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Defesa de desembargadora culpa advogada por fake news sobre Marielle

Marielle Franco - Reprodução
Marielle Franco Imagem: Reprodução

Lola Ferreira

Colaboração para o UOL, no Rio

16/12/2019 15h14

Resumo da notícia

  • Defesa de desembargadora atribui a advogada origem de conteúdo falso sobre Marielle
  • A família de Marielle processou Marília Castro Neves por calúnia
  • Ela usou informações falsas ao comentar post no Facebook favorável a Marielle
  • A advogada acusada negou a informação e disse que desconhecia Marielle antes do crime

A defesa de Marília Castro Neves, desembargadora do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) processada pela família de Marielle Franco por calúnia, afirmou hoje que a responsável pelas informações falsas atribuídas à vereadora do PSOL após seu assassinato é uma advogada de Florianópolis. As informações foram postadas pela desembargadora no comentário a um post no Facebook, dois dias após o crime.

Na tarde de hoje (16), a irmã de Marielle, Anielle Franco, foi ouvida na 9ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal, no Rio. Anielle e seus pais movem processo contra Marília Castro Neves por ter afirmado que ela era "engajada com bandidos", foi "eleita pelo Comando Vermelho" e "descumpriu compromissos".

O advogado da desembargadora questionou Anielle se ela tinha conhecimento que a mensagem publicada por Marília de Castro Neves no Facebook teria sido compartilhada primeiramente em um grupo fechado de WhatsApp pela advogada Ester Eloisa Addison.

Anielle afirmou que não tinha conhecimento. À imprensa, depois da oitiva, a professora reiterou desconhecer a origem da mensagem.

A desembargadora Marília Castro Neves - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
A desembargadora Marília Castro Neves
Imagem: Reprodução/Facebook

"O número de fake news contra Marielle é enorme, mas tem gente que não conseguimos identificar. A Ester não sei nem que é na fila do pão, mas a gente tem que tentar achar agora. Pra gente não muda nada, porque não importa quem seja: se a gente consegue combater, a gente combate", afirmou.

A magistrada fez um comentário com as informações falsas abaixo de um texto postado pelo advogado Paulo Nader no Facebook em que ele afirmava entender a comoção gerada pela morte de uma "lutadora dos direitos humanos e líder de uma população sofrida".

O que diz a advogada acusada pela desembargadora

Procurada pelo UOL, Ester afirmou que não tinha conhecimento que seria citada no processo e negou que esteja, ou já esteve, em qualquer grupo de WhatsApp com a desembargadora. Ela soube da informação pela reportagem e recebeu com surpresa a citação.

"Tenho ela [Marília] como amiga no Facebook, mas não em grupo de 'zap'. Eu nem conhecia a Marielle Franco. Eu estou em Florianópolis e eu nem conhecia essa mulher [Marielle] antes do assassinato. Como eu ia dar essa informação?", questionou.

Ester ainda afirmou ser bastante crítica à "situação" de Marielle, mas negou com veemência que pudesse fazer qualquer ilação sobre quem financiou a vereadora, a quem chamou de "chatiele".

"Eu nem falo Marielle, falo 'chatiele', porque a esquerda usa esse assassinato como bandeira, mas daí a participar de grupo de WhatsApp ou ter falado isso, de Comando Vermelho, não."

Para Anielle, o processo contra Marília é um recado para outros caluniadores da memória da irmã.

"Eu costumo dizer que a gente não quer colocar a Marielle num pedestal. A gente entende que morrem milhões de pessoas, mas a Marielle estava no exercício da função, foi eleita democraticamente e assassinada por pessoas que a gente nem sabe. É um recado para essas pessoas, que a gente está de olho e buscando justiça. Enquanto não temos a justiça concreta, estamos tentando fazer alguma coisa."

Marília de Castro Neves depõe em sua defesa amanhã (17), ainda sobre o mesmo processo, no TRF-2, no Rio. Se condenada, a pena pode ser de até dois anos mais multa.