Sujeira e falta de luz ameaçam pacientes em hospital de AL, diz sindicato
O HGE (Hospital Geral do Estado), maior unidade de emergência hospitalar pública de Alagoas, localizado em Maceió, enfrenta problemas estruturais com falta de energia elétrica e sujeira nos corredores. A denúncia é do Sindprev (Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Previdência, Seguro Social e Assistência Social), que afirma que o gerador chegou a ficar sem funcionar por 40 minutos na semana passada e colocou em risco pacientes que necessitam de ventilação mecânica e outros aparelhos movidos a energia elétrica.
Segundo o HGE, 500 pessoas são atendidas por dia, em média, na unidade hospitalar. O sindicato afirma que faltam medicamentos, insumos, equipamentos e, além disso, que há uma fossa estourada dentro do hospital. Já o governo do Estado nega as denúncias de falta de energia, desabastecimento e fossa estourada.
Um vídeo feito por uma funcionária do hospital no último sábado (11), segundo o sindicato, mostra uma parte das alas do HGE sem energia elétrica. Nas imagens, a servidora, que não teve o nome divulgado, diz que está preocupada porque a maioria dos pacientes daquela área usa respiradores mecânicos e os equipamentos pararam de funcionar porque faltou energia elétrica e o gerador não funcionou. Na gravação, a funcionária afirma que todos os pacientes que estão ali, no escuro, são pacientes em estado grave.
"Foram 40 minutos sem energia elétrica e o gerador não funcionou. Teve óbito, pois a maioria que estava na emergência, que são as áreas vermelha e amarela, são pacientes gravíssimos. Os respiradores pararam e pacientes pararam de respirar. Foi algo muito grave, pois estamos falando do bem maior que é a vida", afirmou a presidente do Sindprev, Valda Melo. Ela disse que não sabe quantos pacientes entraram em óbito.
Melo afirma que é técnica de enfermagem do HGE há 16 anos, e que o hospital vive a falta de insumos, medicamentos, equipamentos, além de o gerador não funcionar nas constantes faltas de energia elétrica, segundo ela.
Além disso, o sindicato denuncia que pacientes vítimas de traumas, que necessitam de tomografia, estão tendo dificuldade porque o equipamento quebrou há uma semana. Eles ficam esperando uma fila para serem levados para um hospital particular que tem convênio com o estado.
"O HGE é uma bomba atômica e não se tem projeto nenhum para seu funcionamento. As reformas que fizeram são um faz de conta e, agora diante do que está acontecendo, a situação está piorando. Trabalho nas áreas vermelha e amarela há 16 anos e vejo faltando tudo. Faltam materiais, medicações, antibióticos, estão brincando com a vida das pessoas", diz Lima, destacando que equipamentos de ponta apareceram de uma hora para a outra, como se estivessem guardados para surgirem num momento oportuno "sem se importarem com a vida das pessoas antes."
Vídeos enviados para o UOL mostram corredores molhados, sujos de uma suposta fossa estourada. Funcionários relataram que fazem "malabarismo" para evitar pisar no esgoto que escorre entre os corredores do HGE. Segundo o sindicato, uma fossa está estourada e os dejetos transbordam dentro do hospital.
"Pacientes e profissionais de saúde são forçados a fazerem malabarismo para não pisar na imundície. Isso sem falar no cheiro fétido", afirma o sindicato.
Hospital nega desabastecimento e falta de energia
A gerência do HGE nega que haja desabastecimento de insumos ou medicamentos na unidade e que a Sesau (Secretaria de Estado da Saúde) "atua diariamente para garantir a continuidade do abastecimento".
A gestão também negou que haja uma fossa estourada dentro do hospital, mas também não explicou do que se trata as tampas com líquidos escorrendo pelos corredores da unidade hospitalar. O HGE negou que pacientes morreram porque respiradores pararam de funcionar.
Já em relação aos geradores, o HGE disse que possui projeto elétrico e cinco geradores ativos. "Durante o período sem fornecimento de energia elétrica, os geradores alimentam os setores fechados da unidade e técnicos do Setor de Engenharia ficam de prontidão para atender qualquer necessidade."
O hospital admitiu que o tomógrafo apresentou "falhas há seis dias e que os pacientes não deixaram de ser assistidos". "Eles estão sendo encaminhados para a realização do exame no hospital Veredas" e seguem "ordem de gravidade de risco à saúde." A previsão é que o equipamento volte a funcionar normalmente na próxima sexta-feira (17).
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