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Influência de políticos freou operações da polícia no Rio, diz ministro

Jungmann disse ainda que parte dos recursos virá por meio da Caixa Econômica Federal - Foto: Marcelo Camargo/ABr
Jungmann disse ainda que parte dos recursos virá por meio da Caixa Econômica Federal Imagem: Foto: Marcelo Camargo/ABr

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

07/05/2018 18h51

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou nesta segunda-feira (7) que a intervenção federal no setor de segurança do Rio de Janeiro descobriu que dezenas de operações policiais foram planejadas, mas não puderam ser realizadas por influência de políticos.

Segundo o ministro, os responsáveis pela intervenção encontraram ao menos 60 operações prontas para serem deflagradas na Polícia Civil [antes do início da intervenção], mas boa parte delas não era realizada por conta de possível repercussão política.

"Pra você ter uma ideia, eles lá encontraram 60 operações em carteira, prontas para ser deflagradas, por exemplo, dentro da Polícia Civil. E por que em grande medida não eram deflagradas? Ah, porque ali é o território de um político, porque aqui é território de um fulano, de um beltrano e  assim por diante", disse Jungmann.

O ministro fez a afirmação em entrevista a jornalistas, após reunião com a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Cármen Lúcia.

Jungmann citou a influência política sobre as operações ao enumerar os problemas nas polícias enfrentados pela intervenção federal. O ministro também citou como problemas a corrupção e a falta de equipamentos e treinamento adequado pelos policiais.

Segundo Jungmann, a intervenção federal tem como objetivo o trabalho de reestruturação das polícias do Rio e de prevenção social do crime, por meio do trabalho conjunto com outros ministérios.

O ministro afirmou que a intervenção "está dando muito certo" mas que é preciso ter um horizonte de longo prazo para que os resultados comecem a aparecer.

"Eu acho, na minha avaliação, que está dando muito certo e acho que há uma pressa que é preciso ser calibrada. Hoje o mundo inteiro discute os bons exemplos de Medelín e Bogotá ou de Cidade Juarez. É bom lembrar que Medelín levou oito anos, Bogotá levou nove anos e Cidade Juarez levou aproximadamente cinco anos", disse.

"O Rio de Janeiro construiu uma tragédia em termos de segurança ao longo de décadas. Nós temos o que? Vai fazer três meses praticamente que nós estamos lá. As mudanças existem, só que elas ainda não são percebidas", disse.

"Você tem que reestruturar, praticamente você tem que refazer as polícias do Rio de Janeiro. Você acha que dá para refazer polícias e mudar o sentimento e a percepção de segurança em 90 dias? Não há mágica a fazer", afirmou o ministro.

Jungmann também disse acreditar que a população e os futuros governantes defenderão a manutenção da intervenção federal na segurança além do período previsto. A intervenção está marcada para terminar no final deste ano, mas em 2019 tomam posse o presidente da República e governador escolhidos nas eleições de outubro. Eles serão os responsáveis por definir a continuidade ou não do que está sendo realizado pelos interventores.

"Olha, até agora a previsão é que vá até o fim do ano, agora se você quer a minha opinião, aí é uma opinião pessoal, não é uma opinião de governo, eu acredito que o povo do Rio de Janeiro e o futuro governante não vai abrir mão da continuidade da presença das Forças Armadas", disse.

"Agora, eu acredito que a depender dos resultados, que acredito que serão progressivamente positivos, eu acho que vai ser um anseio [a manutenção da intervenção]. Agora vai depender do futuro presidente, do futuro governador", afirmou Jungmann.