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Redução da frota de ônibus afeta volta para casa em capitais brasileiras

Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Imagem: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

Do UOL, no Rio e em São Paulo

24/05/2018 19h06

A greve de caminhoneiros, que nesta quinta-feira (24) entrou no seu 4º dia, provocou a redução da frota de ônibus em capitais brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, e afeta a volta para casa. Com a paralisação, veículos do transporte público municipal adotam medidas de contingência na tentativa de manter a operação ante o risco de desabastecimento de diesel. Há viações que já relatam falta de combustível.

Na cidade de São Paulo, o rodízio foi suspenso hoje, medida que será novamente adotada nesta sexta-feira (25).

Caminhoneiros fazem bloqueios desde segunda-feira (21) nas principais estradas do país em protesto contra os recentes aumentos nos preços dos combustíveis e pedem ao governo a redução de impostos.

São Paulo

Moradores de São Paulo podem encontrar 86% da frota na volta para casa nesta quinta. Segundo a SPtrans, a estimativa foi registrada às 18h30.

Para amenizar os impactos da greve dos caminhoneiros no sistema de ônibus da cidade, a STM (Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos) informou que tanto metrô quanto trens mantêm sua capacidade total de operação mesmo no horário de entrepico.

O rodízio municipal de carros está suspenso nesta quinta-feira, com isso, os carros com placas finais 7 e 8 estão liberados para circular. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou que, às 17h30, a capital paulista tinha 39 km de lentidão. A média para o horário é de 73 km a 101 km.

A prefeitura também suspendeu o rodízio nesta sexta, quando, mais uma vez, a frota de ônibus municipais deve ser reduzida. Nesta quinta, a prefeitura autorizou que a frota municipal de ônibus circulasse com 40% ônibus a menos no horário de entrepico, das 10h às 16h. A redução, no entanto, foi bem menor: o pico foi de 21% às 13h.

A Prefeitura de São Paulo entrou na Justiça contra o protesto dos caminhoneiros que bloqueiam as principais rodovias da capital e impedem o abastecimento de combustíveis na maior cidade do Brasil. O documento, assinado pelo procurador do município de São Paulo, pede que o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens e Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de São Paulo e Região cesse imediatamente a greve.

O procurador William Alexandre Calado pede uma decisão em caráter liminar, por sua urgência, e que a Justiça estabeleça multa diária de R$ 1 milhão em caso de descumprimento.


Grande São Paulo

A EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo) informou que as empresas de ônibus metropolitanos estão enfrentando problemas de abastecimento.

Apesar disso, na Grande São Paulo, as quatro concessionárias operam com cerca de 80% no início do horário de pico (17h às 20h) desta quinta. Na região do ABC, a operação atua

A EMTU informou que a orientação às empresas é de priorizar a operação nos horários de pico e nas linhas onde há maior número de passageiros transportados.


Rio de Janeiro

A cidade do Rio de Janeiro chegou ao fim da tarde com 57% da frota de ônibus circulando, segundo informações do Rio Ônibus, sindicato que reúne as empresas que operam no município. No Estado, a Fetranspor estima que a paralisação atingiu entre 30% e 40% dos coletivos --ao todo, ao menos 6.900 coletivos deixaram de circular nesta quinta.

Também na capital, o BRT, que funciona desde a manhã com apenas 50% da frota, solicitou que os usuários evitassem retornar para casa no horário do rush. A partir das 16h, os horários de saída dos coletivos foram ainda mais reduzidos devido à falta de diesel. Os serviços que circulam na avenida Cesário de Melo e no trecho entre Madureira e Fundão continuam interrompidos.

O BRT montou operação especial para atender os passageiros durante a madrugada. De 0h às 4h, vão circular, em caráter excepcional, com saída de hora em hora, as linhas Alvorada - Santa Cruz, Alvorada - Madureira, Recreio - Vila Militar e Jardim Oceânico - Centro Olímpico. Ainda não foi informado, no entanto, o número de coletivos que irão sair às ruas nesta sexta.

A SuperVia, que administra o transporte ferroviário urbano do Rio, disse que aumentou o número de composições circulando. Pela manhã, 5.000 passageiros a mais utilizaram o serviço.

Segundo o MetrôRio, as linhas 1, 2 e 4 operam normalmente. A concessionária informou que, caso seja necessário, também estenderá a operação de horário de pico até mais tarde esta noite e durante a operação de amanhã.

Nesta quinta, a circulação das barcas é normal, mas a travessia entre Rio e Niterói terá o serviço modificado devido à falta de combustíveis. As viagens entre as estações Praça XV e Arariboia não serão realizadas neste final de semana. Entre os dias 25 e 28, as viagens de 10h30 e 11h30 entre Charitas e Praça XV assim como as previstas para 11h e 12h entre Praça XV e Charitas não ocorrerão. A linha que atende Paquetá teve os horários modificados.

De acordo com a rodoviária Novo Rio, algumas viagens podem sofrer alterações nos horários. A recomendação é de que o passageiro entre em contato com as empresas de ônibus antes de se direcionar à rodoviária. Até o momento, não há registro de viagens canceladas.

Recife

A greve dos caminhoneiros também afetou o abastecimento nos postos de combustíveis e empresas de ônibus do Nordeste já operam com frota reduzida nesta quinta.

Em Recife e região metropolitana, a frota está reduzida em 30%. A Urbana (Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco) informou que só tem estoque de combustível até domingo (27). Hoje, o Grande Recife Consórcio de Transporte informou que as empresas rodoviárias estão autorizadas a reduzir a frota em 50% --a redução poderá ocorrer fora do horário de pico, das 8h às 17h.

João Pessoa

Em João Pessoa, a frota de ônibus operou até esta manhã com redução de 25% e, em Campina Grande, maior cidade do interior da Paraíba, a redução foi de 40%. A Semob (Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana) autorizou que as empresas da capital circulem com a redução de 25% da frota, como ocorre aos sábados.

Mas, a falta de combustíveis vem afetando gradativamente as empresas de transporte rodoviário e, segundo o presidente do Sintur (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivos Urbanos), Isaac Júnior Moreira, 50% da frota ficou recolhida sem combustível na tarde de hoje. Ele contou que nesta tarde empresas informaram que já estão com reservatórios zerados e não sabem como vão operar as linhas nesta sexta.

A STTP (Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos) autorizou que, em Campina Grande, as empresas diminuam a frota em 40%. “Estamos em colapso de abastecimento de óleo diesel para o transporte público. No entanto, vamos, como medida para racionalizar a operação, diminuir a frota, visto que já temos casos de ônibus sem combustível”, diz a nota.

Natal

Em Natal, duas empresas de ônibus estão operando com 40% da frota reduzida nesta quinta. A Cidade das Dunas, que faz as linhas da região metropolitana, e a Cidade do Natal, que opera algumas linhas na capital potiguar, colocaram apenas 60% dos veículos por dificuldade de abastecimento. A STTU informou que todas as empresas estão autorizadas a operar com 40% da frota a partir desta sexta.

Usuários do transporte coletivo tiveram dificuldades para se deslocarem hoje. Além da falta de ônibus em Natal, rodoviários resolveram protestar e paralisaram parte da frota devido à violência enfrentada por motoristas --desde ontem, dois condutores foram esfaqueados. O protesto durou a manhã toda e fechou o viaduto de Igapó, principal corredor de entrada e saída da zona norte.

Aracaju

Em Aracaju, 30% da frota de ônibus foi afetada com a falta de combustível e deixou de circular nesta quinta, segundo dados da SMTT (Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito de Aracaju). A redução significou 150 veículos a menos circulando e o impacto já foi sentido pelos usuários que passaram mais tempo nas paradas de ônibus à espera de condução.

A recepcionista Flavia Rosendo, 35, contou que chegou 25 minutos atrasada ao trabalho porque o ônibus do centro ao bairro de Atalaia demorou mais do que o previsto. “Não só eu cheguei, como outros funcionários daqui. Todo mundo se atrasou”, conta.

São Luís

A falta de combustível não afetou as empresas rodoviárias de São Luís e hoje os ônibus circularam normalmente. Entretanto, duas empresas já informaram que vão reduzir a frota de veículos na rua nesta sexta-feira porque estão com os estoques de combustível acabando.

Segundo o Set (Sindicato das Empresas de Transporte), as empresas Ratras e Taguatur já enfrentam problemas nos estoques de diesel e, em uma reunião ocorrida nesta tarde, os empresários decidiram reduzir em 50% a frota na sexta para que o uso de diesel seja racionalizado até o final da greve dos caminhoneiros.

Maceió e Salvador

A frota de ônibus em Maceió não sofreu redução por conta de falta de combustível. As empresas ainda operaram com a frota normal. Entretanto, a SMTT (Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito) informou que já autorizou redução de 10% na frota dos ônibus para manter o transporte público funcionando sem prejudicar os usuários.

A falta de combustível não afetou o transporte público em Salvador. Os ônibus circulam normalmente nesta quinta-feira, segundo a Semob (Secretaria de Mobilidade de Salvador). O secretário de Mobilidade Urbana, Fábio Mota, afirmou que as empresas confirmaram que há combustível suficiente para manter a frota circulando normalmente até o próximo domingo (27).

*Colaboraram Aliny Gama, Daniela Garcia e Paula Bianchi