Líder do PCC no Ceará criou perfil para ameaçar policiais usando nome do CV
Um líder do PCC no interior do Ceará criou um perfil falso no Facebook para divulgar ameaças e intimidações a agentes de segurança, que as imputou ao CV (Comando Vermelho). O intuito era prejudicar a facção rival e ganhar força no tráfico de drogas na região de Ipu (295 km de Fortaleza).
Os detalhes da empreitada constam na sentença dos juízes da Vara de Delitos de Organizações Criminosas que condenou Alexandre da Silva Facundo, também conhecido como "Sagaz do Ipu", no último dia 25 de novembro, a 33 anos e 19 dias de prisão por tráfico de drogas, organização criminosa e associação para o crime.
Segundo a investigação, ele possuía uma "elevada posição hierárquica dentro da organização" e até batizava novos membros do grupo. Também atuava para cooptação de adolescentes. Ele também já havia sido condenado anteriormente por porte ilegal de arma de fogo e receptação.
O acusado integra e exerce função de comando, trata-se de organização criminosa de alta periculosidade, constituída para prática de crimes graves (roubos, homicídios, tráfico de drogas, associação para o tráfico e porte de armas ilegais) e das mais variadas espécies, além de manter em suas bases milhares de integrantes, abrangendo boa parte dos municípios do Estado do Ceará, sendo notório o uso de violência contra pessoas, com homicídios e torturas, além do uso de grave ameaça exercida com a ostentação de armas de fogo contra comunidades inteiras, além do próprio Estado.
Sentença
"Colecionador de almas"
A descoberta do uso da tática de imputar ameaças a rivais foi descoberta durante investigação sobre tráfico de drogas e a atuação organização criminosa que atuava em Ipu.
O perfil criado foi intitulado "Colecionador de almas." Segundo investigação da Polícia Civil, a ideia de "Sagaz" era para tentar desviar o foco das autoridades para os rivais do CV e assim recuperar territórios para o tráfico de drogas.
De fato, ameaçando os policiais da cidade por intermédio de um perfil falso atribuído ao CV, ALEXANDRE FACUNDO intentava a prisão do maior número possível de integrantes dessa facção.
Sentença
Um dos casos mais emblemáticos, diz a sentença, ocorreu no dia 16 de outubro de 2021, poucos dias após um integrante do CV ser morto pela polícia cearense em suposta troca de tiros. Nesse dia, "Sagaz" fez a publicação de um "salve" (termo usado quando uma facção quer passar um recado público aos membros) na cidade de Ipu pedindo "lealdade" aos membros da facção.
No comunicado, ele exigia que criminosos ligados ao CV depredassem o patrimônio público no município como forma de vingar a morte do integrante. Além disso, pediu que matassem policiais e guardas municipais da cidade.
Na noite do dia 28 de outubro, novas ameaças foram publicadas no perfil, colocando a foto do delegado de Ipu.
Após a postagem, a polícia desconfiou da fraude e deflagrou dois dias depois uma operação chamada "Fake Threat" (falsa ameaça), que prendeu 11 suspeitos. "Sagaz" foi preso então naquela manhã em Fortaleza, de onde exercia a liderança do grupo.
Após uma perícia, a polícia descobriu que o perfil foi criado de um computador em nome da mulher que era companheira de 'Sagaz", concluindo assim a investigação do caso.
A coluna não conseguiu contato com a defesa de Alexandre da Silva. No depoimento do processo, ele negou todas as acusações e disse não tinha envolvimento com o PCC e com o tráfico de drogas.
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