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O que se sabe sobre os sete corpos achados em costão na zona sul do Rio

Bombeiros resgatam corpos em costão próximo à Praia Vermelha  - Domingos Peixoto / Agência o Globo
Bombeiros resgatam corpos em costão próximo à Praia Vermelha Imagem: Domingos Peixoto / Agência o Globo

Do UOL, no Rio*

11/06/2018 15h40

A Polícia Civil está investigando as circunstâncias das mortes de sete supostos criminosos cujos corpos foram encontrados no domingo (10) em um costão próximo ao mar, entre os bairros Urca e Leme, na zona sul carioca -- nos arredores do Pão de Açúcar, um dos pontos turísticos mais famosos do Rio de Janeiro.

Os corpos foram encontrados em meio a uma onda de confrontos envolvendo duas facções criminosas e policiais militares nessa região. Na última sexta-feira (8), uma troca de tiros entre policiais e traficantes na Praia Vermelha (Urca), provocou o fechamento do teleférico do Pão de Açúcar e do aeroporto Santos Dumont.

Foi a primeira vez que o bondinho, que funciona desde 1909, foi fechado por conta da violência urbana. O episódio ocorre no período em que a segurança do estado se encontra sob tutela federal.

A família das vítimas acusou a policiais de matarem os sete homens após ele serem rendidos. No entanto, o laudo preliminar da morte mostra que os corpos têm marcas de tiros que foram disparados à distância, o que contradiz a versão de parentes. O laudo final será concluído em breve. Até o momento, a Polícia Militar não comentou o caso.

Entenda abaixo o que se sabe sobre as mortes.

Como começou o conflito na região?

O encontro dos corpos pode ser o episódio mais recente de uma onda de conflitos envolvendo membros das facções criminosas rivais CV (Comando Vermelho) e TCP (Terceiro Comando Puro).

Há anos os dois grupos se enfrentam nas favelas da Babilônia, dominada pelo CV, e Chapéu Mangueira, controlada pelo TCP. Essas comunidades ficam a poucos metros de ruas badaladas do Leme e de Copacabana, frequentadas pela classe média carioca. Os criminosos disputam o controle de pontos de venda de drogas que atraem clientes de alto poder aquisitivo.

A atual onda de violência teve início em 2017. Apontado pela polícia como chefe do tráfico na favela Chapéu-Mangueira, Paulo Roberto da Silva Taveira, conhecido como Cara Preta, estava preso desde 2009, mas conseguiu autorização judicial para visitar a família em julho do ano passado. Ele saiu e nunca mais voltou à prisão. Desde então, passou a reunir armas e comparsas para tomar o controle do tráfico na Babilônia.

Uma tentativa de invasão ocorreu em fevereiro deste ano. Na sequência, o Comando Vermelho respondeu com outra ofensiva.

Os confrontos recrudesceram na terça-feira (5) da semana passada, quando a região assistiu a um tiroteio que moradores classificaram como um dos mais violentos em anos. Desde então, policiais de unidades de elite da Polícia Militar passaram a fazer incursões mais frequentes nas favelas e nas matas que circundam a região.

Na última sexta-feira (8), o conflito se espalhou para o bairro vizinho da Urca, próximo à entrada do bondinho. Criminosos teriam conseguido chegar à região vindos do Leme por uma trilha na mata e acabaram sendo surpreendidos por policiais militares que realizavam uma operação na região desde o início da manhã. Um policial foi ferido nas pernas por estilhaços da explosão de uma granada de mão e um suspeito foi preso. 

Onde estavam os corpos?

Seis foram localizados em uma área perto da Praia Vermelha, na Urca, em uma encosta conhecida como Pedra do Anel. Eles foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros.

A sétima vítima foi encontrada por seus familiares em uma região de mata nas imediações do Forte Duque de Caxias, instalação militar também conhecida como Forte do Leme.

De acordo com a Divisão de Homicídios, que assumiu o caso, cinco dos sete homens vestiam roupas camufladas e coletes de estilo militar.

Quem eram as vítimas?

Até o fechamento desta reportagem, apenas dois mortos haviam sido identificados oficialmente pela polícia: Daniel Duarte e Isaac Sousa Santos, ambos de 27 anos. Os dois homens identificados tinham passagens pela polícia por associação para o tráfico de drogas e participação em organização criminosa.

Segundo parentes que retiraram um dos corpos da mata disseram que o nome da vítima era Franklin Miranda, 29. Ele estaria envolvido na disputa entre facções criminosas e residia no Complexo da Maré, de acordo com relatos dos familiares. A Polícia Civil não confirmou as informações.

Quem foi o responsável pelas mortes?

Ainda não é possível saber. Parentes afirmam que os sete homens encontrados no domingo teriam sido mortos por policiais militares. Os familiares acusaram a polícia de ter atirado neles dentro da mata. Os assassinatos teriam ocorrido após os homens terem se rendido.

Em mensagens de grupos de Whatsapp, supostas testemunhas também teriam relatado que PMs envolvidos na operação de sexta-feira (8) na Praia Vermelha teriam mencionado durante a ação que teriam entrado em confronto com ao menos cinco suspeitos em um matagal.

Porém esses relatos não foram confirmados por nenhuma fonte independente.

A principal linha de investigação da Polícia Civil é que os homens tenham sido mortos em um confronto entre traficantes de drogas.

(Com informações da Agência Brasil e do Estadão Conteúdo)