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Garçom é morto ao voltar do trabalho durante operação policial no Rio 

Moradores da Barreira do Vasco discutem com PMs em protesto por morte de garçom - Reprodução
Moradores da Barreira do Vasco discutem com PMs em protesto por morte de garçom Imagem: Reprodução

Igor Mello

Do UOL, no Rio

09/11/2019 16h11

Resumo da notícia

  • O garçom Francisco Laércio Lima foi morto com um tiro na cabeça ao chegar do trabalho, na manhã de hoje
  • Após a morte, moradores da comunidade Barreira do Vasco, onde o garçom morava, fizeram um protesto e acusaram PMs de atirarem na vítima
  • Em nota, a PM afirmou que os policiais foram atacados a tiros e revidaram, mas moradores negam que houvesse tiroteio no momento da morte

Um homem foi morto durante uma operação policial na comunidade da Barreira do Vasco, em São Cristóvão, zona norte, na manhã de hoje. Francisco Laércio Lima, 26 anos, voltava para casa depois de trabalhar durante a madrugada em um bar na Lapa, centro do Rio, quando foi baleado na cabeça. Moradores acusam policiais militares de serem os autores do disparo, enquanto a PM alega que havia confronto no momento da morte.

Segundo relatos de moradores, Francisco carregava, no momento em que foi atingido, um copo de café e uma sacola com uma sanduicheira elétrica que daria de presente para a mulher. Os moradores fizeram uma manifestação após o assassinato e acusaram PMs da UPP que funciona na Barreira do Vasco de terem chegado ao local atirando, mesmo sem a existência de um confronto com traficantes naquele momento. Em nota, a PM afirmou que os policiais foram atacados por criminosos. A corporação lamentou a morte de Francisco e prometeu apurar as circunstâncias da ação policial na comunidade.

"Na manhã deste sábado, equipes do Grupamento Tático de Polícia de Proximidade realizavam patrulhamento quando foram informados da presença de criminosos armados na comunidade Barreira do Vasco. Chegando ao local, os policiais foram alvo de disparos de arma de fogo e houve confronto. Durante a ação, um morador foi atingido e não resistiu aos ferimentos.

A Polícia Militar lamenta a morte de Francisco Laelson Paulo e esclarece que iniciou de forma imediata, através da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), a apuração das circunstâncias desta ação policial, em relação ao protocolo determinado para ações desta natureza, que deve se basear em dados de inteligência e planejamento prévio", diz a nota.

Recorde de mortes em confronto

Entre janeiro e setembro desde ano, o Rio de Janeiro registrou o maior número de mortes em confronto com as forças de segurança da história. Nos primeiros nove meses do ano, as polícias mataram 1.402 pessoas —um crescimento de 18,5% em relação ao mesmo período de 2018.

Desde a campanha eleitoral, o governador Wilson Witzel (PSC-RJ) vem defendendo uma política de confronto com o tráfico de drogas. Witzel sustenta que os agentes de segurança devem fazer o "abate" de criminosos armados. O governador também exaltou ações de alta letalidade das polícias.

Em fevereiro, Witzel classificou como "legítima" uma ação da PM que resultou em 15 mortes nas comunidades do Fallet e Fogueteiro, em Santa Teresa. Moradores, representantes da Defensoria Pública e de organizações de Direitos Humanos afirmam que os corpos de boa parte das vítimas apresentavam indícios de execução. A ação foi a mais letal ocorrida no estado desde 2007.

Em agosto, após snipers do Bope balearem um homem que sequestrava um ônibus na Ponte Rio-Niterói, Witzel chegou ao local de helicóptero e se deixou filmar por um secretário comemorando com socos no ar o resultado da ação.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado logo após o crime, Francisco Laércio Lima não carregava um pacote de fraldas, mas uma sacola com uma sanduicheira elétrica, segundo relataram vizinhos da vítima. A informação foi corrigida.