Mãe e filhos esperaram água baixar 20 horas dentro do carro em São Bernardo
Entre as 22h de ontem e as 18h de hoje, Romina Andrea Acuna Munhoz, 40, os filhos de 16 e 11 anos e o sobrinho de 18 anos estiveram ilhados esperando a água baixar em um posto de gasolina em São Bernardo do Campo devido às chuvas. Eles se abrigaram dentro do carro.
Quando chegamos no bairro, vimos que não tínhamos como entrar em nossa rua. Todas as passagens estavam travadas pela água. Decidimos estacionar o carro no posto e aguardar, até porque achávamos que a situação resolveria rápido. Mas não. O nível de água só foi piorando
Nesse meio-tempo, Romina e a parte da família ilhada tentou dormir e se proteger da chuva dentro do carro. Para usar o banheiro e se alimentar, recorreram aos poucos comércios que conseguiram abrir as portas, perto do posto de gasolina.
Enquanto isso, ela relata que se preocupava com os pais, idosos, também ilhados no bairro. Ela pediu que o marido acompanhasse a situação por lá.
Na casa deles, ela diz, a água tomou os cômodos e chegou a atingir uns 20 centímetros.
"Passaram a madrugada em cima da cama, enquanto meu marido ficou de vigília para ver se o nível da água não aumentava", relata.
"O medo maior não é com a perda material, mas como essas chuvas podem afetar integridade físicas dos idosos e das pessoas com problema de locomoção --como os meus pais", acrescenta Romina.
Por volta das 18h de hoje, cansada de esperar no posto de gasolina e impossibilitada de voltar para casa, ela resolveu sair de lá e procurar abrigo na casa de amigos.
Recém-nascida ilhada
Alexandre Fernandes Filho, 31, estava na casa dos sogros em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, com a mulher e a filha de 11 dias quando notou a rua inundada. Era tanta água que já não era mais possível nem mesmo voltar para a casa, do outro lado rua.
"Estava chovendo forte, mas não imaginávamos que seria o suficiente para alagar", conta ele. "Meus sogros moram no bairro há 20 anos e nunca viram nada parecido."
O nível de água foi aumentando gradativamente e invadiu a casa. Por volta da 1h30 da manhã, a água já chegava a 1 metro de altura e tornava o ambiente inseguro para ele, para a mulher, que ainda se recupera do parto cesariano, para a bebê recém-nascida e para os sogros de mais de 60 anos.
Alexandre afirma que pediu socorro ao Corpo de Bombeiros, mas não teve resposta.
"O jeito foi pedir abrigo para a vizinha que mora no andar de cima. Com a água na cintura, levei a minha filha e depois voltei para socorrer minha esposa. Carreguei-a no colo para evitar qualquer infecção", relata ele, que também conseguiu levar para a vizinha os dois cachorros.
Por volta das 15h de hoje, Alexandre ainda esperava na casa da vizinha a água baixar para conseguir voltar para a casa dos sogros ou para a sua própria casa.
"Ainda não sabemos ao certo o tamanho do estrago da inundação", diz.
Alexandre conta que os sogros estão bastante abalados por terem perdido os bens que demoraram uma vida inteira para terem.
"Mas nos sentimos agradecidos por nada de ruim ter acontecido a nenhum de nós", afirma ele. "O medo é que comece a chover e continuemos ilhados aqui", completa.
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