Polícia acha sangue em roupas de principal suspeita de morte de família
Resumo da notícia
- Pai, mãe e filho foram achados mortos em um porta-malas de carro em São Bernardo do Campo
- A filha e sua esposa foram presas provisoriamente
- Polícia diz que achou sangue em roupas da filha
A Polícia Civil informou hoje que encontrou sangue em roupas que teriam sido usadas por Ana Flávia Gonçalves, 24, a principal suspeita de ter matado os pais e o irmão. Os corpos da família foram encontrados carbonizados em um porta-malas na madrugada da última terça-feira (28) em São Bernardo do Campo (SP).
Os investigadores encontraram manchas em vestimentas encontradas na casa da família morta, em um condomínio de Santo André. Segundo a polícia, as roupas são de Ana Flávia e teriam sido lavadas. As manchas, no entanto, foram identificadas, na altura do joelho e da genitália, por meio de produtos químicos reagentes.
Ana Flávia e a esposa Carina Ramos (de acordo com a polícia elas são casadas) tiveram a prisão decretada ontem. Elas são as principais suspeitas pela morte do pai de Ana Flávia, o comerciante Romuyuki Gonçalves; a mãe, Flaviana Gonçalves; e o irmão, Juan Gonçalves.
"O que nos surpreendeu foi essa mancha na região do joelho. Quando confrontada, Ana Flávia disse que toda mulher tem esse problema, que não significava nada. Estávamos suspeitando dela, e esse foi mais um elemento para pedirmos a prisão", disse o delegado Paul Henry Bozon, do Deic de São Bernardo do Campo.
Bozon também afirmou que os investigadores constataram que vários objetos foram roubados da casa, incluindo eletrodomésticos e dinheiro em espécie (R$ 8 mil e dólares não quantificados pela polícia).
Os delegados afirmaram, durante entrevista no Centro de Operações Integradas de Segurança em São Bernardo do Campo, que ainda não há respostas sobre a motivação do crime. "A linha de investigação é essa: uma morte de três pessoas com extrema crueldade, um crime premeditado, sem dúvida", disse Bozon.
Família carbonizada, mortes com golpes
Um laudo elaborado pela polícia mostrou que o casal e o filho, a despeito de terem sido encontrados carbonizados, foram mortos com golpes na cabeça, especificamente do lado direito. Segundo os investigadores, essa informação mostra que a pessoa que proferiu os golpes era canhota.
Outra questão investigada é se houve participação de outras pessoas no crime.
A polícia informou que uma testemunha, que está sob proteção, afirmou ter visto um homem de cerca de 1 metro e 90 ajudando a carregar o carro (um utilitário da Jeep) com o que seriam os corpos das vítimas. A polícia também trabalha com a possibilidade de que outras pessoas, além deste homem apontado, tenham participado do crime.
"Uma testemunha desmentiu tudo que elas falaram. Disseram que estavam sozinhas, que passaram a tarde sozinhas. Mas tinha mais uma pessoa, inclusive essa testemunha viu eles colocando o carro de ré na casa e carregando o carro", disse o delegado.
Os depoimentos
Segundo a polícia, Ana Flávia foi interrogada de forma "exaustiva" após os corpos terem sido localizados (por volta das 2h30 da última terça). Ela passou mal enquanto conversava com os policiais, o que dificultou a extração de informações por parte dos investigadores. Ana Flávia sustenta que a família devia dinheiro a um agiota, e a morte poderia ter sido uma retaliação.
Ela e Carina sustentaram a mesma versão: estavam na casa da família dos pais e, após um telefonema que "deixou todos exaltados", teriam decidido deixar o local.
"Segundo elas o clima ficou ruim, e elas perceberam que tinham de se retirar", disse o delegado Paul Henry Bozon.
A mãe, segundo Ana Flávia, iria pagar o agiota e depois partiria para viagem a Minas Gerais. As duas afirmaram que estavam na casa de Carina durante a noite, mas as imagens da câmera do condomínio mostram que elas estavam na casa das vítimas. A polícia considerou os depoimentos contraditórios e a versão "inverossímil".
As lacunas da investigação
Os policiais ainda não conseguiram encontrar os objetos que foram roubados das casas das vítimas, e há dúvidas sobre como os criminosos os teriam transportado.
Horas antes de os corpos serem localizados, por volta das 18h da segunda, Ana Flávia chegou ao condomínio em seu carro, um Fiat Palio. Não há confirmação se Carina está com ela neste momento. O carro fora flagrado entrando e saindo pelo menos três vezes do local, aproximadamente entre as 19h50 e 21h50 daquela noite.
Às 22h18, Flaviana, mãe de Ana Flávia, chegou ao condomínio. Os dois carros saíram juntos pouco antes da 1h de terça-feira. A polícia também não soube informar quem dirigia os veículos.
"Temos dúvidas se ela foi sequestrada ou se chegou em casa e se deparou com bandidos", disse Bozon.
O porteiro do prédio informou à polícia que Flaviana saiu dirigindo o carro naquela madrugada. Mas, para a polícia, essa versão não se sustenta. Segundo os policiais, a investigação deve agora focar nos celulares de Carina e Ana Flávia que foram apreendidos e nas outras pessoas que teriam participado do crime.
Também será feita uma perícia na casa da família para analisar a quem pertence o sangue e se há impressões digitais das suspeitas no local.
A reportagem tentou contato com o advogado de defesa das suspeitas, mas não houve retorno até a conclusão deste texto.
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