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SP deve ter sábado com 40% da frota de ônibus; no Rio, BRT para durante madrugada

Caminhoneiros interrompem o tráfego no sentido Interlagos da Marginal Pinheiros, altura da ponte Eusébio Matoso, em São Paulo - RODRIGO PAIVA/ESTADÃO CONTEÚDO
Caminhoneiros interrompem o tráfego no sentido Interlagos da Marginal Pinheiros, altura da ponte Eusébio Matoso, em São Paulo Imagem: RODRIGO PAIVA/ESTADÃO CONTEÚDO

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo*

25/05/2018 18h19Atualizada em 26/05/2018 03h24

Em seu quinto dia, a greve de caminhoneiros e a consequente dificuldade para a chegada de combustíveis aos postos de abastecimento provocou uma redução da frota de ônibus em parte das capitais brasileiras. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro adotaram uma série de medidas de contingência para manter o funcionamento de serviços públicos. Mas, com menos ônibus rodando, os usuários enfrentaram dificuldades na volta para casa nesta sexta. No sábado, a previsão também é de redução na oferta de transporte público em parte das capitais.

São Paulo

Na capital paulista, os ônibus devem operar durante o fim de semana com 40% da frota prevista, segundo informações da SPTrans. Na capital, 48% da frota estava em operação na noite de sexta. 

No pico da manhã desta sexta, circularam na capital paulista cerca de 60% dos ônibus programados para o horário. Para compensar a redução na frota de ônibus na cidade, tanto o metrô como a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) mantêm sua capacidade total de operação durante todo o dia. A frota de trólebus está 100% operacional.

O rodízio municipal de veículos está suspenso desde quinta (24). De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a cidade registrou 5 km de lentidão às 20h nesta sexta. A média para esse horário é de 65 km a 97 km.

Por volta das 20h30, as linhas 4-amarela e 2-verde do metrô de São Paulo apresentavam um número visivelmente inferior de passageiros em relação à média para o horário.

Os 5 km de lentidão foram registrados na marginal Pinheiros, no sentido Interlagos. Segundo a CET, o congestionamento foi reflexo de uma manifestação que, mais cedo, interditou a pista expressa.

Nesta manhã, o prefeito Bruno Covas (PSDB) decretou estado de emergência na cidade, que permite que a prefeitura faça compras sem licitação e requisite ou apreenda bens privados, como combustível que esteja estocado em um posto. A prefeitura, no entanto, não informou se já adotou alguma medida com base no decreto.

Em entrevista à “GloboNews”, Covas informou que a prefeitura conseguiu comprar 240 mil litros de diesel, que foram retirados e transportados de uma distribuidora com auxílio da PM (Polícia Militar). Segundo ele, o combustível está sendo distribuído para que o serviço de ônibus em São Paulo possa ser oferecido até segunda-feira (28).

A greve dos caminhoneiros chegou a afetar também o serviço de coleta de lixo. Nesta sexta, a prefeitura informou que as concessionárias conseguiram adquirir combustível para a coleta de lixo domiciliar, que está mantida para esta noite e para amanhã, durante o dia. As empresas irão reavaliar os estoques para decidir se conseguirão realizar a coleta noturna de sábado.

A CET liberou  caminhões para transitarem a qualquer hora nas áreas que tem restrições a circulação desse tipo de veículo, geralmente onde há núcleos de comércio e de serviços, para "garantir o abastecimento de serviços essenciais". Em dias normais, caminhões só podem circular nessas regiões de segunda a sexta, das 5 às 21h, e aos sábados, das 10 às 14h.

Já a ZMRF (Zona de Máxima Restrição ao Fretamento), que limita os horários que os veículos fretados podem circular, o serviço de Zona Azul e as regras de circulação em faixas e corredores de ônibus, permanecem os mesmos, informa o órgão.

Rio de Janeiro

A cidade do Rio de Janeiro está em estágio de atenção. A medida, segundo o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, foi tomada devido aos impactos dos bloqueios em rodovias de acesso à cidade no funcionamento dos serviços de infraestrutura urbana –em especial na área de transportes.

A prefeitura informou que os impactos já são sentidos nos serviços de ônibus, de fornecimento de luz e de água. A Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) pede que a população economize água, já que o atraso na entrega de produtos químicos pode reduzir a produção.

A recomendação é que os cidadãos prefiram a utilização dos trens da Supervia, do MetrôRio ou ainda do VLT Carioca para locomoção.

De acordo com o Rio Ônibus, sindicato que reúne as empresas que operam na capital, 52% da frota estava circulando por volta das 20h. Já o BRT operava com 30% do total da frota. Os serviços no eixo da avenida Cesário de Melo e no trecho entre Madureira e Galeão estão interrompidos e as estações, fechadas.

Devido à falta de combustível, o BRT não vai operar durante a madrugada deste sábado. Os serviços serão interrompidos à meia-noite de hoje e devem ser retomados às 4h de amanhã.

A Supervia, que administra o transporte ferroviário urbano do Rio, informou que nesta sexta algumas viagens serão suprimidas nas extensões Guapimirim e Vila Inhomirim, que são operadas por locomotivas movidas a óleo diesel. No fim de semana, a circulação nessas extensões será suspensa.

De acordo com a rodoviária Novo Rio, é possível que algumas viagens sofram alterações nos horários. A recomendação é que o passageiro que ainda não tenha comprado sua passagem entre em contato com as empresas de ônibus antes de ir até a rodoviária.

A circulação de barcas permanece em funcionamento nesta sexta, com algumas alterações de horário entre hoje e segunda. No fim de semana, não será realizada a travessia entre Rio e Niterói.

Belo Horizonte

Na capital mineira, o sistema de transporte coletivo funciona nesta sexta e sábado com os horários de domingos e feriados. Metade da frota de ônibus da capital foi colocada fora de circulação por falta de combustível. As estações de Integração Barreiro, Diamante e Pampulha, que não possuem integração com o metrô, terão reforço nas linhas. Os horários de cada linha de ônibus podem ser consultados no site da BHTrans

Segundo a prefeitura, a coleta seletiva será interrompida em toda a cidade a partir desta sexta. Hoje, a coleta de lixo domiciliar é realizada apenas no centro, dentro dos limites da avenida do Contorno, e nas regiões leste, nordeste e noroeste. No sábado, não haverá coleta domiciliar em nenhuma região da cidade. Na segunda-feira, haverá coleta domiciliar apenas no centro, dentro dos limites da avenida do Contorno, e nas regiões leste, nordeste, noroeste, norte, Pampulha e Venda Nova.

Os metroviários de Belo Horizonte decidiram entrar em greve por tempo indeterminado a partir da terça-feira (29) por tempo indeterminado. Durante a paralisação, está previsto que o serviço vai funcionar em escala mínima no período da manhã, e suspenso no restante do dia.

Nesta sexta, houve fracasso na tentativa de mediação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) para impedir a paralisação. De acordo com o sindicato da categoria, os salários dos metroviários não têm reajuste há dois anos. Por dia, 210 mil pessoas utilizam o metrô na região na região metropolitana da capital mineira.

“É uma luta de direitos da categoria. Não tem nada tem a ver com a questão dos caminhoneiros. É uma forma de pressionar e resolver essa situação que vem se arrastando. Não recebemos nenhuma proposta”, afirmou o diretor jurídico do sindicato dos metroviários, Robson Zeferino. O UOL não localizou representantes da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) para comentar a questão. 

Ônibus e trens têm superlotação por causa de greve

Band Notí­cias

Porto Alegre

Em razão da greve dos caminhoneiros, o transporte coletivo funciona em esquema de atendimento emergencial em Porto Alegre nesta sexta. Até 23h30, os ônibus funcionam de hora em hora. No sábado (26), os ônibus vão operar de acordo com a tabela de horários dos domingos. No próprio domingo (27), os veículos não circularão para garantir que haverá combustível no horário de pico da segunda de manhã. 

Os roteiros do ônibus da linha turismo estão suspensos devido à falta de combustíveis. O Aeroporto Internacional Salgado Filho recebeu três carretas com combustível e deve operar normalmente até o fim desta sexta, segundo a Fraport, empresa que administra o aeroporto.

Salvador

A Prefeitura de Salvador informou nesta sexta que a frota de ônibus foi reduzida a 80% do total nos horários de pico e 40% nos demais horários. Caso a greve dos caminhoneiros continue, estes percentuais valerão também para segunda, terça e quarta da próxima semana.

Neste sábado, 50% da frota irá circular. Já no domingo, a capacidade de atendimento será de 30%. Segundo a prefeitura, pode haver novos ajustes em função da demanda pelo serviço de transporte, que será acompanhada pela Semob (Secretaria de Mobilidade).

A falta de combustíveis ainda não afetou as ambulâncias do Samu, que possuem reserva até a próxima quarta-feira. O mutirão de vacinação contra o vírus da gripe, previsto para este sábado, está mantido.

A prefeitura afirmou ainda que pretende manter a coleta de lixo, mas que o serviço pode sofrer atrasos devido à dificuldade de circulação dos veículos que levam o material recolhido até o aterro sanitário.

Distrito Federal

Quatro empresas do transporte público que atendem a maior parte da população operaram normalmente nesta sexta, segundo o governo do Distrito Federal. Pelo menos 31 caminhões com combustíveis foram escoltados pela PM desde o centro de distribuição no Setor de Indústria e Abastecimento até os postos entre a noite desta quinta e 17h40 desta sexta.

As aulas nas escolas públicas foram suspensas nesta sexta por determinação do governador, Rodrigo Rollemberg. De acordo com o governo, a medida foi tomada para garantir a segurança das crianças diante de possíveis interrupções no sistema de transporte e para evitar engarrafamentos.

Rollemberg determinou ainda que a PM desobstrua as rodovias federais, seguindo uma decisão favorável ao fim dos protestos da Justiça Federal.

A Polícia Civil do DF também afirmou que vai abrir investigações criminais para apurar casos de preços abusivos e irregularidades em postos de combustíveis. Se confirmados os abusos, a multa varia de R$ 400 a R$ 6 milhões.

*Colaboraram Carlos Eduardo Cherem, em Belo Horizonte, e Luciana Amaral, em Brasília