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Witzel chama de "erro grosseiro" ação militar que metralhou músico no Rio

Tomaz Silva/Agência Brasil
Imagem: Tomaz Silva/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

11/04/2019 08h51

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), chamou de "erro grosseiro" a ação militar que resultou na morte do músico Evaldo Rosa dos Santos, em Guadalupe, na zona norte do Rio, no último domingo. Em entrevista ao Bom Dia Rio, da TV Globo, o governador disse que não ignorou o ocorrido, apenas esperou o parecer da Justiça Militar para poder se manifestar.

"Eu tenho que me posicionar quando o juiz decreta a prisão, e foi decretada a prisão daqueles militares que atiraram contra aquela família. E eu desde já manifesto aqui os meus sentimentos pelo erro grosseiro que foi praticado por aqueles militares", disse.

Na segunda-feira, Witzel afirmou que não lhe caberia atribuir um juízo de valor ao caso. "Não sou juiz da causa. Não estava no local. Não era a Polícia Militar. Quem tem que avaliar todos esses fatos é a administração militar. Não me cabe fazer juízo de valor e nem muito menos tecer qualquer crítica a respeito dos fatos", disse Witzel naquele dia.

Durante seu discurso na posse do novo presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), ele não falou sobre o crime, mas agradeceu às Forças Armadas pelo trabalho durante a intervenção federal no estado.

"Estão me acusando de ter ignorado a morte do músico. Em hipótese alguma. Eu quero dizer que jamais faria algo abominável como isso. Eu só aguardei que a Justiça Militar se manifestasse, e assim ela o fez, decretando a prisão para que eu, como governador, pudesse me manifestar", afirmou hoje na entrevista.

"Eu não sou um cidadão comum, eu sou um governador de estado. Eu não posso sair por aí acusando o Exército Brasileiro de ter praticado um ato abominável. E foi praticado. A juíza decretou a prisão preventiva daqueles soldados, que não têm a capacidade, como tem a Polícia Militar, de fazer um policiamento", explicou.

Oitenta tiros

Santos foi morto no último domingo depois que o carro em que estava com a família foi atingido por 80 tiros disparados por homens do Exército na zona norte do Rio de Janeiro, segundo investigação da Polícia Civil.

Dez militares foram presos em flagrante e ontem a Justiça Militar determinou que nove sigam presos. O soldado Leonardo Delfino Costa foi liberado, pois alegou não ter atirado. Os outros nove acusados confirmaram os disparos. Eles foram presos por crime de homicídio e tentativa de homicídio.

O músico e a família seguiam para um chá de bebê quando foram abordados pelos militares. O sogro de Santos, que também estava no veículo, e um pedestre ficaram feridos.

O motivo inicial dado pelo Exército para a ação dos militares era de que eles teriam "reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo". No entanto, a família contestou a versão e disse que o músico não tinha envolvimento com crime.

As investigações sobre o caso ficarão a cargo do próprio Exército.

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