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Com tiroteio, grupo de alunos fica preso no Morro da Urca, no Rio

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

09/06/2018 16h21

O confronto desta sexta-feira (8) no Morro da Babilônia, no bairro do Leme, que interrompeu pela primeira vez na história o funcionamento do Bondinho do Pão de Açúcar, na zona sul carioca, deixou um grupo de 30 crianças entre sete e 13 anos preso no Morro da Urca. Os estudantes da escola municipal Roberto Freire, de Queimados, na Baixada Fluminense, tiveram que ficar no local mesmo após o encerramento das atividades devido ao intenso tiroteio na região.

Outras duas escolas, que participariam da 9ª Semana do Meio Ambiente na tarde desta sexta, também não puderam subir e tiveram que retornar para as suas unidades devido à falta de segurança.

A professora de artes Sueli Mendonça, que participava do evento, contou que as crianças foram abrigadas no anfiteatro e foram dados lanches e cobertores para todos que estavam no local.

“O pessoal do bondinho avisou pra gente que ninguém sobe e ninguém desce e aí tivemos toda uma preocupação para que as crianças não percebessem o que estava acontecendo. Nós demos continuidade às atividades, mas fomos ficando preocupados, sem saber até que horas íamos ficar ali, começamos a nos perguntar se mesmo lá em cima estávamos seguros, se bandidos não poderiam subir pela mata”, contou a professora que levou a filha de dez anos para participar das atividades.

“Minha filha me perguntou se eles [bandidos] iam subir, iam atirar. Ela acabou sabendo e chorou. A sensação dela é que tudo estava acontecendo em cima. É uma sensação de impotência”, disse a professora.

O grupo escolar e outros 100 turistas que estavam no local tiveram autorização para deixar o Morro da Urca às 17h, após o tiroteio cessar.

O aeroporto Santos Dumont, na zona sul do Rio, também precisou fechar para pousos e decolagens por 15 minutos devido ao confronto.

Disputa por territórios

No mês de abril, o morro da Babilônia sofreu a primeira tentativa de invasão de traficantes rivais – semelhante ao episódio que ocorreu na Rocinha, em São Conrado, em setembro do ano passado.

Na ocasião, o episódio envolveu as facções Terceiro Comando Puro (TCP), que dominava o Chapéu Mangueira, e o Comando Vermelho (CV), responsável pelo tráfico da Babilônia.

A partir deste ataque, a região que conta com UPP (Unidade de Polícia pacificadora) passou a sofrer com confrontos e invasões frequentes.
Nesta sexta (8), o confronto começou após o Batalhão de Choque (BPChoque) iniciar uma operação na região, pela mata em direção às duas comunidades, onde policiais se depararam com um grupo de homens armados.

Um policial do BPChoque foi ferido nas pernas por estilhaços de granada.

No confronto, PMs foram encurralados e um helicóptero da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, foi deslocado para o local para auxiliar os policiais.

Na operação, a PM apreendeu seis fuzis na mata e prendeu um criminoso.

Devido à troca de tiros, o Exército chegou a acionar o Primeiro Batalhão de Guardas para proteger a Vila Militar residencial que existe no Morro da Babilônia e também para proteger os quartéis do Leme e da Praia Vermelha, na Urca. O bairro possui uma série de unidades militares como o Círculo Militar da Praia Vermelha e a Escola Superior de Guerra.