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Bebê baleado no colo da mãe dentro de escola no Rio passará por cirurgia

15.mai.2018 - Mãe do bebê baleado (à esq.) é amparada por familiares em hospital - Fabiano Rocha/Agência O Globo
15.mai.2018 - Mãe do bebê baleado (à esq.) é amparada por familiares em hospital Imagem: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio*

15/05/2018 12h57Atualizada em 15/05/2018 13h57

O bebê de seis meses baleado quando estava no colo da mãe dentro do Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho, na zona sul do Rio de Janeiro, passará por cirurgia na tarde desta terça-feira (15) para remover fragmentos de bala, de acordo com o Centro Pediátrico da Lagoa, onde está internado. O estado de saúde de Caique de Carvalho, atingido no ombro na segunda-feira (14), é estável.

A mãe dele esperava o outro filho, de 6 anos, terminar uma atividade física na quadra da escola. Ao perceber o bebê ensanguentado, a mãe entrou em um táxi e buscou atendimento em um hospital em Botafogo, também na zona sul.

No fim da noite desta segunda-feira, o bebê foi transferido para o Centro Pediátrico da Lagoa. De acordo com a unidade, o menino deu entrada por volta das 22h, com um "tiro subcutâneo" em um dos ombros.

Segundo a assessoria de imprensa do hospital, o bebê não teve o movimento do braço comprometido, o que indica a possibilidade de ausência de sequelas. No entanto, só após a cirurgia será possível fazer uma avaliação mais precisa.

Procurada, a Polícia Civil disse que o caso é investigado pela 9ª Delegacia de Polícia (Catete). "A mãe da criança já foi ouvida e uma equipe está no colégio em diligências", informou, por meio de nota. 

Já a PM afirmou que não ocorreram operações na região. Uma equipe foi acionada para auxiliar no socorro ao bebê.

Na manhã desta terça, o Colégio São Vicente de Paulo, informou que não houve registro de confronto no entorno da escola. De acordo com o comunicado publicado no site da instituição, o bebê foi vítima de bala perdida.

“As observações preliminares feitas pelos agentes policiais que aqui estiveram apontam para uma situação, infelizmente, comum em nossa cidade, de bala perdida, oriunda não se sabe de onde, na medida em que não há registro de qualquer ação envolvendo troca de tiros no entorno do Colégio”, afirmou a escola, que é particular.

Ainda no comunicado, o colégio destacou a atual situação da segurança no estado. “Estamos imersos numa sociedade que tem vivido em meio a polarizações e à violência generalizada, com tiroteios espalhados por diversos locais, roubos e furtos em proporção imensurável, o que nos leva a evocar as palavras de São Vicente de Paulo, Patrono dessa Casa: É preciso passar do amor afetivo ao amor efetivo”, diz outro trecho na nota.

Rio tem 15 crianças vítimas de bala perdida no ano

Ao menos 15 crianças de até 11 anos foram atingidas por balas perdidas no estado do Rio de Janeiro somente neste ano. O dado é do Fogo Cruzado, laboratório de dados que mapeia por meio de aplicativo os registros de violência. Foram seis casos no mês de fevereiro, quatro em março, outros quatro em abril, e um em maio. Das 15 vítimas, quatro morreram.

Além do bebê Caique, Maria Gabriela, de 11 anos, foi ferida dentro de uma unidade escola no bairro de Cavalcanti, na zona norte da cidade.

De acordo com parentes da menina, aluna do 6º ano da Escola Municipal Espírito Santo, ela estava no pátio da escola se preparando para a aula de Educação Física quando foi atingida por uma bala perdida no braço direito. A criança foi operada no hospital Salgado Filho, no Méier. Ela já recebeu alta da unidade.

A menina Brenda Valentim Alves de Oliveira, de 2 anos e meio, baleada em 31 de março, estava sentada no banco traseiro do carro da família quando foi atingida. O crime ocorreu em Conceição de Jacareí, em Mangaratiba, na Costa Verde fluminense. A criança chegou a ser levada para o hospital, mas morreu.

Quinze dias antes foi morto, o menino Benjamin, de 1 ano. Ele foi ferido durante confronto entre PMs e traficantes no Complexo do Alemão, na zona norte. Ele estava com a mãe, em um carrinho de bebê, quando foi atingido na cabeça.

Em 24 de fevereiro, foi baleado e morto o menino Marlon, de 10 anos, no Pavão Pavãozinho, favela da zona sul carioca. Ele foi atingido quando brincava na laje de casa e chegou a receber atendimento médico. Um adolescente de 17 anos foi apreendido. Em depoimento, ele alegou que o disparo ocorreu de forma acidental.

Antes dele, Emilly Sofia Neves, de 3 anos, morreu após ser baleada durante tentativa de assalto em Anchieta, zona norte. A criança foi atingida quando criminosos tentaram roubar o carro em que os pais dela estavam. O casal também ficou ferido. A criança chegou a ser levada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Ricardo de Albuquerque, mas não resistiu.

Bala perdida atinge prédio em Botafogo

A região metropolitana do Rio registrou média de 24,2 tiroteios por dia de janeiro até hoje, de acordo com o Fogo Cruzado.

Na tarde de segunda-feira, uma bala perdida atingiu um apartamento de um prédio que fica na praia de Botafogo, na zona sul. Ninguém se feriu.

O morador notou um buraco feito no vidro da janela da frente, que tem vista livre para a praia, e fez um vídeo. Não se sabe de onde partiu a bala. A reportagem do Estadão Conteúdo presenciou disparos feitos por um segurança contra um suspeito numa motocicleta, por volta das 14h de segunda-feira, e é possível que um deles tenha atingido a janela.

*Com informações do Estadão Conteúdo