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Prisão de chefe do PCC abre novo capítulo em guerra na fronteira

Líder do PCC na fronteira com o Paraguai, Minotauro foi preso pela PF - Divulgação
Líder do PCC na fronteira com o Paraguai, Minotauro foi preso pela PF Imagem: Divulgação

Vinicius Konchinski

Colaboração para o UOL, em Curitiba

07/02/2019 04h01

Resumo da notícia

  • Lìder do PCC foi preso nesta terça-feira (5) em Balneário Camboriú (SC)
  • Minotauro comandava tráfico na fronteira entre Mato Grosso do Sul e Paraguai
  • Ausência do traficante abre espaço para disputa pela liderança na fronteira
  • Guerra pelo comando da região acumula casos de atentados e mortes

A prisão de Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro, deu início a uma nova fase do conflito pelo controle do tráfico de drogas na fronteira entre Brasil e o Paraguai. Minotauro é considerado por autoridades brasileiras e paraguaias o chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região de Ponta Porã (MS). Ele foi preso pela Polícia Federal na segunda-feira (4) em um apartamento em Balneário Camboriú (SC) após seis meses de investigações.

Minotauro é suspeito de ordenar uma série de execuções ocorridas tanto no Brasil quanto no Paraguai desde de 2017. Todas elas, segundo investigadores, estão ligadas a um esforço do PCC para assumir o comando do comércio ilegal de drogas provenientes do Paraguai e Bolívia.

A disputa pelo controle do tráfico na região tornou-se mais intensa há três anos. Desde então, meios de comunicação já noticiaram mais de 30 pessoas assassinadas por conta do conflito.

Na terça-feira (5), Exército, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, além da polícia do Paraguai, reforçaram seu patrulhamento na região de Ponta Porã. Os efetivos vão colaborar com uma operação das forças de segurança do Mato Grosso do Sul iniciada no último 18 com o objetivo de reduzir a violência na região de fronteira com o Paraguai.

Execução de chefe da fronteira inicia guerra

A primeira vítima dessa guerra entre quadrilhas na fronteira Brasil-Paraguai foi justamente aquele que era apontado como o chefe do tráfico de drogas na região: o brasileiro Jorge Rafaat  Toumani. 

Em junho de 2016, Rafaat dirigia um carro blindado em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia na divisa com o Brasil. Eram 18h45. O carro de Rafaat foi cercado por outros veículos. Um deles transportava uma metralhadora antiaérea. Os tiros vindos dela romperam a blindagem do carro de Rafaat e o mataram no local da emboscada. 

Traficante brasileiro intensifica ofensiva

Um dos suspeitos de planejar a execução de Rafaat é o traficante brasileiro Jarvis Gimenez Pavão, que naquela época cumpria pena por lavagem de dinheiro no Paraguai. Pavão, segundo investigadores, era sócio de Rafaat e teria decidido comandar sozinho o tráfico da fronteira.

Pavão seguiu em ofensiva. Em outubro de 2016, Orlando da Silva Fernandes, apontado como ex-segurança de Rafaat, foi metralhado em Campo Grande (MS). 

Em dezembro 2017, Pavão foi extraditado para o Brasil e levado para o Presídio Federal da Mossoró (RN). Antes disso, porém, seu plano de controlar a fronteira já sofria com a ação do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região de Ponta Porã.

PCC inicia movimento por controle do tráfico

Em março de 2017, o irmão mais novo de Jarvis Pavão, Ronny Chimenes Pavão, foi metralhado enquanto caminhava em Ponta Porã. O assassinato foi atribuído ao PCC, que naquela época deixava claro que pretendia controlar o tráfico Brasil-Paraguai. A guerra entre o grupo de Pavão e a facção originada em presídios de São Paulo estava declarada.

O conflito entre os grupos causou dezenas de mortes em 2018. Só entre 13 e 20 de outubro do ano passado, 12 execuções foram contabilizadas por autoridades do Paraguai.

Em novembro, a advogada de Jarvis Pavão, Laura Marcela Casuso, foi executada em Pedro Juan Caballero. Segundo a PF, o assassinato foi uma ordem de Minotauro, o homem do PCC que agora já era conhecido na região como o novo chefe do tráfico.

Prisão de líder abre vácuo na chefia do tráfico

A prisão de Minotauro é resultado de seis meses de investigação da PF. Ele foi capturado em Santa Catarina, onde o controle do tráfico de drogas vindas do Paraguai foi do grupo de Pavão. "O fato de Minotauro estar lá [em Balneário Camboriú] é mais um indício de que o PCC queria tomar terreno do grupo de Pavão", disse o promotor do Paraguai, Hugo Volpe.

Volpe já declarou em entrevista ao UOL que o PCC é a maior ameaça ao Paraguai atualmente. Ele mesmo já foi ameaçado de morte pela facção.

"Estamos mais tranquilos pela prisão de Minotauro. Mas sabemos que a morte ou a prisão de um líder do tráfico não significa o fim do conflito", complementou o promotor. "Esse vácuo no poder vai gerar disputas. Esperamos que elas não sejam tão sangrentas."

O UOL não conseguiu contato com a defesa de Minotauro.

Conheça a trajetória do PCC (Primeiro Comando da Capital)

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