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Imagem mostra pessoa esperando carro de família morta e carbonizada no ABC

Uma pessoa segurando dois capacetes permanece na frente do condomínio minutos antes de o carro da família encontrada morta em São Bernardo sair - Divulgação/ Polícia Civil
Uma pessoa segurando dois capacetes permanece na frente do condomínio minutos antes de o carro da família encontrada morta em São Bernardo sair Imagem: Divulgação/ Polícia Civil

Alex Tajra

Do UOL, em São Bernardo do Campo (SP)

31/01/2020 16h49

Resumo da notícia

  • Casal e filho foram encontrados mortos em São Bernardo na última terça
  • A filha do casal e a esposa são as principais suspeitas do crime
  • Elas estiveram na casa horas antes da família ter sido encontrada morta
  • Imagem mostra também um homem esperando os carros saírem do condomínio horas antes de os corpos terem sido achados carbonizados

Minutos antes de o carro de Flaviana Gonçalves, 40, deixar pela última vez o condomínio em que a família vivia, às 0h56 da terça (28), uma pessoa foi filmada por câmeras de segurança caminhando próximo ao local segurando dois capacetes, conforme revelam imagens a que o UOL teve acesso.

Segundos depois, a mesma câmera registra outra pessoa passando logo atrás da primeira empurrando uma motocicleta.

Não se sabe quem são as pessoas e nem se elas têm ligação com a morte de Flaviana, do marido Romoyuki Gonçalves, 43, e do filho Juan Gonçalves, 15, cujos corpos foram encontrados carbonizados no porta-malas do carro de Flaviana horas depois. Mas a coincidência e o horário em que elas foram vistas na porta do condomínio chamam a atenção, e as imagens estão sendo analisadas no inquérito policial.

A cronologia do caso, feita com base nas informações da polícia, mostra também que Ana Flávia Menezes, 24, e sua esposa Carina Ramos, 31, principais suspeitas do assassinato, chegaram ao condomínio em que a família morta morava por volta das 18h — cerca de oito horas antes de o carro ter sido descoberto queimado em São Bernardo do Campo (SP), cidade vizinha a Santo André, onde a família morava.

Ana Flávia e Carina estão detidas deste a última quarta-feira (29), após um pedido de prisão temporária ser acatado pela Justiça.

Veja a cronologia do caso:

17h58: Carro da suspeita chega ao condomínio pela 1ª vez

Fiat Palio prateado de Ana Flávia entra no condomínio Morada Verde, em Santo André (SP) - Divulgação/ Polícia Civil - Divulgação/ Polícia Civil
Fiat Palio prateado de Ana Flávia entra no condomínio Morada Verde, em Santo André (SP)
Imagem: Divulgação/ Polícia Civil

Por volta das 17h58 da segunda-feira (27), o Fiat Palio prateado de Ana Flávia, filha de Flaviana e Romoyuki e suspeita dos assassinatos, entra no condomínio Morada Verde, em Santo André. A polícia ainda investiga quem estaria dirigindo o veículo, mas acredita que ela e Carina estavam dentro.

Cinco minutos depois, o carro deixa o local. Entre o primeiro horário e as 21h44, o carro foi flagrado pelas câmeras saindo e entrando do condomínio três vezes.

19h38: Romuyuki chega em casa

O comerciante Romuyuki Gonçalves entra no condomínio - Divulgação/ Polícia Civil - Divulgação/ Polícia Civil
O comerciante Romuyuki Gonçalves entra no condomínio
Imagem: Divulgação/ Polícia Civil

Em meio às entradas e saídas de Ana Flávia, seu pai, o comerciante Romuyuki Gonçalves, chega no condomínio. Ele passa pelo portão do local às 19h38. O Palio prateado de Ana Flávia passa logo em seguida, colado ao veículo do pai.

Palio de Ana Flávia entra no condomínio colado no carro do pai - Divulgação/ Polícia Civil  - Divulgação/ Polícia Civil
Palio de Ana Flávia entra no condomínio colado no carro do pai
Imagem: Divulgação/ Polícia Civil

20h45: Carina é vista encapuzada

Carina é flagrada pelas câmeras entrando no condomínio pelo portão social a pé. Ela está encapuzada, o que chamou a atenção dos policiais pois fazia calor naquela noite. - Divulgação/ Polícia Civil  - Divulgação/ Polícia Civil
Carina é flagrada pelas câmeras entrando no condomínio pelo portão social a pé, com um capuz cobrindo parte do rosto
Imagem: Divulgação/ Polícia Civil

Minutos depois, a esposa de Ana Flávia, Carina Ramos, entra no condomínio pelo portão social a pé. Ela está encapuzada, o que chamou a atenção dos policiais, pois fazia calor naquela noite. Às 20h45, Carina aparece no bolsão do estacionamento do condomínio, de novo a pé.

Um minuto depois, o Palio prateado é visto novamente saindo do local. Carina sai do condomínio a pé, atravessa a rua, e o veículo a segue. Ela então entra no carro na rua Beija Flor, próxima ao condomínio. O carro em que as duas estariam volta ao condomínio cerca de uma hora depois.

22h18: Carro de Flaviana chega ao condomínio

Flaviana chega ao condomínio em seu carro, um Jeep azul-escuro - Divulgação/ Polícia Civil  - Divulgação/ Polícia Civil
Flaviana chega ao condomínio em seu carro, um Jeep azul-escuro
Imagem: Divulgação/ Polícia Civil

Às 22h18, o Jeep Compass azul-escuro de Flaviana Gonçalves, a mãe da família, chega no condomínio. Ela estava trabalhando em uma de suas lojas que fica em um shopping, segundo a polícia.

0h55: Homem na portaria na hora da saída dos carros

Jeep de Flaviana deixa o condomínio pela última vez antes de ser encontrado queimado; Palio de Ana Flávia saiu pouco antes - Divulgação/ Polícia Civil  - Divulgação/ Polícia Civil
Jeep de Flaviana deixa o condomínio pela última vez antes de ser encontrado queimado; Palio de Ana Flávia saiu pouco antes
Imagem: Divulgação/ Polícia Civil

As imagens repassadas à polícia mostram que uma pessoa parada na frente do condomínio, portando dois capacetes, um minuto antes dos carros de Flaviana e Ana Flávia deixarem o condomínio pela última vez, às 0h56 da terça-feira (28). Segundos depois, outra pessoa passa logo atrás empurrando uma motocicleta.

A polícia, com base no depoimento de uma testemunha que está sob proteção, acredita que um homem de 1,90 metro teria participado do crime.

A testemunha, diz a polícia, afirmou que viu um homem ajudando Carina e Ana Flávia a colocar algo no carro, que estava estacionado de ré na casa da família, dentro do condomínio. Não há informações, no entanto, de que esta seria a mesma pessoa flagrada pelas câmeras naquela madrugada.

Apesar de o porteiro ter afirmado aos investigadores que viu Flaviana saindo com seu carro naquele momento, a polícia afirma que não é possível confirmar essa informação até o momento.

2h30: Corpos carbonizados

Família Gonçalves - Reprodução/Facebook  - Reprodução/Facebook
Flaviana, o filho Juan, e o marido Romoyuki: os três foram encontrados mortos no porta-malas do carro da família
Imagem: Reprodução/Facebook

O carro da família foi localizado queimado, com os três corpos carbonizados, na Estrada do Montanhão, próximo ao Rodoanel, em São Bernardo do Campo.

Os depoimentos

Segundo a polícia, Ana Flávia foi interrogada de forma "exaustiva" após os corpos terem sido localizados (por volta das 2h30 da última terça). Ela passou mal enquanto conversava com os policiais, o que dificultou a extração de informações por parte dos investigadores. Ana Flávia sustenta que a família devia dinheiro a um agiota, e a morte poderia ter sido uma retaliação.

Ela e Carina sustentaram a mesma versão: estavam na casa da família dos pais e, após um telefonema que "deixou todos exaltados", teriam decidido deixar o local. Elas não souberam explicar o sangue encontrado na casa e nas roupas de Ana Flávia.

"Segundo elas o clima ficou ruim, e elas perceberam que tinham de se retirar", disse ontem o delegado Paul Henry Bozon.

A mãe, segundo Ana Flávia, iria pagar o agiota e depois partiria para viagem a Minas Gerais. As duas afirmaram que estavam na casa de Carina durante a noite, mas as imagens da câmera do condomínio mostram que elas estavam na casa das vítimas. A polícia considerou os depoimentos contraditórios e a versão "inverossímil".

Um minuto depois o Palio prateado e um Jeep azul-escuro (carro de Flaviana) cruzam o portão. O veículo seria visto horas depois totalmente carbonizado.

Errata: este conteúdo foi atualizado
A primeira versão deste texto afirmava que um homem estava parado na frente do condomínio segurando dois capacetes. Na verdade, duas pessoas foram flagradas pelas câmeras do condomìnio. Uma delas carrega dois capacetes, e a outra passa segundos depois empurrando uma motocicleta. O erro também foi reproduzido pela homepage do UOL.