Topo

"Entre perder o barracão e a vida, fique com a vida", diz Doria após chuvas

"Faço um apelo para as pessoas que moram em locais de risco, um apelo à Defesa Civil para que convençam essas pessoas a irem para os abrigos da Prefeitura", disse Doria - Adriano Machado/Reuters
"Faço um apelo para as pessoas que moram em locais de risco, um apelo à Defesa Civil para que convençam essas pessoas a irem para os abrigos da Prefeitura", disse Doria Imagem: Adriano Machado/Reuters

Alex Tajra e Marcela Leite*

Do UOL, em São Paulo

11/03/2019 17h54

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez um apelo às pessoas que moram em locais de risco, como encostas e barrancos, para que deixem suas casas e permaneçam nos abrigos da Prefeitura até que cessem as chuvas na cidade. "Entre perder o barracão e a vida, fique com a vida", disse Doria nesta tarde.

"Faço um apelo para as pessoas que moram em locais de risco, um apelo à Defesa Civil para que convençam essas pessoas a irem para os abrigos da Prefeitura. Estamos oferecendo alimento, água, colchões, cobertores. Nesse momento, o maior risco é as pessoas ficarem em suas casas e correrem o risco de perderem suas vidas", afirmou Doria em entrevista à BandNews.

Doria ainda confirmou que 12 pessoas morreram por conta das enchentes que atingiram a cidade na madrugada de ontem para hoje. A 12ª vítima é um homem de 45 anos que foi encontrado dentro de um córrego na Avenida Engenheiro Olavo Alaysio de Lima, em Santo André, cidade do ABC paulista.

Chuva forte causa alagamentos na Grande São Paulo

UOL Notícias

Na entrevista, o governador ainda informou que foram mobilizados 10 mil agentes da Defesa Civil, cerca de 1.600 homens do Corpo de Bombeiros para atuar na capital e Grande São Paulo. Além disso, a Polícia Militar usa 13 helicópteros Águia para sobrevoar as regiões afetadas pelas chuvas.

Para professor, habitação popular é fundamental

Subsidiar moradias populares para pessoas de baixa renda é uma das medidas que pode, mesmo que parcialmente, sanar os problemas decorrentes das enchentes na cidade. Essa é a avaliação do urbanista e professor da Universidade de São Paulo, Nabil Bonduki.

"Hoje temos um problema sério de aproveitamento das áreas e terrenos da cidade. Como não existe moradia para todos, as pessoas acabam indo morar em áreas de risco, e ficam suscetíveis a soterramentos e desmoronamentos. É fundamental termos um programa de habitação para as pessoas de baixa renda", diz Bonduki ao UOL.

Das 12 pessoas mortas nas chuvas dessa madrugada, cinco pessoas foram vítimas de deslizamentos; quatro em Ribeirão Pires, no ABC paulista e uma criança em Embu das Artes.

"Nós paramos de investir na faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida. Até 2014 metade dos imóveis construídos no programa eram para pessoas de baixa renda. Depois, esse número caiu para 7% ou 8%. Sabemos que não é um programa perfeito, tem problemas e pode ser melhorado. Mas precisamos de iniciativas com essas características", argumenta Bonduki.

Segunda maior tempestade em 24 anos

A tempestade que caiu entre nesta madrugada foi a segunda maior em mais de duas décadas. Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da prefeitura de São Paulo, foram registrados 57,8 milímetros de chuva, a segunda maior marca para o mês em 24 anos de medição. O maior registro é de 29 de março de 2006, quando choveu 73,3 milímetros na capital.

O rio Tamanduateí, na avenida do Estado, transbordou e a prefeitura suspendeu o rodízio de veículos no período da manhã desta segunda. Toda a capital foi colocada em estado de atenção, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) por mais de 14 horas, até as 12h05 de hoje.

Ao UOL, a meteorologista Helena Turon Balbino, do Inmet (Instituto Nacional de Metereologia), explicou que o mau tempo foi causado pela combinação da temperatura acima dos 30ºC registrado ontem em São Paulo com os ventos fortes e carregados de umidade.

A previsão do tempo, no entanto, indica que as chuvas na região continuarão com forte intensidade. Segundo o CGE, a capital e a Grande São Paulo, maiores afetadas pelo temporal desta noite, têm indicação de fortes chuvas amanhã e quarta-feira (13).

*Com reportagem de Leonardo Martins, do UOL em São Paulo