Polícia investiga ação que matou Adriano; secretário nega queima de arquivo
O secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, informou hoje que deve ser concluído em 15 dias um inquérito da Corregedoria da Polícia Militar sobre a operação que resultou na morte do ex-PM do Rio Adriano Magalhães da Nóbrega, na manhã de ontem, em Esplanada, município a 171 km de Salvador. Ele negou que a morte de um dos chefes do Escritório do Crime, milícia investigada por ligação com a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, seja "queima de arquivo".
Segundo a assessoria da pasta, a Corregedoria da PM vai apurar a conduta dos PMs envolvidos na ação. Uma investigação do Draco (Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado) da Bahia vai apurar suspeitas de que Adriano praticou lavagem de dinheiro na Bahia por meio de compras de terras e animais.
A operação que terminou com a morte de Adriano envolveu equipes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da Bahia, da Cipe (Companhia Independente de Policiamento Especializado) Litoral Norte, da Superintendência de Inteligência da Secretaria da Segurança Pública e agentes da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública da Bahia), Adriano estava escondido em uma propriedade na zona rural na cidade de Esplanada. No momento do cumprimento do mandado de prisão, ele teria reagido com disparos de arma de fogo e foi alvejado. De acordo com a SSP, o ex-PM chegou a ser levado para um hospital da região.
Segundo a polícia, Adriano portava uma pistola austríaca calibre 9 mm —além dela, foram encontradas duas espingardas e um revólver. Investigadores que participaram da operação também encontraram no imóvel 13 aparelhos celulares, que estavam escondidos em diferentes cômodos da casa.
Maurício Barbosa disse que a pasta foi procurada para dar auxílio à Polícia Civil fluminense há cerca de 15 dias. Inicialmente, a informação repassada era de que Adriano estava hospedado com a mulher e familiares em um condomínio de luxo na Costa do Sauípe, litoral norte baiano. O ex-PM fugiu dias depois, enquanto seus parentes retornaram para o Rio.
A partir de então, as forças de segurança da Bahia passaram a monitorá-lo até descobrirem seu paradeiro na chácara. "Estamos oferecendo todo o material apreendido para que a polícia do Rio continue a sua investigação", disse Barbosa.
"Queima de arquivo"
Na entrevista, Maurício Barbosa voltou a rechaçar ilações sobre uma possível "queima de arquivo".
"Isso aqui não é um achismo. Isso são conjecturas de pessoas que não participam e não participaram de uma ação policial. Queríamos essa pessoa presa, mas a escolha, infelizmente, não foi da nossa equipe. Foi de quem efetuou a resistência", declarou.
O advogado de Adriano, Paulo Emilio Catta Preta, afirmou que o miliciano e a atual mulher dele tinham certeza de que havia um plano de "queima de arquivo" em curso contra ele.
"Eu estranhei ele me ligar, porque nunca havíamos conversado. Me disse que estava ligando porque estava muito aflito, que tinha absoluta certeza de que iriam atrás dele não para prender, mas para matar", disse o advogado ao jornal O Estado de S.Paulo.
Catta Preta afirmou que mantinha contato com familiares de Nóbrega. E que, por isso, não havia conversado diretamente com seu cliente até quarta-feira passada (5).
O advogado nega que capitão Adriano, como o miliciano era conhecido, tivesse uma pistola austríaca calibre 9 mm. De acordo com a polícia da Bahia, o miliciano usou a arma para atirar nos policiais quando foi abordado na manhã de ontem. O advogado disse que tomará todas as "medidas cabíveis" para que a morte de seu cliente seja investigada de forma independente.
Até o início da tarde de hoje, o corpo de Adriano permanecia no IML (Instituto Médico Legal) de Alagoinhas, cidade vizinha a Esplanada, onde o ex-PM foi morto na manhã de ontem em um confronto com forças policiais baianas. A SSP-BA ainda não divulgou informações sobre quando ocorrerá o traslado do corpo de Adriano para o Rio de Janeiro.
Dono de chácara diz que sairá do PSL
Dono da chácara onde Adriano foi morto, o vereador Gilson Neto informou hoje deixará o partido na janela partidária deste ano, entre 5 de março até dia 3 de abril.
"Sairei porque a ideologia mudou. Quando eu entrei no partido, não havia alinhamento com o governo Jair Bolsonaro, mas sim com o governo do Estado. Mudou a ideologia, eu vou sair", disse o vereador, que ainda negocia em qual sigla ingressará.
Em nota, Lima afirmou que pediu à SSP-BA celeridade nas investigações. "É importante esclarecer o que fazia um criminoso procurado pela Justiça na minha propriedade", afirmou.
*Com informações do Estadão Conteúdo
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