Denúncias de assédio sexual contra João de Deus incluem criança, diz TV
Reportagem exibida na noite deste domingo (9) pelo programa "Fantástico", da TV Globo, apresentou mais denúncias de assédio sexual contra o médium João Teixeira de Faria, 76, conhecido como João de Deus. Segundo o programa, dezenas de novas denúncias de assédio foram reveladas por mulheres nas últimas 48 horas, desde que a denúncia original foi feita no programa "Conversa com Bial", na noite de sexta-feira (7), na TV Globo.
O "Fantástico" reuniu 25 relatos de mulheres que disseram ter sido abusadas por João de Deus e apresentou cinco deles. Os casos teriam ocorrido desde a década de 1980 até outubro do ano passado.
Algumas das vítimas, hoje mulheres adultas, disseram à reportagem do "Fantástico” terem sido abusadas pelo médium quando ainda eram criança ou adolescente.
Uma delas, que hoje tem 40 anos, conta que foi estuprada pelo menos dez vezes, quando tinha 11 anos. "Ele pediu para eu colocar a mão para trás e eu senti uma coisa estranha. Aí eu comecei a chorar. E eu falei assim: 'O que é que é isso?' E ele falou assim: 'É o que vai te curar'. Aí ele veio para a minha frente e fez o que fez comigo. Tudo que você imaginar. Eu falava com ele o tempo todo: 'Eu quero a minha mãe. Tá doendo'. E ele só falava: 'Fica quieta'".
Para outra mulher, a repórter questiona: "Por que você demorou tanto tempo para contar essa história?". Ela respondeu: "Porque eu achei que ninguém ia acreditar em mim. Porque ele é muito poderoso esse homem".
Outro caso mostrado é de uma mulher que conta ter sido abusada quando tinha 15 anos. Os pais dela saíram de São Paulo, onde moravam, em busca da ajuda do médium porque a jovem sofria de depressão. "Ele mesmo pegava a mão dele e fazia eu manipular o pênis dele, e eu tentando tirar e ele puxava. E ele falava assim: 'Se entrega, se entrega'."
"Ele aproveita das pessoas que estão fragilizadas, que estão doentes, que estão no fundo do poço", resumiu uma delas.
Todos os relatos de assédio que envolvem o médium apresentam um mesmo padrão. Após um atendimento inicial coletivo com a paciente, na casa onde atende no município de Abadiânia e faz as chamadas cirurgias espirituais, a casa Dom Inácio de loyola, em busca de uma cura física ou emocional, ele a convidava para um atendimento posterior individual num aposento à parte.
Então, compelia a mulher a tocá-lo na genitália, a masturbá-lo e mesmo induzi-la ao sexo oral e até a penetração sexual em nome de uma suposta cura ou limpeza.
Na casa, médium e equipe atendiam dez mil pessoas por mês, sem cobrar pelo atendimento.
Ao "Fantástico", o advogado do médium, Alberto Toron, afirmou que seu cliente se declara inocente: "Muito enfaticamente ele nega, ele recebe com indignação a incidência dessas declarações". Segundo Toron, "pessoas, mulheres e crianças, em geral, eram atendidas coletivamente diante de um grande número de pessoas", negando atendimentos individuais.
O advogado informou que, nesta segunda-feira (10), o médium estará à disposição da polícia para "ser ouvido em qualquer momento".
"Tudo isso deve ser objeto de uma investigação marcada pela seriedade e esperamos que isso aconteça para que a verdade venha à tona."
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