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Desmoronamento de encostas atinge ônibus e leva pânico a moradores no Rio

Luis Kawaguti

Do UOL, no Rio de Janeiro

07/02/2019 03h06Atualizada em 07/02/2019 10h11

O desmoronamento de ao menos duas encostas na favela do Vidigal, na zona sul do Rio de Janeiro, levou pânico a moradores da comunidade e a turistas de um hotel de luxo nesta quarta-feira (6), após chuva forte que caiu durante a noite.

Grande quantidade de pedras, lama e árvores atingiu um ônibus que trafegava ao lado da favela, na avenida Niemeyer, que liga o Leblon a São Conrado e é uma das principais vias de acesso entre as zonas sul e oeste. Uma passageira morreu. 

Bombeiros ainda trabalham neste início de manhã para acessar o veículo e uma outra possível vítima, que estaria presa. O motorista do veículo ficou ferido, mas foi retirado com vida.

O hall de entrada do hotel Sheraton, também na avenida Niemeyer, foi tomado pela água da chuva, segundo confirmou mais cedo a reportagem do UOL. Até pouco antes da meia-noite, os funcionários trabalhavam para retirar a água do local, e a maioria dos hóspedes estava resguardada em seus quartos.

"A ventania estava muito forte. Estávamos passando do lado do hotel. Achamos que a van iria cair no barranco", disse Fernanda dos Santos 30, que está grávida e integra um grupo de cerca de 10 pessoas, três delas crianças, que passou a madrugada dentro do veículo sem poder se movimentar. "Fiquei apavorada, achei que a gente fosse morrer. Estamos desde às 21h30 dentro da van porque caiu barranco na frente e atrás."

A reportagem conversou com dois passageiros que estavam em outro ônibus, que foi atingido por uma árvore em frente ao hotel Sheraton. "A gente estava no ônibus, tinha oito ou dez pessoas. Deu um barulho alto e vimos árvores caindo e as janelas do ônibus quebrando", disse um passageiro.

"Quando quebrou o vidro, eu já entrei em pânico. A gente acha força que não sabe que tem", disse outro passageiro, que, ao sair do ônibus, teve que caminhar na água. "A água estava na altura da cintura na avenida", disse.

O acesso à favela do Vidigal está totalmente bloqueado, e dezenas de moradores aguardam a abertura da via principal. Acessos secundários estão bloqueados pela lama ou por fios de alta tensão que caíram.

"Trabalho em Copacabana e não pude ir para casa. Estou esperando há mais de duas horas e meia. É muito arriscado passar pela barreira", disse 
o porteiro e morador do Vidigal José Wilson Ferreira, 34.

Outro morador, o motorista Fábio Costa, 36, se desesperou ao saber da situação na comunidade e só se acalmou ao conseguir falar com parentes pelo celular.

"É lamentável. Sou morador do Vidigal há 36 anos e, só na década de 1990, vi uma tragédia parecida, quando uma pedra rolou. Graças a Deus, todo mundo da minha família está bem", disse Costa. 

A Defesa Civil do município afirmou que ocorreram ao menos dois deslizamentos no Vidigal, e a área da favela está inacessível.

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TV Folha