Governo do Pará determina transferência imediata de 46 presos de Altamira
Alex Tajra
Do UOL, em São Paulo
29/07/2019 19h43
O governo do Pará, por meio do gabinete de gestão da Segurança Pública, determinou na noite de hoje a transferência imediata de 46 internos que estariam envolvidos na rebelião que terminou com a morte de 57 pessoas em um presídio de Altamira. Em nota, o governo afirma que 16 internos foram identificados como líderes de facções que teriam encabeçado o massacre. Dez deles serão transferidos para o sistema federal e os outros seis serão realocados em outras penitenciárias do estado.
A mudança de alguns dos internos para regime federal foi estipulada após um diálogo entre o governador Hélder Barbalho (MDB) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Os familiares serão informados previamente em relação à lista de mortos, e um grupo de atendimento psicológico foi montado para atendê-los.
"Misto de material de contêiner com alvenaria"
Um dos integrantes do GPO, o secretário Jarbas Vasconcelos afirmou nesta tarde que a prisão onde morreram 57 internos era feita de "misto de material de contêiner com alvenaria".
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Vasconcelos nega que seria uma prisão "improvisada" e que estaria superlotada. Ele ainda afirmou que um novo presídio, que está sendo construído pela iniciativa privada na mesma região e deve ser entregue em dezembro, pode "melhorar a situação prisional".
O secretário afirmou ainda que o presídio fora palco de "uma guerra entre facções criminosas."
"Tratou-se de uma guerra de facções. Em Altamira, há uma facção local chamada Comando Classe A (CCA) e que divide o presidio com integrantes do Comando Vermelho, e que foram esses vítimas desse ato praticado pelos integrantes da organização criminosa CCA", disse o secretário em entrevista na tarde de hoje.
O ataque ocorreu, segundo o secretário, logo após as celas serem destrancadas para o café da manhã. "O Comando Classe A rompeu o seu pavilhão e rompeu o pavilhão do Comando Vermelho. Foi um ataque de certa forma rápido, dirigido a exterminar os integrantes rivais", disse o secretário. "Eles [integrantes do CCA] entraram, colocaram fogo, mataram e pararam o ataque. Foi um ataque dirigido, localizado."
O CCA tornou-se recentemente aliado ao PCC (Primeiro Comando da Capital), que disputa com o Comando Vermelho a liderança dos presídios no Brasil.