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Foragida da polícia, mãe é presa ao denunciar suposto sequestro de filha

Crime de latrocínio ocorreu em 2002, quando Marinéia Rocha esfaqueou um homem no pescoço após assaltá-lo - Divulgação/Polícia Civil - AM
Crime de latrocínio ocorreu em 2002, quando Marinéia Rocha esfaqueou um homem no pescoço após assaltá-lo Imagem: Divulgação/Polícia Civil - AM

Olga Bagatini

Colaboração para o UOL

05/02/2019 20h04

Uma mulher foi presa no domingo (3) em Manaus enquanto denunciava o suposto sequestro de sua filha de quatro anos. Ao ver os documentos e checar o nome de Marinéia Rodrigues da Rocha, 35, no sistema, a equipe da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) percebeu que havia dois mandados de prisão no nome dela, que é ré por latrocínio e estava foragida.

O crime ocorreu em 2002, quando Marinéia esfaqueou um homem no pescoço após assaltá-lo. Ele sobreviveu, mas a grave lesão sofrida enquadrou o crime como latrocínio. A pena prevista nesse tipo de delito pode chegar a 30 anos de prisão. 

Ao mesmo tempo em que a mulher era presa, o suposto sequestro da criança era tratado em outra sala da delegacia. Segundo a delegada titular do Depca, Joyce Coelho, um homem chegou com a menina nas primeiras horas da manhã de domingo alegando tê-la levado para casa para "resgatá-la" dos braços da mãe, que estava embriagada e incapaz de tomar conta da filha. 

"Ele disse que estava passando de carro e viu aquela situação, a criança no meio da rua, em situação de vulnerabilidade, caindo no chão, com a mãe embriagada", afirmou a delegada. "Elas estavam à beira de uma avenida movimentada e havia risco de atropelamento, então ele achou que ela estava correndo risco e decidiu levá-la para casa. Comprou um lanche e colocou a menina para dormir com sua filha de sete anos."

A criança foi encaminhada para exames de corpo de delito, a fim de identificar se houve algum tipo de violência contra ela. Mas, segundo a delegada, a menina "parece bem e tranquila", e foi entregue para o pai. 

Versões conflitantes

As versões de Marinéia e do homem são divergentes. Ela afirma ter saído de uma festa e recebido uma ligação de que um parente seu havia sido assassinado. Então teria passado mal próximo a uma parada de ônibus e desmaiado, e ao recuperar os sentidos, sua filha já não estaria mais por perto. 

A mãe também negou que estivesse embriagada e afirmou em depoimento que o pai da menina estava junto na festa e acabou deixando as duas sozinhas pouco antes do suposto desmaio. Já o homem que resgatou a criança afirma não ter visto ninguém além da mãe na cena presenciada.

Antes mesmo de Marinéia prestar queixa formal na delegacia, ela divulgou o desaparecimento. As autoridades investigam se a divulgação do caso teria levado o homem a devolver a criança após sequestrá-la intencionalmente ou se a versão dele é real.

"O relato do homem, comparado com o estado da criança, foi mais coerente, ainda mais se levar em conta o histórico de Marinéia. Vamos aguardar os exames. Se a versão do homem for confirmada, essa criança teve sorte de ser amparada por essa pessoa que aparentemente não fez mal nenhum a ela", afirmou a delegada Joyce Coelho.

A polícia investiga o caso, em busca de possíveis maus tratos, e busca testemunhas.