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Sobrevivente de desabamento no Rio diz que técnica de ioga o ajudou

Marcela Lemos e Mirthyani Bezerra

Colaboração para o UOL, no Rio, e do UOL, em São Paulo

13/04/2019 12h18

Luciano Paulo dos Santos, 38, uma das vítimas retiradas pelo Corpo de Bombeiros dos escombros dos prédios que desabaram em Muzema, no bairro do Itanhangá, na zona oeste do Rio, contou que ficou quase quatro horas de baixo dos entulhos e que conseguiu se manter vivo por meio das técnicas de respiração desenvolvidas durante a prática de ioga.

"Eu escutava os bombeiros falando, fazia barulho, mas eles não me ouviam. Eu faço ioga e fui me contorcendo com movimentos que aprendi para tentar escapar. Consegui colocar um dos braços para fora. Foi quando me acharam. A ioga me ajudou neste momento: movimento e respiração", disse.

Paulo foi socorrido de ambulância para o hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, com escoriações leves".

Ele retornou na manhã de hoje ao local do desabamento em busca de informações sobre vizinhos e também em busca de documentos.

"Depois que o Corpo de Bombeiros me achou, eu apaguei. Até essa hora só pedia a Deus para que me tirasse de lá", disse o chefe de cozinha.

Após mudar de Minas Gerais para trabalhar no Rio de Janeiro em 2010, ele morava desde setembro no prédio que desabou em Muzema.

"É muito assustador voltar"

Paulo, que está hospedado na casa de uma amiga no mesmo bairro, disse que desde ontem não conseguiu dormir direito.

"Eu escuto barulho e tenho vontade de sair correndo. Tô apavorado. É o psicológico", disse.

"É muito assustador, estar aqui, voltar aqui, ver essa sensação, ver que tem gente que está embaixo dos escombros ainda, não sabe se está vivo ou se está morto."

O chefe de cozinha contou ainda que sente dores no corpo todo e que "não está ligando" para aquilo que perdeu. "Os bens materiais a gente consegue de novo, a gente trabalha, luta, vai daqui, vai dali. Amigos a gente tem muitos. Mas os bens materiais passaram", disse.

Ele vai ficar na casa de uma amiga até conseguir um novo lugar. "Eu sou sozinho aqui no Rio."

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