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Moro: Transferências após mortes no AM visam "retormar controle de prisões"

Eduardo Matysiak/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Eduardo Matysiak/Futura Press/Estadão Conteúdo

Luciana Rosa

Colaboração para o UOL, em Buenos Aires

30/05/2019 20h59

Em entrevista hoje em Buenos Aires, na Argentina, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, confirmou que foram transferidos 17 presos selecionados especificamente pelo seu envolvimento nos massacres que deixaram 55 mortos nos presídios de Manaus desde domingo. "Os outros nove [também transferidos], embora não estivessem diretamente vinculados ao episódio, o fato é que é relevante retirá-los do Amazonas", afirmou.

Segundo o ministro, "a ideia é retomar o controle dessas prisões". "Nós fizemos a transferência de lideranças criminosas do Amazonas. Não eram as [pessoas] envolvidas nos crimes, mas eram lideranças criminosas", disse. Para ele, as 55 mortes ocorridas no Amazonas são questão de defesa dos direitos humanos, por isso foi tomada a "decisão de determinar que a Polícia Federal realize essa apuração, realize essa investigação".

Para Moro, a FDN (Família do Norte) é uma organização criminosa presente em mais de um estado, tem um caráter interestadual e está notoriamente vinculada ao tráfico internacional de drogas. "Nossa compreensão é que isso é da competência da Polícia Federal para apuração dos fatos. O que nós queremos é que tudo seja esclarecido e, especialmente, não se repita", disse.

O ministro esteve em Portugal e desembarcou hoje na Argentina, após uma rápida passagem pelo Brasil, para participar de uma série de reuniões com autoridades locais.

A primeira medida de cooperação assinada na Argentina por Moro tem relação com um acordo de intercâmbio de experiências entre o Ministério da Justiça do Brasil e o Ministério de Produção e Trabalho argentino em defesa dos direitos do consumidor.

Futebol

Além disso, o magistrado deve ver o jogo que decide o vencedor da Recopa Sul-Americana, entre o Atlético Parananense e River Plate, no estádio Monumental.

Amanhã tem uma reunião entre ministros de Segurança e Justiça dos países do Mercosul e uma reunião especial com a ministra de Segurança argentina, Patrícia Bullrich, e o presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) para definir uma estratégia de segurança em partidas das competições regionais, como a Copa América e a Libertadores. Segundo Moro, a ideia é formar um "acordo de transferência de informações para ser utilizado nesses eventos esportivos".

"Nós temos agora a Copa América. Tanto o Brasil como a Argentina temos torcedores, a grande maioria deles, que vão assistir ao espetáculo e não geram nenhum problema. Pelo contrário, geram só renda para esses eventos. Mas também existe uma parcela menor dos torcedores que são violentos e cometem atos de agressão", afirmou, ressaltando a importância de vetar o "acesso dessas pessoas a esses eventos esportivos".

Questionado se existe uma preocupação especial com os torcedores argentinos, os barras bravas, disse que "existem torcedores violentos brasileiros como existem torcedores violentos argentinos". "O comportamento inadequado não tem uma fixação por uma nacionalidade. Tem que fazer ambos os países trabalharem para evitar essas situações."