares envolvidos na ocorrência relataram que moradores informaram que criminosos em três motos tentaram praticar um roubo na avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi.

Policiais disseram que encontraram os suspeitos e que eles tentaram fugir. Segundo a versão policial, Oliveira, que conduzia a moto, perdeu o controle da direção e caiu. Ele teria disparado duas vezes contra os policiais, que revidaram com um disparo. Ainda segundo a versão dos policiais militares, foi solicitado socorro, mas ele morreu no pronto-socorro Bandeirantes.

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A investigação da corregedoria, no entanto, apontou "incongruências" nas afirmações dos PMs. Pela tecnologia existente nas viaturas da PM foi possível identificar que os policiais não pararam a primeira vez, conforme relatado.

Além disso, uma testemunha relatou ter visto que um dos PMs "efetuou disparo de arma de fogo em uma lixeira" e a perícia confirmou que o tiro foi disparado por um dos tenentes. Segundo a investigação, a arma suspeita de ser a utilizada por Oliveira não teve a localização informada pelos policiais. "Em resumo, a arma pode ter sido 'plantada' na ocorrência e ainda há indícios de que tenha sido disparada para 'arredondar' o histórico da ocorrência", aponta a investigação.

Por indícios de fraude processual, dentro outros delitos, as prisões dos PMs foram decretadas por que eles "estiveram no local da segunda queda e, em tese, presenciaram ou participaram da fraude". Procurada, a PM não se posicionou até a publicação desta reportagem.

Em nota enviada à reportagem, a PM informou que na operação que prendeu os policiais foram apreendidos "simulacros, munições, smartphones e entorpecentes". "A SSP (Secretaria de Segurança Pública) não compactua com desvios de conduta e todas as denúncias são rigorosamente apuradas pelas respectivas Corregedorias", diz o comunicado.