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Prefeitura de Suzano (SP) faz evento para 1 mês do massacre; pais reclamam

Velório das vítimas foi realizado em ginásio situado em parque onde prefeitura promove ato no próximo sábado -
Velório das vítimas foi realizado em ginásio situado em parque onde prefeitura promove ato no próximo sábado

Wellington Ramalhoso

Do UOL, em São Paulo

11/04/2019 04h00Atualizada em 11/04/2019 11h04

A Prefeitura de Suzano (SP) organiza para o próximo sábado o "Suzano pela Paz", evento que marca o primeiro mês do massacre na Escola Estadual Professor Raul Brasil, quando cinco estudantes e duas funcionárias foram mortas. Apesar de se propor a homenagear as vítimas, a celebração provocou indignação em mães e pais de alunos da instituição.

Para a administração municipal, o encontro tem o objetivo de "promover a cultura de paz e a união das famílias". A prefeitura destaca ainda que a maior parte dos custos do ato será bancada pela iniciativa privada.

A celebração acontecerá no parque Max Feffer, local onde foi realizado o velório coletivo das vítimas. "O ato vai contar com apresentações de artistas, além de áreas destinadas às crianças, exposições e gastronomia", afirma a prefeitura em seu site. A programação musical terá as apresentações dos cantores Ana Vilela, Padre Antônio Maria, Paulo César Baruk e da Família Lima.

"É ridículo, não tem cabimento"

A ação da administração recebeu críticas em um grupo de WhatsApp formado por mais de cem pais e mães de alunos da escola. Ao UOL, três mães confirmaram a insatisfação com a prefeitura.

A aposentada Sandra Ramos, mãe de um dos alunos que ficou ferido no ataque à escola, disse que não foi consultada nem convidada pela prefeitura e criticou a celebração. "[O evento] É ridículo, não tem cabimento e lógica", diz. Seu filho precisa fazer fisioterapia em função da lesão sofrida. Ela afirma que sua família não comparecerá ao ato.

"É absurdo, uma falta de respeito. Não estão pensando nos pais e nos alunos que estão traumatizados", comenta a recepcionista Tatiane Souza, mãe de uma aluna do terceiro ano do Ensino Médio. No dia do massacre, sua filha foi abrigada pela merendeira na cozinha da escola.

Depois do ataque, a adolescente de 17 anos foi diagnosticada com síndrome do pânico e não consegue voltar às aulas. "Fui com ela duas vezes à porta da escola. Ela chega lá, começa a passar mal e não tem condição de entrar", diz Tatiane. Para ela, ao invés de organizar a celebração, a prefeitura deveria ajudar a reforçar a segurança da escola.

Uma mãe que prefere não se identificar considera o evento de mau gosto e também cobra uma ação da prefeitura para melhorar a segurança no entorno da Raul Brasil. "Tem famílias chorando. A prefeitura vai comemorar a tragédia da escola?", questiona.

Trauma dificulta volta dos estudantes da Escola Raul Brasil, de Suzano, às aulas - Danilo Verpa/Folhapress - Danilo Verpa/Folhapress
Trauma dificulta volta dos estudantes às aulas
Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Grafite já havia gerado mal-estar

Não é a primeira vez que uma tentativa de homenagem às vítimas provoca insatisfação em Suzano. Dias depois do massacre, os rostos dos mortos foram pintados em um grafite nos muros da escola. A iniciativa gerou desconforto entre os sobreviventes, e o grafite foi apagado.

Sobre o evento deste sábado, a prefeitura afirma que "a atividade terá grande participação de voluntários da cidade na organização e será majoritariamente custeada pela iniciativa privada, com destaque às celebrações musicais de artistas, que foram conquistadas de forma gratuita".

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirma que a direção da Raul Brasil tem autonomia para decidir se participa ou não do evento. Ainda de acordo com a secretaria, nem a pasta, nem a escola foram consultadas sobre a realização da atividade.

Pais de estudantes se reuniram na semana passada com o secretário da Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, para reivindicar a adoção de medidas de segurança na Raul Brasil. De acordo com eles, nenhuma providência foi tomada até o momento. "Enquanto não tiver segurança, não vou mandar minha filha para a escola", diz Tatiane.

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