PMs são afastados após quebrarem braço de petista em delegacia, diz ouvidor
Pelo menos quatro policiais militares foram afastados do serviço de patrulhamento das ruas por envolvimento na abordagem que resultou na quebra do braço esquerdo de Geovani Leonardo Doratiotto da Silva, advogado e dirigente do PT. O caso aconteceu ontem (3) em uma delegacia de Atibaia (SP).
A informação do afastamento dos PMs foi confirmada pelo ouvidor da polícia do estado de São Paulo, Benedito Mariano. "De acordo com a Corregedoria da PM, eles ficarão afastados até a conclusão da investigação."
Mariano havia enviado a gravação à Corregedoria da Polícia Militar pedindo que fosse aberta uma investigação sobre o caso. Em paralelo, Mariano conduzirá sua própria apuração ao ouvir Doratiotto, cujo depoimento está marcado para a tarde de quarta-feira (6).
"O vídeo mostra que a quebra do braço é resultado do uso excessivo da força por parte dos policiais militares, a princípio. Vamos começar a apuração ouvindo Doratiotto, que passará por exames de corpo delito, caso já não tenha feito. Vamos pedir também o registro da ocorrência na delegacia", afirma.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou em nota que a PM instaurou um inquérito policial militar para apurar a conduta dos agentes envolvidos na ocorrência.
A ocorrência aconteceu ontem (3), depois que o petista foi levado algemado para o posto policial, após discutir com apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante a passagem de um bloco de carnaval em Atibaia. De acordo com a nota da SSP, ele foi levado à delegacia "após agredir pessoas em uma praça de Atibaia".
Doratiotto, presidente do diretório municipal do PT na cidade, usava uma camisa branca com a foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os dizeres "Lula Livre!".
Na delegacia, o petista reclamou da abordagem dos PMS. No vídeo, é possível ouvir um dos policiais militares dizer que o algemaria de novo.
"E o que você fazer depois de me algemar?", responde o petista.
O bate-boca prossegue até que outros dois policiais militares e um homem em trajes civis agarram Doratiotto pelas costas e o levam para uma sala da delegacia. Durante a altercação, o braço esquerdo é puxado por um dos PMs. É possível ouvir uma das pessoas presentes dizer "quebrou o braço".
Numa rede social, a mulher de Doratiotto disse que ele teve o úmero (o maior osso do braço) quebrado e que ele perdeu os movimentos dos dedos. O UOL telefonou e enviou mensagens para o petista, mas não obteve retorno.
O deputado federal Alencar Santana (PT) afirmou que o PM agiu com a "intenção de quebrar o braço" de Doratiotto. "Esperamos a punição de todos envolvidos nesta agressão."
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