Agressor de empresária é alvo da OAB-RJ e pode ter registro cassado
O estudante de direito Vinícius Batista Serra, de 27 anos, terá a sua situação avaliada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e pode ter seu registro de estagiário de direito cassado após ser preso em flagrante por espancar a empresária e paisagista Elaine Caparróz, no imóvel dela na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.
Ele foi aprovado no último exame da OAB que ocorreu no dia 20 de janeiro. O resultado do exame foi divulgado no dia 12 de fevereiro - cinco dias antes dele cometer o crime. A aprovação no exame é requisito necessário para a inscrição nos quadros da entidade como advogado.
Procurada, a assessoria de imprensa da OAB no Rio de Janeiro informou que o Tribunal de Ética da Ordem está acompanhando o caso para avaliar quais medidas podem ser adotadas. Uma das medidas pode ser cassar o registro do estudante.
A assessoria explicou que a aprovação no exame não ocorre de forma automática. No caso de Serra, era preciso ainda "preencher outros requisitos como idoneidade moral".
Ontem, o advogado da empresária, João Francisco Neto, informou através de nota, que a família "tomará as medidas judiciais cabíveis para que o ofensor seja julgado e punido por seu mau comportamento. De agora em diante, a vítima deseja apenas focar na sua recuperação física e psicológica", disse a defesa através de um comunicado enviado à imprensa.
Serra, que alegou surto psicótico, continua preso no Complexo de Benfica, na zona norte da cidade, e deve responder por tentativa de feminicídio, cuja pena mínima é de ao menos quatro anos de prisão. O agressor teve a prisão preventiva decretada pela Justiça na última segunda-feira (18). O juiz também determinou o encaminhamento dele para exame psicológico.
Polícia aguarda depoimento de vítima
Mãe do lutador de jiu-jítsu, Rayron Gracie, Elaine continua internada no Hospital Casa Portugal, na zona norte. A polícia aguarda a recuperação da vítima para que possa ouvi-la em depoimento. A previsão é que as informações sejam colhidas nos próximos dias.
A família de Vinícius também foi chamada para prestar depoimentos mas não compareceu à delegacia. Segundo a delegada, responsável pelo caso, Adriana Belém, o depoimento de parentes era necessário para traçar um perfil do acusado.
"Estou tentando também fazer com que os pais do Vinícius [agressor] deem depoimento. Eles foram intimados, mas não compareceram. Queria ouví-los para fazer um perfil do agressor, mas os pais não têm obrigação de dar essas informações, pois não estão envolvidos no caso", explicou ontem a delegada ao UOL.
Relembre o caso
A empresária foi agredida dentro do seu imóvel na Barra da Tijuca, após marcar um jantar com Vinícius Serra, 27, que conheceu pela internet. Os dois trocaram mensagens por oito meses antes de marcar o primeiro encontro. A empresária contou que os dois jantaram e que depois ele pediu para dormir na casa dela.
"Eu acordei com ele esmurrando a minha cara", contou a empresária. A vítima foi agredida durante quatro horas. Ela gritou por ajuda. Funcionários do prédio acionaram a polícia e impediram que o agressor deixasse o condomínio.
O porteiro Juciley Souza Andrade, 44, contou ontem em depoimento que se demorasse mais 10 ou 15 minutos para socorrer, a mulher estaria morta. "Nunca vi um cenário como aquele em que a encontrei", contou, lembrando que havia sangue por todo lado.
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