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Homem é agredido por seguranças na UFMG; diretório fala em racismo

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

30/09/2019 13h47Atualizada em 30/09/2019 17h43

A assessoria de imprensa da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) informou hoje que apura a denúncia de um homem negro, 32, que foi agredido por quatro seguranças privados no prédio da Faculdade de Letras, no sábado (28), no campus Pampulha da instituição, em Belo Horizonte. O diretório acadêmico Carlos Drummond de Andrade acusa os seguranças de racismo.

Um vídeo mostra a cena final das agressões, que teriam ocorrido em três abordagens.

O homem, cuja identidade não foi divulgada pela PM (Polícia Militar), fez um B.O. (Boletim de Ocorrência) numa delegacia de polícia na Pampulha.

Rapaz é agredido dentro de campus da UFMG - Reprodução/O Tempo - Reprodução/O Tempo
Rapaz é agredido dentro de campus da UFMG
Imagem: Reprodução/O Tempo
De acordo com o B.O., ele chegou ao campus para fazer matrícula em um curso de inglês no Centro de Extensão, na Faculdade de Letras, quando foi abordado por um segurança e teve de apresentar documentos. Liberado depois disso, ele caminhou até o prédio da Faculdade, mas foi acompanhado pelos seguranças.

Quando entrou na unidade, ainda segundo o relato registrado no B.O., os seguranças fizeram uma segunda abordagem e o questionaram por que havia mudado a direção em relação ao local de matrícula. Ele explicou que procurava um bebedouro, porque estava com sede. Outra vez foi liberado para seguir caminho, mas os seguranças teriam feito uma terceira abordagem, próximo ao prédio do Cenex, acusando-o de fingir ser aluno para assaltar estudantes.

Ainda de acordo com o relato feito à polícia, na sequência, os seguranças o imobilizaram, dando-lhe um golpe mata-leão (chave de braço), seguraram seus pés e lhe deram socos e chutes. Após começar a gritar, relatou o homem negro, diversos estudantes e professores se aproximaram do local, e passaram a gravar em vídeos as agressões. Depois disso, relatou no B.O., os seguranças foram embora.

A reportagem do UOL ainda não localizou o homem.

Diretório fala em racismo

Estudantes e professores da Faculdade de Letras presenciaram o espancamento e se manifestaram nas redes sociais.

O diretório acadêmico Carlos Drummond de Andrade, da Faculdade de Letras, divulgou nota sobre o caso e disse que o homem é estudante de curso de extensão da universidade.

"Um jovem negro foi vítima de agressão e racismo", diz o comunicado. "Foi feito um relatório de ocorrência com a segurança interna do campus."

UFMG abre sindicância

Por meio de nota, a reitoria da UFMG afirmou nesta tarde que repudia a violência e abriu sindicância investigatória do caso. O comunicado ainda informa que a vítima não é aluno da instituição.

Representantes do diretório Acadêmico Carlos Drummond de Andrade, da Faculdade de Letras, e de movimentos negros da universidade protestaram no saguão da reitoria contra as ações dos seguranças.

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida e o vice-reitor, Alessandro Fernandes Moreira, afirmam, na nota, que têm "repúdio a quaisquer atos de violência, opressão, constrangimento, praticados contra integrantes da Instituição ou membros da comunidade externa".

"A UFMG (...) cultua a paz e defende (...) a igualdade e a dignidade das pessoas, condenando a discriminação por raça, cor gênero, orientação sexual, idioma, nacionalidade, religião, ou opinião política", diz a nota.

"A correta apuração dos fatos é fundamental para que se assegure a oportunidade de manifestação a todos os envolvidos e para que a UFMG atue com base na justiça e na igualdade, cumprindo sua missão como instituição pública que preza pelo respeito à diversidade e pelo compromisso com os direitos humanos".

Seguranças foram afastados

Os quatro profissionais que teriam participado das agressões são da TBI Segurança, com sede na capital mineira. Hoje, a empresa informou que eles foram afastados do serviço, que o caso está sendo apurado e que a área jurídica da TBI acompanha o desenrolar dos fatos.

"Divulgaremos nota sobre o caso. Além de afastados, os quatro seguranças estão na base da empresa hoje (segunda-feira, 30), fornecendo as suas versões para os advogados da empresa", informou a área de marketing da TBI Segurança.

No site da TBI Segurança, a empresa que informa que seu "foco" é o "serviço de inteligência, indicada para locais que necessitam de atuação preventiva".