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São Bernardo só ligou bombas de piscinão 6 h após enchente, dizem moradores

Piscinão na Vila Vivaldi, em Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo - Talita Marchao/UOL
Piscinão na Vila Vivaldi, em Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo Imagem: Talita Marchao/UOL

Talita Marchao e Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Bernardo do Campo (SP)

13/03/2019 04h00

Moradores que vivem nos arredores de um dos piscinões no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, um dos mais atingidos pelas enchentes, relataram que as bombas que deveriam trabalhar no escoamento da água só foram acionadas cerca de seis horas depois de o alagamento atingir a região, na noite de domingo (10). As chuvas já deixaram ao menos 13 mortos.

"A gente escuta quando ligam as bombas porque parece um barulho de mar. É muito nítido. A água começou a subir por volta das 22h, e só ouvimos as bombas serem acionadas depois das 4h", disse um dos moradores, que pediu para não ser identificado.

Outra moradora vizinha ao piscinão relatou que, ao perceber a água entrando em casa, pediu desesperadamente para que as bombas fossem ligadas. "Em coro, todos nós gritávamos: 'Liguem as bombas!', mas nenhum funcionário nos ouviu", disse Flávia Brazoloto. "Quando a gente percebeu que não tinha jeito, começamos a levantar os móveis. Quando ligaram as bombas, já de madrugada, diminuiu a quantidade de água", contou a jovem.

Piscinão na Vila Vivaldi, em Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo - Talita Marchao/UOL - Talita Marchao/UOL
Piscinão na Vila Vivaldi, em Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo
Imagem: Talita Marchao/UOL

Segundo o empresário Felippe Diane, 28, que estava na casa da sogra, em frente ao piscinão, quando tudo alagou, um caminhão com diesel chegou ao local por volta das 3h30 para abastecer os geradores que acionam as bombas. "Quando deu umas 23h30 de domingo, a gente ouvia que a bomba ligava por um dois minutos e desligava. Ela só funcionou depois que o caminhão trouxe o diesel", relatou.

Quando a gente percebeu que não tinha jeito, começamos a levantar os móveis

Flávia Brazoloto, moradora de região atingida por enchente em São Bernardo

A reportagem do UOL teve acesso ao piscinão Vivaldi, ainda com bastante água acumulada depois de mais de 40 horas das fortes chuvas. Estava na metade de sua capacidade. Nos arredores, um outro piscinão --menor, próximo às ruas que ainda estão alagadas no mesmo bairro-- ainda estava perto de transbordar. A rua deste segundo piscinão continuava inundada até o fim da tarde de ontem. Ambos ficam próximos ao ribeirão dos Meninos.

Segundo um funcionário da prefeitura, que falou sob anonimato, das seis bombas do piscinão Vivaldi, apenas duas estão em operação. Outras quatro estão danificadas por falta de manutenção. "Até os ratos roeram os fios das bombas. Não dá para botar para funcionar", disse ele.

Piscinão no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Piscinão no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo
Imagem: Arquivo pessoal

Enquanto limpava sua casa, em frente ao piscinão do Rudge Ramos, o administrador de empresas Eduardo Lélis, 26, contou que a rua não inundava desde que a estrutura foi ampliada, em 2013. "Mas, em décadas, a água nunca chegou a esta altura", relatou, apontando o local em que a água alcançou, com pouco menos de 1,5 metro de altura.

A Prefeitura de São Bernardo disse que a manutenção de todas as estruturas de bombeamento de água foi feita em dezembro do ano passado e que mantém a limpeza periódica de bocas de lobo.

A Estação Elevatória da Vila Helena, que compõe um dos seis equipamentos de combate às enchentes localizadas nos arredores da Vila Vivaldi, é equipada com duas bombas para escoamento da água. "Devido à intensidade do temporal, a água extravasou a estrutura, invadindo a cabine de força e prejudicando o funcionamento dos painéis elétricos. Por isso, duas novas bombas com capacidade para 1.000 metros cúbicos por hora precisaram ser instaladas no local."

Segundo a prefeitura, as bombas originais foram religadas, por meio de geradores externos, depois de saírem da água. "O trabalho de retirada das águas na região segue com um total de quatro bombas", afirmou a nota.

Finaliza dizendo que um piscinão maior está em fase de conclusão, "com cerca de 87% das obras finalizadas". "A previsão é que o piscinão seja inaugurado em agosto deste ano."