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Governo federal analisa pedido de direção de museu por novo terreno

Foto: Tânio Rego/Agência Brasil
Imagem: Foto: Tânio Rego/Agência Brasil

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

03/09/2018 19h32Atualizada em 04/09/2018 11h55

O pedido da direção do Museu Nacional do Rio de Janeiro para que um terreno da União seja doado à instituição está em análise pelo governo federal, segundo informou nesta segunda-feira (3) o Ministério do Planejamento ao ser questionado pelo UOL sobre o assunto.

A intenção do diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, é de que um terreno pertencente ao governo federal e vizinho à instituição seja doado para que se construam prédios que passem a abrigar funcionários da área administrativa. Assim, o edifício bicentenário do museu --agora destruído pelo incêndio deste domingo (2)-- ficaria livre para as exposições.

O pleito foi formalizado em duas reuniões de Kellner neste ano na Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do Planejamento. Segundo a pasta, ele se encontrou em 29 de maio e 18 de julho com o secretário da área, Sidrack Correia, para discutir a questão. O ministério afirmou que uma nova reunião entre os dois está marcada para a próxima quinta-feira (6).

Em maio, em entrevista à imprensa, Kellner afirmou que, para pedir a doação do terreno, vinha tentando audiência com a Presidência da República, mas que não passava "do cara do cafezinho". Na época, ele reclamou também da falta de recursos para a manutenção do museu e disse que o último presidente a visitar a instituição foi Juscelino Kubitschek, que governou entre 1956 e 1961.

Procurada pelo UOL, a Presidência da República afirmou que Kellner chegou a ir ao Palácio do Planalto neste ano, mas “sem prévio aviso”. Por isso, informou, não havia responsáveis que pudessem atendê-lo e não houve reunião no local sobre o Museu Nacional.

'Estou exigindo' o terreno da União, diz diretor

Nesta segunda, ao responsabilizar o governo federal pela falta de recursos para a instituição, Kellner disse que “seria uma irresponsabilidade querer que a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] abarcasse tudo”. O Museu Nacional é vinculado à universidade.

“Eu não estou mais pedindo o terreno da União. Mudou, estou exigindo. É barato, com R$ 200 mil se consegue. Já há uma década não existe investimento na manutenção. A ironia do destino é que o dinheiro [do BNDES] chegou. Só não deu tempo", falou.

O dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a que Kellner se refere é de um patrocínio de R$ 21,7 milhões por meio da Lei Rouanet para a revitalização do prédio. A primeira parcela, de R$ 3 milhões, seria entregue para a implementação de sistemas de combate a incêndios após as eleições.

"A responsabilidade é do governo federal, não adianta dizer que não. Tem que se falar diretamente. Se tivéssemos conseguido o terreno que pedimos aqui do lado, para o acervo, algo a mais teria sido salvo. Bastava bom senso. Só chorar não adianta. Nem manchete de jornais. O museu precisa de ajuda, já foi falado em diversas ocasiões. Isso é resultado de como tratamos nossa história", acrescentou.

Mais cedo, o ministro da Educação, Rossieli Soares da Silva, falou que a responsabilidade "não é exclusiva" do governo do presidente Michel Temer (MDB). Para Rossieli, ela deve ser compartilhada entre o atual governo federal, assim como com as gestões anteriores, e a sociedade em geral.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que questionou a comoção gerada pelo incêndio, disse que “agora que aconteceu, tem muita viúva chorando” e não ter visto reportagens mostrando a situação do museu ultimamente.

“Pelo menos num horário... Alguém destacando o museu, valorizando o museu para que ele se tornasse mais amado pela nossa população. Está aparecendo muita viúva apaixonada, mas, na verdade, essas viúvas não amavam tanto assim o museu em referência”, criticou.