Bombeiros alertaram prefeitura e governo de São Paulo em 2015 sobre risco de incêndio, diz capitão
A Prefeitura de São Paulo, governo de São Paulo e o Ministério Público foram informados em 2015 pelo Corpo de Bombeiros sobre o risco real de incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou na madrugada desta terça-feira (1º) no largo do Paissandu, no centro de São Paulo.
A informação é do porta-voz do Corpo de Bombeiros, capitão Marcos Palumbo. De acordo com Palumbo, a corporação elaborou um documento alertando as autoridades sobre os riscos. Segundo ele, isso foi feito também com outras dezenas de prédios ocupados por sem teto na capital paulista.
O edifício de 24 andares desabou por volta das 2h20 da madrugada desta terça-feira (1º) depois de pegar fogo no início da madrugada. Cerca de 150 famílias moravam nos primeiros dez andares do prédio, que era uma ocupação irregular, de acordo com a prefeitura.
Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos uma pessoa está desaparecida. É um homem que estava sendo retirado pelos bombeiros por um cabo do alto do edifício quando houve o desabamento. Mais cedo, a corporação disse que havia três desaparecidos, mas recuou. Moradores relatam, entretanto, que há ao menos outras três pessoas desaparecidas, sendo duas crianças.
Responsabilidade e “lições” serão avaliadas depois que as famílias forem atendidas, afirmou o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) ao visitar o local no final da manhã desta terça. Covas afirmou que negociava com a União a transferência de posse do imóvel.
“A prefeitura não pode ser acusada de se furtar da responsabilidade se ela estava inclusive recebendo esse equipamento [o edifício]. Estávamos buscando receber essa propriedade para fazer a atenção necessária”, afirmou Covas.
“Só neste ano, de fevereiro para cá, foram 6 reuniões com essas famílias, alertando desses riscos”, disse Covas. “Tudo o que a prefeitura poderia ter feito [para retirar as famílias do local] ela fez durante esses meses.”
Segundo Palumbo, foi entregue às autoridades documentação fotográfica que indicava o risco de incêndio no prédio. “A gente não tem poder para fiscalizar [se as recomendações foram aceitas]. Apresentamos um acervo fotográfico e mandamos às autoridades competentes em 2015 - até ao MP”, disse Palumbo. “Apresentamos o que podia melhorar, risco de incêndio...”, completou.
Conforme o porta-voz, os bombeiros têm mapeados “todos os prédios invadidos”. Indagado se houve negligência por parte de quem teria recebido esse material, o capitão afirmou que não faria “juízo de valor”.
Entre possíveis desaparecidos está a mãe do mecânico desempregado Lucas Souza Sampaio, 32. Eles moravam no terceiro andar do prédio que desabou. Sampaio contou que, quando percebeu o fogo, subiu até o 6º andar para ajudar a irmã, que está grávida e tem um filho pequeno. Enquanto eles desciam as escadas, a parte interna do edifício começou a ceder. Como o fogo era intenso, ele desceu sem socorrer a mãe. "Já circulei por tudo aqui e não acho. Acho que ela não conseguiu sair", diz ele.
A reportagem do UOL chegou ao local pouco antes de 3h, quando os bombeiros ainda isolavam o local. Na rua, cerca de cem pessoas, entre moradores e vizinhos dos prédios ao lado, buscavam informações sobre conhecidos e lamentavam os pertences perdidos.
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