Rio: 14 investidores ligados a construções irregulares na Muzema são presos
Uma operação conjunta do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) prendeu, na manhã de hoje, 14 pessoas suspeitas de investir em imóveis irregulares da milícia que age na Muzema e em outras localidades da zona oeste da capital fluminense. Um dos presos foi encontrado no Piauí. Em abril, dois prédios construídos clandestinamente caíram na Muzema, deixando 24 mortos.
Um dos alvos principais é Bruno Puppe Cancella. Ele foi preso na casa em que mora, no bairro de Jacarepaguá, também na zona oeste. O delegado Gabriel Ferrando, que comanda a ação, confirmou ao UOL que Cancella é um dos principais construtores da milícia e teria movimentado mais de R$ 24 milhões ao longo de quatro anos.
A mulher de Bruno, Letícia Ballalai Cancella, também foi denunciada por suspeita de ter facilitado os registros dos imóveis no cadastro do IPTU, já que trabalha na Secretaria Municipal de Fazenda da Prefeitura do Rio. A Justiça, no entanto, não concedeu a prisão dela.
No total, 17 mandados de prisão preventiva foram expedidos. O grupo é suspeito de loteamento, construção, venda, locação e financiamento ilegal de imóveis. Além disso, eles são acusados de instalar ligações clandestinas de água e energia elétrica nessas construções, além de financiar a corrupção de agentes públicos. Os presos foram levados para a Cidade da Polícia, na zona norte do Rio.
A operação de hoje também cumpre diversos mandados de busca e apreensão. Ao todo, foram denunciadas 27 pessoas por suspeita de envolvimento no grupo criminoso, de acordo com o Ministério Público.
A reportagem do UOL não localizou a defesa de Bruno e Letícia Cancella.
Tragédia na Muzema: 24 mortos e 16 prédios condenados
O desmoronamento de dois prédios na comunidade da Muzema, no dia 12 de abril, matou 24 pessoas. As unidades haviam sido construídas de forma irregular e, segundo as investigações, foram financiadas pela milícia que atua da região.
Depois dos desmoronamentos, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), anunciou a demolição de 16 outros prédios da comunidade que também corriam risco de desabamento. Na ocasião, Crivella disse que no lugar das construções seria feito um parque com um memorial às vítimas.
Para garantir a segurança dos profissionais que trabalharam na demolição dessas construções, policiais militares precisaram patrulhar a região nos principais acessos à comunidade. Guardas Municipais isolaram a região dos prédios condenados.
Por medo da ação de grupos paramilitares, moradores da Muzema não compareceram espontaneamente à delegacia da Barra da Tijuca, que investiga a queda dos prédios e a relação das construções com milicianos.
Moradores da comunidade ouvidos pelo UOL na época se queixaram do abandono da região pelo poder público. "Hoje que a polícia está aqui, eles [os técnicos] apareceram. Nos outros dias, eles nem pisaram aqui", disse um morador que preferiu não se identificar.
Nos dias posteriores às chuvas que atingiram o Rio, os próprios moradores fizeram a limpeza emergencial da Muzema. As empresas públicas não foram ao local.
*Com informações da Agência Brasil
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